28/04/2012
Disco The Number of the Beast, que alçou o Iron Maiden ao estrelato, completa três décadas.
Fãs recifenses tiveram, por duas vezes, a oportunidade de ouvir clássicos do disco.
Uma sequência de números. Uma referência ao Apocalipse, livro da Bíblia. A velha polêmica entre o bem e o mal, o sagrado e o satânico. Como seguisse uma profecia, o jovem Steve Harris, um músico e compositor de 25 anos nascido no Leste de Londres, Inglaterra, depois de assistir a filmes de terror, decidiu fazer uma canção usando no refrão um conceito escrito nas revelações de João Evangelista. Ele queria mostrar imagens de um sonho distorcido em um lugar enfumaçado, que poderia ser o inferno, e falar sobre a marca na mão direita ou na testa, o 666, o número da besta ou número do homem, criado por Deus no sexto dia. Na visão de algumas religiões, homem que carregasse esta marca seria o anticristo.
Na época, início de 1982, o líder e criador do Iron Maiden, banda britânica ainda candidata ao estrelato, nem imaginava que uma canção seria capaz de causar tanto impacto e mudar tantas coisas. De abril daquele ano até hoje, exatas três décadas depois, aquela música seguiu escalada de sucesso, virou clássico do rock e alavancou carreira da Donzela de Ferro rumo ao status de megabanda mundial.
Graças ao The number of the beast, Steve e seus companheiros passaram a viver rodeados de outros números. Cada vez maiores. O terceiro álbum de estúdio do Maiden vendeu até hoje a “bagatela” de 16 milhões de cópias, entre os mais de 100 milhões de discos comercializados pelo grupo em quase 40 anos de carreira. Chegou ao primeiro lugar nas paradas britânicas, levando a esse posto pela primeira vez; ganhou discos de platina nos Estados Unidos, Inglaterra e Canadá e está na lista de 1001 discos que você deve escutar antes de morrer, catálogo lançado em todo o mundo contendo uma relação de grandes álbuns de todos os gêneros, da década de 50 do século passado ao início os anos 2000. Como se não bastasse, o The number of the beast consolidou o time de Steve Harris como um dos mais bem-sucedidos em turnês pela Europa e Estados Unidos. Com a potência daquele disco, a Donzela estava pronta para conquistar o planeta.
O disco, hoje trintão e multiplatinado, começou a ser gravado no fim de 1981, no Batery Studios, em Londres. Pensando em alçar voos cada vez mais altos, Steve Harris, na época ladeado pelo inseparável companheiro e guitarrista Dave Murray e pelo grande Adrian Smith, co-autor de várias músicas, planejava temas épicos. Com o batera Clive Burr (atualmente internado com Esclerose Múltipla) eles precisavam de um vocalista capaz de tirar o Maiden da escala de banda promissora, após dois álbuns, com uma pegada beirando o punk, e levá-la a um ponto sem freios musicais, livre também dos obstáculos impostos pela vida desregrada do antigo vocalista Paul Di’ Anno. O recrutado foi Bruce Dickinson, da banda Samsom, que faria parte do mesmo movimento do Maiden, o New Wave British Heavy Metal, selo inventado pelas revistas especializadas do Reino Unido. Bruce Bruce, como era chamado até então, aceitou o convite de Rod Smallwood, empresário da Donzela, mas fez imposições: “Não corto o cabelo nem uso roupas de punk”, conta o vocalista no documentário The early years.
Com o quinteto pronto, era a hora de chamar o produtor e começar a compor, já que o estoque de músicas de Steve Harris tinha acabado com o álbum anterior, Killers. Martin Birtch, famoso por participar de álbuns como Machine head, do Deep Purple, assumia de um vez o comando da mesa de som. Com ele, a banda mostrou que o céu era o limite. Mas, antes, teve que passar por experiências estranhas, principalmente, para quem invoca o capeta no título do disco. “Os amplificadores falhavam e as luzes acendiam e apagavam sozinhas no estúdio. Algumas fitas sumiam, lembra Adrian Smith, no filme sobre o The number, feito para a série de DVDs Classic albuns. Mas a história mais interessante é a que Martin até hoje não consegue explicar direito. Ele saía do Batery Studios, depois de uma sessão de gravação, quando o carro bateu em um veículos com seis feiras e um padre dirigindo. Levou o automóvel ao conserto e quase caiu para trás. “A conta era de 666 libras. Não pude aceitar e disse que pagaria 667 ou 665.”
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