UFMG TESTA PROBIÓTICOS PARA O TRATAMENTO DE DOENÇAS CRÔNICAS

Belo Horizonte,    30/ABR/2014
A professora Ana Maria Caetano de Faria (E), coordenadora do projeto, acompanha Natália Pinheiro Rosa, graduanda em biologia, no teste com os animais.
Pesquisa desenvolvida no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG avalia a eficácia da aplicação de bactérias, fungos e leveduras geneticamente modificados contra Esclerose Múltipla, colite ulcerativa e outros males inflamatórios.
Doenças inflamatórias crônicas, a exemplo de esclerose múltipla, colite ulcerativa, diabetes, artrite e obesidade, podem ganhar novas terapias de tratamento. Pesquisa do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estuda a eficácia da aplicação de probióticos geneticamente modificados – como bactérias, fungos e leveduras – para combater sintomas dessas e de outras enfermidades degenerativas. Resultados positivos já foram alçados para casos de esclerose, doença inflamatória autoimune que destrói a bainha de mielina – estrutura que recobre as fibras nervosas – e paralisa as funções do corpo. Do mesmo modo, o estudo já comprovou eficiência no tratamento da colite ulcerativa, doença inflamatória que afeta o intestino e provoca perda de peso, cólicas abdominais e dificuldade na absorção de nutrientes.
Os testes com probióticos no Laboratório de Imunobiologia do ICB são feitos com camundongos e deve demorar alguns anos para que experimentos sejam feitos com humanos. Ainda não se sabe de que forma ele será administrado em pessoas, se na forma de um medicamento ou um simples iogurte, já que a bactéria usada nos experimentos é da espécie Lactococcus lactis, amplamente usadas em laticínios.

O processo de patenteamento já foi iniciado. Mas para qualquer produção em escala industrial é preciso ainda que laboratórios se interessem pelo estudo, desenvolvam um produto para uso humano e acompanhem a evolução dos testes. Se hoje houvesse patrocínio, os testes demorariam cerca de três anos. “O processo é longo e caro. A UFMG tem a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) que ajuda pesquisadores a fazer patentes e entrar em contato com laboratórios. Existem consórcios internacionais (conveniados no Brasil com a Finep, empresa pública ligada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação) com orçamento para levar a pesquisa para a etapa de teste clínicos em humanos”, ressalta a professora do Departamento de Bioquímica e Imunologia do ICB, Ana Maria Caetano Faria, coordenadora da pesquisa.

Apesar disso, a pesquisa aparece como uma esperança para quem sofre com os sintomas das doenças inflamatórias crônicas. Hoje, elas são tratadas com imunossupressores e outras medicações que têm alto custo ou apresentam efeitos colaterais graves. “Quando tivermos uma formulação para humanos, queremos testá-la em pacientes com doenças intestinais crônicas do Hospital das Clínicas, parceiro da UFMG”, explica a pesquisadora. Ela destaca ainda a importância do estudo diante do aumento das enfermidades inflamatórias de modo geral. “Essas doenças cresceram muito nos países emergentes e o Brasil está nesse grupo. A elevação de casos de diabetes, obesidade ou doenças inflamatórias intestinais tem relação direta com as mudanças de hábitos alimentares e de vida”, destaca. A Lactococcus lactis foi escolhida por sua segurança de uso e pela produção natural de fatores anti-inflamatórios no organismo. Existem vários micro-organismos não patogênicos presentes na microbiota do intestino humano, onde há cerca de trilhões de bactérias de 500 a 1.000 espécies diferentes.




Para alcançar o efeito desejado na terapia, a bactéria Lactococcus lactis sofre um pulso eletromagnético, recebe uma carga de material genético e começa a produzir uma proteína, chamada proteína de choque térmico, com alto poder anti-inflamatório. O processo é feito por profissionais do Laboratório de Genética Celular e Molecular do Departamento de Biologia, que são colaboradores da pesquisa. “Sozinha, a bactéria não teria o efeito desejado. Por isso ela é manipulada geneticamente, a ponto de começar a produzir essa proteína de choque térmico que atua no combate às doenças inflamatórias”, explica o biólogo, pesquisador e professor de genética do departamento, Anderson Miyoshi.

Ana Maria Faria explica a atuação da proteína no organismo. “Normalmente, ela já está presente em todo o corpo, mas em níveis mais baixos. Mas se apresenta em concentração maior nas situações de inflamação dos tecidos do corpo e, quando administrada por via oral, induz mecanismos anti-inflamatórios para pontos específicos onde ela está presente em altas concentrações”, afirma a cientista, destacando que, dessa forma, a proteína passa a gerar mecanismos para regular a inflamação.


Terapia age no foco do problema 


Para entender a atuação prática do probiótico modificado geneticamente, basta analisar os testes feitos com camundongos que receberam o antígeno da esclerose múltipla. Com o passar do tempo eles perderam o movimento do rabo, das patas traseiras e posteriormente das dianteiras, até parar de andar. A paralisia ocorreu devido a uma inflamação na bainha de mielina, estrutura do sistema nervoso que permite a condução rápida de impulsos nervosos e, consequentemente, dos movimentos. Depois de submetidos a doses da bactéria que produz a proteína de choque térmico, os animais retomaram os movimentos, já que a substância atua na desinflamação da bainha. Quando a aplicação do probiótico é feita antes do surgimento da doença, os sintomas nem mesmo aparecem. Ou seja, é possível prevenir a enfermidade. Quando já são notados, eles diminuem consideravelmente”, explica a coordenadora da pesquisa, Ana Maria Caetano Faria.

A terapia com probióticos se diferencia em relação aos tratamentos com imunossupressores por agirem no foco da inflamação. Já os medicamentos melhoram a doença, mas suprimem o sistema imunológico, o que torna a pessoa mais suscetível a infecções. Outro obstáculo no uso das drogas para tratamento da esclerose múltipla é a impossibilidade de se administrar os imunomoduladores e imunossupressores em situações como gestação, lactação, depressão, insuficiência cardíaca e hepática.

“Trabalhamos há mais de 20 anos no ICB/UFMG com o intuito de criar alternativas terapêuticas para doenças inflamatórias crônicas, principalmente as autoimunes, caso da esclerose múltipla. Essa foi a primeira, mas estamos testando em outras doenças, como artrite reumatoide – que afeta as articulações – e as doenças intestinais, como a doença de Crohn e a colite ulcerativa. Também já comprovamos, em experimentos com infecção por Salmonella, que o nosso probiótico não causa imunossupressão, pois ele não interfere na imunidade anti-infecciosa”, acrescenta a cientista.


Em todos os procedimentos desenvolvidos para esta pesquisa os animais são anestesiados. O artigo do estudo feito no caso da esclerose múltipla foi publicado no ano passado, enquanto o estudo da aplicação de probióticos nos casos de colite deve ir a publicação até o fim deste semestre.
Cientifiquês  - Glossário

 

Probióticos – micro-organismos vivos (como bactérias, fungos e leveduras) de atuação funcional benéfica no organismo, têm efeito sobre o equilíbrio bacteriano intestinal: controle do colesterol e de diarreias e redução do risco de câncer. Os probióticos podem ser componentes de alimentos industrializados presentes no mercado, como leites fermentados, iogurte, ou podem ser encontrados na forma de pó ou cápsulas.



 

Doenças autoimunes – doenças em que as pessoas têm uma reatividade imunológica aos componentes do próprio corpo, gerando inflamações, a exemplo do diabetes, da artrite reumatoide e da esclerose múltipla. Doenças inflamatórias crônicas – grupo de doenças inflamatórias de longa duração que causam lesão dos tecidos e órgãos, podendo ser de origem autoimune ou não, a exemplo da colite ulcerativa, da doença de Crohn, da obesidade, da aterosclerose e da esclerose múltipla.
 

Doenças degenerativas – doenças crônicas que levam a lesões nos tecidos e órgãos e perda de função, podendo ser inflamatórias ou não, a exemplo da doença de Alzheimer, da artrose, do glaucoma, da esclerose múltipla.

FONTE:http://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2014/04/28/interna_tecnologia,523077/ufmg-testa-probioticos-no-tratamento-de-doencas-cronicas.shtml
 

INEFICIÊNCIA DE ANTIBIÓTICOS PODE PIORAR SAÚDE MUNDIAL, ALERTA OMS

Infecções    30/04/2014 

Os antibióticos são considerados pela OMS um dos pilares de nossa saúde. 
Relatório alarmante da entidade afirma que resistência de antibióticos significa uma grave ameaça.


A resistência aos antibióticos deixou de ser uma ameaça e virou uma realidade, advertiu nesta quarta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS), ao destacar que infecções atualmente consideradas menores podem voltar a ser mortais.

O relatório alarmista da organização, o primeiro sobre a resistência aos antibióticos em escala mundial, afirma que "esta grave ameaça não é mais uma previsão, e sim uma realidade em cada região do mundo, afeta a todos, independente da idade ou país de origem". 

Os antibióticos são considerados pela OMS um dos pilares de nossa saúde, que nos permitem viver saudáveis por mais tempo. Mas o uso inapropriado os tornou praticamente ineficazes em um período de poucas décadas.

A menos que os diferentes atores envolvidos atuem em caráter de emergência e de maneira coordenada, o mundo prossegue para uma era pós-antibióticos, na qual infecções correntes e feridas menores, que durante décadas eram curadas com facilidade, podem voltar a matar — adverte o subdiretor geral da OMS para a segurança alimentar, Keiji Fukuda.

Se não adotarmos medidas significativas para prevenir melhor as infecções e modificar a forma como produzimos, prescrevemos e utilizamos os antibióticos, vamos perder pouco a pouco estes benefícios da saúde pública mundial e as consequências serão devastadoras — completa.

O documento, baseado em dados de 114 países, alerta que existe resistência a vários agentes infecciosos e insiste em sete bactérias resistentes, responsáveis por doenças graves como infecções hematológicas (septicemia), diarreias, pneumonias, infecções urinárias e gonorreia.

Segundo a OMS, os resultados "muito preocupantes" corroboram a resistência aos antibióticos, em particular aos considerados como "último recurso", utilizados contra certas bactérias resistentes. 

As ferramentas essenciais para lutar contra a resistência aos antibióticos, como sistemas elementares para assegurar o acompanhamento e vigilância do fenômeno, são insuficientes ou inexistentes em vários países, critica o organismo da ONU.


Aumento do risco de morte 


A OMS alerta para a generalização em todo o mundo da resistência aos carbapenemas, um tratamento de último recurso contra infecções potencialmente mortais causadas por uma bactéria intestinal corrente, a Klebsiella pneumoniae (causa importante de doenças contraídas em hospitais como a pneumonia, as infecções hematológicas ou as contraídas por recém-nascidos ou pacientes em cuidados intensivos).

Os especialistas também constataram uma forte resistência — em particular na África, sudeste da Ásia, América e Oriente Médio — da bactéria E. coli às cefalosporinas e fluoroquinolonas de terceira geração, dois tipos de antibióticos antibacterianos amplamente utilizados.

Nos anos 1980, quando foram introduzidas as fluoroquinolonas, a resistência era praticamente nula: atualmente o tratamento se tornou ineficaz para mais da metade dos pacientes em diversas partes do mundo. 

A OMS destaca ainda que o fracasso das cefalosporinas de terceira geração como tratamento de último recurso contra a gonorreia (doença venérea que infecta mais de um milhão de pessoas por dia) foi confirmado na África do Sul, Austrália, Áustria, Canadá, França, Japão, Noruega, Grã-Bretanha, Eslovênia e Suécia.

Em outro aspecto da questão, as infecções com estafilococo aureus (dourado) resistentes à meticilina alcançam 90% dos casos em certas regiões das Américas e 60% em algumas regiões da Europa. 

Como consequência da resistência aos antibióticos, "os pacientes ficam doentes por mais tempo e aumenta o risco de morte". As pessoas infectadas com estafilococo dourado resistente à meticilina apresentam, por exemplo, um risco de morte 64% mais elevado que aquelas que apresentam uma forma não resistente da infecção.

Para a OMS, o uso inapropriado dos antibióticos é uma das principais causas da resistência: nos países pobres, as doses administradas são muito pequenas e nos países ricos o uso é excessivo. A OMS denuncia também a falta de vigilância da utilização dos antibióticos em animais destinados ao consumo.

O relatório foi divulgado em conjunto com o lançamento de uma campanha mundial da OMS para combater a resistência aos medicamentos. A organização recomenda, em particular, a adoção de sistemas para monitorar o fenômeno, prevenir infecções e desenvolver novos antibióticos.

A organização destaca que cada pessoa pode contribuir na luta contra a resistência, com o uso de antibióticos apenas com receita médica e a conclusão do tratamento indicado, mesmo quando o paciente sente que está melhor, e jamais compartilhar antibióticos com terceiros. 

FONTE:http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/vida/noticia/2014/04/ineficiencia-de-antibioticos-pode-piorar-saude-mundial-alerta-oms-4488359.html#cxrecs_s

 

PRESTE ATENÇÃO NOS SINAIS QUE A BOCA DÁ PARA A SAÚDE DO ORGANISMO

Publicada em 18/04/2014


A saúde bucal não pode e nem deve ser separada da saúde geral do organismo. Nossa boca é continuamente desafiada por infecções causadas por bactérias, vírus e fungos.
Autoexame pode prevenir doenças mais graves como o câncer bucal e HPV.


A saúde bucal não pode e nem deve ser separada da saúde geral do organismo. Nossa boca é continuamente desafiada por infecções causadas por bactérias, vírus e fungos. "Qualquer lesão na mucosa da boca pode ser contaminada por micro-organismos presentes na boca ou adquiridos de outras pessoas, aumentando o risco de doenças, desde uma DST até problemas circulatórios", explica a dentista Amália Rodrigues Martins. Afta, herpes, excesso de saburra e outros problemas de saúde, que começam na boca, podem denunciar que seu corpo pede cuidados.

A boca abriga uma grande quantidade de micro-organismos que residem na superfície dos dentes, nas próteses ou na própria mucosa, formando um ecossistema chamado biofilme, que nada mais é do que a conhecida placa bacteriana. As bactérias podem causar doenças locais, como a cárie, a gengivite e a periodontite. Mas também podem desencadear problemas em outras partes do corpo. "Elas podem penetrar nos tecidos e na corrente sanguínea, liberando substâncias tóxicas e estimulando uma inflamação e até uma infecção grave", diz ela. A seguir, a especialista mostra quais os alertas que sua boca dá e como preveni-los.  

Saburra

Também conhecida por biofilme lingual, a saburra é composta por células descamadas, restos alimentares e bactérias no dorso da língua, podendo ter a coloração esbranquiçada, amarelada ou amarronzada. A saburra lingual pode acontecer quando há a diminuição da produção de saliva ou a descamação de pele da mucosa bucal acima do normal. Essa formação é mais intensa nas pessoas que estão com o fluxo salivar diminuído, o que pode acontecer em situações de estresse, ingestão de certos medicamentos, respiração bucal, ronco, uso de enxaguantes bucais com álcool, uso de aparelhos ortodônticos, entre outros. "A diminuição do fluxo salivar é comum em diabéticos, a descamação da língua pode ser encontrada em pacientes com rinites ou sinusite", ressalta a dentista Vivian Farfel, de São Paulo. Fora as situações de estresse e ansiedade, que podem causar um aumento da viscosidade salivar, causando a saburra.
"A saburra é uma das principais causadoras do mau hálito", explica a dentista Amália Rodrigues Martins. Ela explica que as bactérias presentes na saburra vão degradar proteínas, produzindo compostos sulfurados, responsáveis pelo mau hálito. Além disso, entre as bactérias presentes na saburra lingual estão algumas espécies capazes de causar doenças como a gastrite, pneumonia, endocardite bacteriana, parada cardíaca, acidente vascular cerebral e a doença periodontal. "A saburra também pode ser o sinal de doenças mais graves, como escarlatina, icterícia e deficiência grave de vitaminas do complexo B", afirma a dentista Vivian.

A escovação dos dentes e a limpeza diária da língua são importantes para a eliminação desses micro-organismos. A higienização deve ser feita com a escova de dente e raspadores ou limpadores de língua. Se mesmo com a limpeza adequada os sintomas persistirem, procure um profissional em odontologia e exponha seu problema.



Feridas e bolhas

Muitas pessoas sofrem com bolhas na boca, que podem ser encontradas em todas as faixas etárias. Podem ocorrer em qualquer região no interior da boca - lábios, língua ou ao longo dos cantos da boca. "As bolhas podem ser causadas por doença inflamatória do intestino, reações alérgicas a certos alimentos, fármacos e produtos químicos, dermatite de contato, impetigo, estresse e queda de imunidade", explica o gastroenterologista Eduardo Berger, de São Paulo. Já as feridas na boca comumente são causadas por aparelhos ortodônticos, ingestão de alimentos ácidos, tabaco de mascar, mordidas na gengiva ou lábios, dentes quebrados e queimaduras.
Há também aquelas feridinhas e pequenas bolhas que marcam presença nas situações de estresse e aparentemente não têm causa específica. No entanto, elas podem ser um sintoma de herpes, doença causada por variações do vírus Herpesvirus hominis (HVH). A herpes é uma doença contagiosa, cuja transmissão ocorre geralmente na infância. O que acontece é que, após o contágio inicial, o vírus fica latente no organismo, podendo se manifestar em intervalos variáveis, principalmente na puberdade e vida adulta. "Entre os fatores relacionados com as recorrências de herpes podemos citar a exposição excessiva ao sol ou a radiação ultravioleta, temperaturas baixas, febre, infecções, estresse físico ou mental, distúrbios gastrointestinais, gripes, resfriados, menstruação, gravidez e uso de corticoides", explica a dentista Amália. Sendo que nas pessoas com deficiências imunológicas, a doença pode causar sérias complicações, pois o organismo tem a resistência muito baixa, ficando mais vulnerável a infecções. O ideal é procurar atendimento assim que aparecerem os primeiros sinais: coceira, irritação e inflamação acompanhada das feridas e bolhas.

Se você suspeita de herpes, é importante procurar um médico e seguir alguns cuidados especialistas, como não tocar na ferida, beijar pessoas ou ter relações sexuais orais. Evite também compartilhar objetos como copos e garrafas. "Se tocar nas feridas, lave as mãos imediatamente com água e sabão, uma vez que a manipulação das lesões pode levar à contaminação de outras regiões, como pele, olhos e área genital", afirma Amália. Além disso, as bolhas rompidas liberam líquido altamente infectante. É preciso secar a região com gaze ou lenços descartáveis. As lesões também podem ser lavadas com água e sabão.




Aftas

As feridas branco-amareladas com contorno avermelhado que aparecem na língua, lábios, parte interna das bochechas e garganta são lesões extremamente dolorosas. No geral, as aftas desaparecem em uma ou duas semanas sem deixar cicatriz. "Porém, algumas pessoas apresentam aftas grandes, que demoram até seis semanas para cicatrizarem em função da imunidade baixa", explica o gastroenterologista Eduardo. Muito comuns em pré-adolescentes, adolescentes e adultos jovens, as aftas não são contagiosas, e as causas para a sua formação não são completamente conhecidas - é sabido que elas estão relacionadas com um sistema imunológico deficiente. No entanto, aftas recorrentes assim como apresentar muitas aftas ao mesmo tempo são casos que precisam ser investigados por um médico. Segundo o especialista, fatores como o estresse, alterações hormonais, alergias a alimentos, traumas físicos causados por mordidas, alimentos pontiagudos, certos tratamentos de quimioterapia, medicações, hérnia de hiato com refluxo esofagiano e consumo de alimentos ácidos podem levar ao surgimento das aftas.

Não existe nenhum tratamento definitivo para essas feridas, pois nenhuma substância cura a lesão de um dia para outro. Para minimizar a dor, o ideal é evitar alimentos muito temperados, salgados e ácidos. Outros tratamentos paliativos são pomadas a base de corticoides tópicos em formulações próprias para o uso na mucosa oral. No entanto, o gastroenterologista Eduardo diz que essas medidas são tomadas apenas para acelerar o processo de cicatrização ou evitar a dor, uma vez que elas tendem a desaparecer. "É importante também manter a higiene do local, usando um cotonete com soro fisiológico ou então apenas água", completa.



 
 

Manchas brancas e feridas que não cicatrizam

"Toda lesão que não cicatriza em duas semanas tem que ser rapidamente diagnosticada", alerta a dentista Eliana Avelãs, especialista do Portal Minha Vida. Segundo a especialista, feridas que não cicatrizam podem ser um sinal de câncer de boca. "Também podem surgir lesões superficiais e indolores, que sangram ou não, e manchas esbranquiçadas nos lábios ou na mucosa bucal", completa a dentista Vivian.

O câncer bucal pode afetar a mucosa bucal, gengivas, o céu da boca, língua, assoalho da boca, o céu da boca e os lábios. Em seu estágio avançado, a doença caracteriza-se pela dificuldade no falar, mastigar e engolir e até o emagrecimento acentuado, dor e presença de caroço no pescoço. Entre os fatores de risco para a doença estão tabagismo, uso do álcool, exposição solar exagerada, má higiene bucal e uso de próteses dentárias mal ajustadas. "Além do controle dos fatores de risco, o autoexame e controle profissional realizado por um dentista são fundamentais na prevenção da doença", alerta a dentista.

  

Mau hálito

A principal causa de mau hálito é a má higiene bucal, que causa formação de saburra na língua.  "Entretanto, doenças como gengivite e outras inflamações na via oral também estão entre causas mais frequentes de halitose, uma vez que são consequência da falta de higiene bucal", explica o gastroenterologista Guilherme Andrade, do Hospital 9 de Julho. Doenças como gastrite por Helicobacter pylori e refluxo gastroesofágico também geram o mau hálito, assim como as doenças do trato respiratório superior, por exemplo sinusite, rinite alérgica, amidalite e laringite - essas últimas geram um odor de muco, por conta da concentração de catarro.
Outras doenças podem causar o mau hálito, como diabetes, insuficiência hepática, insuficiência renal, câncer de estômago e insuficiência cardíaca. Se você quiser ler mais informações sobre o assunto, leia aqui sobre as doenças que causam mau hálito.


Verrugas

Caracterizadas por pequenos crescimentos não dolorosos na pele, as verrugas podem ser inofensivas. Entretanto, elas podem ser um indicativo de HPV, o Papilomavirus humano. "O principal sintoma do HPV são as verrugas achatadas e esbranquiçadas, com um formato bem peculiar de 'crista de galo'", afirma a dentista Vivian Farfel. As verrugas decorrentes do HPV podem aparecer nas pontas das papilas da gengiva, na língua, bochecha, garganta e no palato.
Caso você suspeite de HPV, procure um médico ou dentista para que ele possa examinar o local e encaminhar você para fazer os exames necessários. A doença pode ficar latente no corpo durante muitos anos, sem apresentar qualquer sintoma, e a principal via de transmissão é sexual. Se não for tratado, o HPV bucal pode causar sérias complicações, como câncer de garganta.

 

Boca seca

Existem algumas doenças autoimunes que podem deixar a boca seca, como síndrome de Sjögren, diabetes tipo 1, esclerose múltipla, esclerodermia, psoríase e doença inflamatória intestinal. Segundo a dentista Vivian Farfel, a xerostomia (boca seca) pode também pode ser uma consequência de deficiências nutricionais, como a falta de vitamina A ou B2. "Hipotireoidismo, sarcoidose, depressão, ansiedade, amiloidose, fibromialgia, miastenia gravis, neuropatia autonômica, bruxismo e infecção pelo HIV também são doenças que tem como consequência a xerostomia", afirma a dentista Eliana. Radioterapia na região de cabeça e pescoço pode ter a boca seca como efeito colateral, mas isso deve ser acompanhado com o médico oncologista ou radioterapeuta. Caso você sofra com a xerostomia de forma persistente e sem motivo aparente, procure um dentista para avaliar a causa e buscar um tratamento.


Gengiva inflamada

De acordo com Eliana Avelãs, as inflamações na gengiva também merecem atenção, uma vez que podem indicar desde traumas até infecções. Alguns medicamentos, como fenitoína, ciclosporina e bloqueadores dos canais de cálcio podem causar inflamações na gengiva - caso tenha dúvidas, converse com seu médico sobre esses efeitos. Além disso, afirma a dentista, condições hormonais como gravidez, menopausa e uso de anticoncepcionais também pode agravar a gengivite. "Caso a inflamação venha acompanhada de outros sintomas, como sangramentos e crescimentos anormais, procure um profissional para investigar o problema", afirma.


Faça o autoexame da boca

A finalidade do exame é identificar anormalidades existentes na mucosa bucal, que alertem a pessoa que o organismo não anda bem e a façam procurar um dentista ou um medico. O que procurar:
- Mudanças na aparência dos lábios e parte interna da boca
- Endurecimentos
- Caroços
- Feridas
- Sangramentos
- Inchações
- Áreas dormentes
- Dentes amolecidos ou quebrados


Siga o passo a passo para fazer o autoexame da boca:

- Lave bem a boca e remova as próteses dentarias, se for o caso.
- De frente para o espelho, observe a pele do rosto e do pescoço. Veja se encontra algum sinal que não tenha notado antes. Toque suavemente, com a ponta dos dedos, todo o rosto.
- Puxe com os dedos o lábio inferior para baixo, expondo a sua parte interna (mucosa). Em seguida, apalpe todo o lábio. Puxe o lábio superior para cima e repita a palpação.
- Com a ponta de um dedo indicador, afaste a bochecha para examinar a parte interna da mesma. Faça isso nos dois lados.
- Com a ponta de um dedo indicador, percorra toda a gengiva superior e inferior.             
- Introduza o dedo indicador por baixo da língua e o polegar da mesma mão por baixo do queixo e procure palpar todo o assoalho da boca.
- Incline a cabeça para trás, e abrindo a boca o máximo possível examine atentamente o céu da boca. Apalpe com um dedo indicador todo o céu da boca, em seguida diga "AAAA" e observe o fundo da garganta.
- Ponha a língua para fora e observe a sua parte de cima. Repita a observação com a língua levantada até o céu da boca. Em seguida, puxando a língua para a esquerda, observe o lado direito da mesma. Repita o procedimento para o lado esquerdo, puxando a língua para a direita.
- Estique a língua para fora, segurando-a com um pedaço de gaze ou pano, e apalpe toda a sua extensão com os dedos indicadores e polegar da outra mão.
- Examine o pescoço. Compare os lados direito e esquerdo e veja se a diferença entre eles. Depois, apalpe o lado esquerdo do pescoço com a mão direita. Repita o procedimento para o lado direito, apalpando-o com a mão esquerda. Veja se existem caroços ou áreas endurecidas.
- Finalmente, introduza um dos polegares por debaixo do queixo e apalpe suavemente todo o seu contorno inferior.  

ESCLEROSE MÚLTIPLA É A 2ª CAUSA DE INCAPACITAÇÃO DO JOVEM

10/04/2014

Distúrbio neurológico ainda é desconhecido da maioria da população e desafia a medicina, não somente na descoberta da causa, mas na forma de tratamento.


Pergunte a uma pessoa na rua o que é Esclerose Múltipla. As respostas vão variar, mas 70% delas dirá tratar-se de uma doença da terceira idade, associada a quadros de demência.


Esse fato, constatado por uma pesquisa Ibope, ajuda a elucidar a atmosfera de desconhecimento que envolve a doença. Por isso, um dado como o que será apresentado a seguir, soa assustador:

 A Esclerose Múltipla é a segunda maior causa de incapacitação do jovem, perdendo apenas para os traumas (consequência de acidentes e episódios violentos).
 
A Esclerose Múltipla é um desafio para a medicina. Doença neurológica autoimune, de causas desconhecidas, atinge uma região chamada bainha de mielina, responsável pela transmissão de estímulos elétricos.


Daí nascem os sintomas mais comuns: visão dupla, rigidez, fraqueza, falta de equilíbrio, dormência, dor, problemas no controle da bexiga e intestinos, fadiga, entre outros. Apesar de tratável, não tem cura e atinge cerca de 35 mil pessoas no Brasil e 2,5 milhões no mundo.


Além do desafio no diagnóstico, que pode levar anos, a doença tem um tratamento baseado em injeções, que visam, principalmente, reduzir o número de surtos.

Porém, há anos ONGs e associações de classe lutam pela incorporação de um medicamento oral, que pode retardar a evolução da doença e melhorar a qualidade de vida. O fármaco, denominado Fingolimode, já foi aprovado pela ANVISA, mas ainda não está disponível no SUS.


Incorporação de tratamento oral está em fase de consulta pública.

Apesar de aprovado pela ANVISA, o medicamento oral precisa da aprovação da CONITEC - órgão que regula a incorporação de novas tecnologias - para fazer parte da lista do SUS.


Recentemente, a Comissão avaliou a inclusão do Fingolimode e levou a decisão para consulta pública. Nesse mecanismo, o cidadão comum pode opinar sobre as decisões do governo, durante um período de tempo determinado. O principal objetivo é tornar o parecer mais democrático e transparente.

BRITÂNICOS SÃO LÍDERES NO CONSUMO DE R4EMÉDIOS ANTICOLESTEROL

Estatinas   09/04/2014

Estatinas são medicamentos inibidores da HMG-CoA, enzima do fígado que produz o colesterol. 
No Reino Unido, uma em cada quatro pessoas é obesa.


Sete milhões de britânicos consomem estatinas, o que transformou o Reino Unido, país de cafés da manhã fartos e da cerveja servida em copos de meio litro, no líder europeu no consumo destes medicamentos contra o colesterol.

O Reino Unido é também o país mais "pesado" da Europa: um em cada quatro britânicos (24,8%) é obeso, segundo informe da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE). 

O castigo é severo, uma vez que os britânicos não se comportam tão mal: embora bebam mais que na maioria dos países mais ricos, o fazem menos que os franceses; fumam menos do que os espanhóis e gregos e fazem mais exercícios do que a maioria.

No entanto, sofrem mais do coração do que todos eles, com 113 mortes por infartos por 100 mil habitantes.

Eu sei lá, talvez seja algo genético — ri Alwyn Daniel, de 53 anos, morador dos arredores de Londres que toma estatinas há dois anos, desde que suas taxas de colesterol dispararam.

O colesterol alto não dói, mas o meu pai morreu aos 62 anos de ataque cardíaco, tenho um histórico familiar de doenças do coração e comecei a tomá-las porque o médico pensou que seria uma boa ideia — explica.


Das estatinas à eternidade 


As estatinas são medicamentos inibidores da HMG-CoA, enzima do fígado que produz o colesterol.
Há dez anos eram prescritas a quem tivesse 30% de riscos de sofrer um infarto nos 10 anos seguintes. O percentual já foi reduzido a 20% e pode voltar a baixar para 10%.

Esta foi a recomendação feita recentemente pelo NICE, organismo encarregado de estabelecer os padrões de qualidade do serviço de saúde pública (NHS). Se for aceita, isto representaria aumentar a 12 milhões o número de britânicos que ingerem estatinas ou um em cada quatro adultos.

A principal razão pela qual as estatinas são receitadas é porque há provas de que são altamente eficazes — explica à AFP Maureen Talbot, da British Heart Foundation.

O risco de sofrer um infarto é determinado pelo médico de família. Em um programa de computador, ele introduz variáveis como idade, peso, altura, histórico familiar, se o paciente é fumante e seus níveis de colesterol.

Seu risco é de 12%, mas baixaria a 9% se tomasse estatinas. Mas antes de receitar qualquer coisa, pare de fumar, o percentual diminuiria para 7% ou 8% — diz um médico ao jornalista da AFP que se submeteu à avaliação. 

Respondendo àqueles que dizem que as estatinas são receitadas com muita facilidade e que dão a mensagem errada - "continuem castigando o seu corpo, senhores", diz Talbott -, os médicos recomendam antes mudar os hábitos.

Estou certa de que há um grupo de pessoas que acreditam que as estatinas curam tudo e podem fazer o que quiserem, mas é uma minoria — afirma Talbot.

Não vou comer uma torta de creme só porque tomo os comprimidos — confirma Alwyn Daniel.
Os efeitos colaterais das estatinas geram polêmica. Estima-se que possam afetar o fígado e facilitar o aparecimento da diabetes.

Christophe, um francês de 54 anos que não quis revelar seu sobrenome, começou a tomá-las há seis anos, mas parou há alguns meses, depois que teve diagnosticada uma hepatite, não relacionada com as estatinas, segundo ele.

Superados os problemas hepáticos, o médico voltou a receitá-las porque estava com o colesterol alto. 

Sinto um pouco de náuseas, mas nada sério. E dois meses depois de começar a tomá-las, meu colesterol voltou aos níveis normais, sendo assim devem funcionar — conta à AFP.


Save the English breakfast! 


A discussão sobre as estatinas ganhou protagonismo nas últimas semanas. Todos concordam em que os medicamentos reduzem o colesterol, mas muitos se questionam se esta não seria a batalha errada.
O professor Rory Collins, da Universidade de Oxford, acusa os céticos de pôr em risco a vida de muitas pessoas.

Provavelmente estão matando mais pessoas do que outros artigos irresponsáveis — declarou ao jornal The Guardian em alusão a dois artigos publicados no British Medical Journal duvidando do medicamento.

A intervenção mais chamativa na polêmica veio de um cirurgião vascular que tomou estatinas durante oito anos e acabou abandonando-as.

"Cheguei à conclusão de que as estatinas não iam me salvar de um infarto e que meus níveis de colesterol são irrelevantes", escreveu o doutor Haroun Gajraj em artigo de opinião publicado no The Daily Telegraph.

"O colesterol alto foi durante tempo demais um bode expiatório. Em algumas circunstâncias pode ser indicador de doença coronariana, mas não há provas de uma relação causal", acrescentou.

"Após décadas de demonização, as gorduras saturadas foram absolvidas" de provocar infartos, disse Gajraj, citando um informe recente da Universidade de Cambridge, e explicando que voltou a comer ovos, manteiga e carne tranquilamente.

Da mesma opinião é a Fundação Weston A.Price, que defende resgatar a antiga dieta dos bons alimentos gordurosos naturais e desviar os esforços para combater as gorduras hidrogenadas e a comida industrializada.

Os ovos, o leite, a manteiga eram "considerados por nossos ancestrais essenciais para que as crianças fossem saudáveis" e foram perdendo protagonismo por culpa dos "dietocratas", disse Philip Ridley, da fundação.

Enquanto nutricionistas, médicos, revistas e governos tentam chegar a um consenso, os pacientes já sabem.

Não custa muito tomar um comprimido por dia — sentenciou Alwyn, minimizando a polêmica.

É melhor tomar um remédio preventivo do que ter um infarto — completou Christophe.

FONTE:http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/bem-estar/noticia/2014/04/britanicos-sao-lideres-europeus-no-consumo-de-remedios-anticolesterol-4470032.html

 

JUSTIÇA LIBERA REMÉDIO DERIVADO DA MACONHA PARA TRATAMENTO DE MENINA


04/04/2014 16h38 - Atualizado em 04/04/2014 16h41
Anny, de 5 anos, tem uma doença rara, que provoca muitas convulsões e o único remédio que funciona era ilegal no Brasil. 


A Justiça liberou, na quinta-feira (3), que os pais de Anny importem o medicamento Canabidiol (CBD), que tem substâncias derivadas da maconha e é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil. Você viu no Fantástico de 30 de março, a luta da família da menina.

A decisão judicial foi concedida pelo juiz Bruno César Bandeira Apolinário, da 3ª Vara Federal de Brasília e impede a agência de barrar a importação do produto, que é legalizado nos Estados Unidos.


Confira abaixo a matéria que foi exibida no Fantástico: 

 
Anny, de 5 anos, tem uma doença rara, que provoca muitas convulsões. Só um remédio funciona, mas é ilegal no Brasil, porque é derivado da maconha.

Se você fosse a mãe ou pai da menina, importaria o remédio mesmo assim?

Um casal brasileiro decidiu que faria exatamente isso. E um documentário conta a história deles.

“Anny, 5 anos, é a minha filha. É portadora de patologia muito rara, apresenta quadro clínico com distúrbio psicomotor decorrente de uma patologia cerebral. E que, dentre os sintomas, tem crises convulsivas resistentes a todas as medicações possíveis no país. Justifico a solicitação de Canabidiol baseado nos itens acima”, diz Katiele Fischer, mãe da Anny, em um documentário.

“Quando a gente ficou sabendo do CBD, que nós decidimos importar, nós tínhamos a consciência que era um produto derivado da Cannabis Sativa e por esse motivo ilegal no país. 

Mas o desespero de você ver a sua filha convulsionando todos os dias a todos os momentos, nós resolvemos encarar e trazer da forma que fosse necessária, mesmo que fosse traficando”, conta a mãe da Anny.

A compra é ilegal porque o Canabidiol, ou CBD, é uma das mais de 400 substâncias encontradas na Cannabis Sativa, a maconha. Só que, muito diferente da droga fumada, o composto não altera os sentidos, nem provoca dependência.   

O documentário lançado essa semana é parte de uma campanha e de uma discussão que envolve preconceito, ciência e saúde: o uso medicinal da maconha. Os pais de Anny descobriram o CBD na internet em uma busca desesperada.

“Nós já tínhamos tentado de tudo. Nós já tínhamos tentado todas as medicações, nós já tínhamos tentado uma cirurgia. E essa era a nossa luz do fim do túnel”, conta Katiele.

A Anny chegou a ter tantas convulsões em um único dia que o Fischer e a Kati perdiam as contas. Para ter como explicar a situação para os médicos nas consultas, eles decidiram marcar as crises em tabelas. São páginas e mais páginas de sustos, de tristeza, mas também de alegrias e de esperança.

Os quadradinhos pintados que marcavam cada convulsão e enchiam as tabelas foram diminuindo a partir de novembro de 2013, quando Anny começou a tomar o derivado da Canabis.

“A primeira dose que nós demos pra ela, não foi só a dose. Foi uma dose com uma carga de esperança tão grande que a gente deu para ela chorando”, conta a mãe, emocionada.

“A gente chegava perto da Anny, falava o nome dela e ela olhava a gente nos olhos. Isso não tem palavras. Vale qualquer sacrifício, qualquer esforço, você saber que ela voltou a te olhar nos olhos”, afirma o pai, Norberto Fischer, professor.

Voltou também a comer e não depender mais de sondas para se alimentar, ganhou força e condições melhores para fazer fisioterapia. São efeitos do Canabidiol.

Ele e outros derivados da maconha já são usados em vários países da Europa e em boa parte dos Estados Unidos para tratar doenças como Parkinson, esclerose múltipla e combater sintomas da Aids e do câncer.

O pesquisador José Alexandre Crippa da USP, de Ribeirão Preto, é um dos poucos que conseguiram autorização para trazer e estudar o CBD no Brasil.

“Eu sou totalmente a favor do uso medicinal do Canabidiol e sou absolutamente contra o uso da maconha da forma fumada, porque não se sabe a quantidade que tem de Canabidiol”, explica Crippa.

Mas ele defende o uso de derivados que estão beneficiando pacientes como Anny. “Essa menina passou de 80 crises até zero crise, 80 crises por semana até zero crise por semana, o que é absurdo em termos clínicos, ainda mais se considerando que é um tipo de epilepsia muito grave” diz José Alexandre.

Os pais da Anny não são os únicos a olhar para o Congresso, para as autoridades, à Justiça com expectativa. Para outros brasileiros, a legislação criada com o argumento de proteger a saúde acabou se transformando em uma barreira de preconceito que impede o avanço da ciência e da medicina.

As mães de outras crianças que sofrem de síndromes raras que provocam convulsões estão cheias de perguntas.

“Por que esses remédios que causam cegueira parcial pode e o Canabidiol não pode? Esses remédios que elas tomam, além de serem fortíssimos, os efeitos colaterais são horríveis”, diz a advogada Margarete Brito.

Além de indignação elas têm pressa e vontade de experimentar o que pode trazer alívio.

“O risco é que nossos filhos possam entrar em crises convulsivas prolongadas e isso pode gerar a morte. A gente não tem mais tempo para esperar por isso”, afirma a enfermeira Samar Duarte.

Fantástico: Você queria experimentar?
Aline Voigt Nadolni, engenheira: Muito. A gente sabe que cada semana é preciosa. A gente vê a nossa filha piorando a cada semana.

No Paraná, os pais da Alana estão se arriscando para tratar a filha com o CBD que trazem dos Estados Unidos, onde ele é vendido como suplemento alimentar.

“Ele não é uma droga e sim uma terapia medicinal. Eu perguntava para Silvana: ‘nossa, será que nós vamos ser contra a lei? Será que eu estou fazendo o certo?’. Olhando para minha filha tendo crise, chegou um dia que eu falei: ‘não, eu vou ter que encarar tudo isso’”, argumenta o empresário Leandro Name Utrabo.

Para a Associação Brasileira de Psiquiatria, ainda faltam evidências de que o Canabidiol funcione e não traga prejuízos à saúde. A Anvisa, a agência que regula medicamentos, proíbe o uso dos derivados da maconha. A brecha é pequena.

“Em casos extremos, em que já se tentou vários tratamentos e não se teve sucesso, pode ser que fazendo uma solicitação judicial se consiga uma autorização de exceção para importar e utilizar essa droga”, explica Frederico Garcia, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

É o que os pais de Anny vão fazer. Nesta segunda-feira (31), entram com uma ação na Justiça para terem o direito de importar, legalmente, o medicamento para a filha. E vão divulgar o documentário para trazer à tona um assunto envolto em polêmica, falta de informação e muito sofrimento.

CLIQUE NO LINK E VEJA O VÍDEO




 

VACINA CONTRA HPV VOLTA A SER ALVO DE POLÊMICA NA FRANÇA

Artigo publicado em 02 de Abril de 2014 - Atualizado em 02 de Abril de 2014 

30 milhões de meninas em mais de 40 países devem ser vacinadas até 2020.  


A vacina Gardasil, usada para prevenir a transmissão do vírus HPV, causador do câncer de colo de útero, é novamente alvo de polêmica na França. Vinte e cinco novas queixas serão adicionadas ao caso até o fim de abril, informou nesta quarta-feira (2) em Paris Jean-Christophe Coubris, advogado da primeira vítima a entrar na justiça após sofrer efeitos colaterais do medicamento em novembro passado. O Gardasil é comercializado pela empresa franco-americana Sanofi Pasteur MSD (Merck).

Camila César, em colaboração para a RFI

De acordo com o advogado, o ponto em comum entre todos os casos é o curto período entre a injeção do medicamento e o aparecimento dos primeiros sintomas. As doenças que foram constatadas com mais frequência foram ESCLEROSE MÚLTIPLA, lúpus, enxaqueca, além de dores musculares e fadiga crônica.

Recentemente, uma petição lançada pela Associação Med’Océan do médico Philippe de Chazournes e assinada por mais de 500 profissionais pediu uma missão parlamentar sobre a vacina. O motivo é a previsão de duplicar dentro de cinco anos o número de adolescentes imunizadas.

Segundo o Sanefi Pasteur MSD, o Gardasil possui uma taxa de eficácia de 97% quando aplicado em meninas que nunca foram infectadas pelo vírus HPV. O médico e diretor-adjunto de assuntos médicos do laboratório, Andre Dahlab, discorda e alega que existem diferentes interpretações sobre o cálculo da eficácia da vacina.

As novas queixas contra o laboratório Sanofi Pasteur e a Agência nacional francesa de medicamentos (ANSM) serão apresentadas ao Pólo de Saúde Pública da Grande Instância de Paris. Os problemas citados são lesões involuntárias, violação da obrigação de segurança e desconhecimento dos princípios de prevenção e precaução por parte do fabricante e do órgão de fiscalização.


Paciente teve inflamação do sistema nervoso


Outra queixa semelhante foi apresentada pelo advogado em novembro de 2013 ao Tribunal de Bobigny, na periferia de Paris. Na época, a adolescente Marie-Océane Bourguignon, de 18 anos, teve uma inflamação do sistema nervoso central após a injeção do Gardasil. Ela tinha sido vacinada aos 15 anos, assim como outras 2,3 milhões de adolescentes na França que são tratadas preventivamente pelo medicamento.


 Campanha de vacinação começou em março no Brasil


No ultimo dia 10 de março, a presidente Dilma Rousseff lançou a Campanha Nacional de Vacinaçao contra o HPV. O Ministério da Saúde investiu R$ 465 milhões na compra de 15 milhões de doses para 2014, quantidade suficiente para imunizar cinco milhões de adolescentes. De acordo com o ministro da Saúde, estima-se que 270 mil mulheres no mundo morrem devido ao câncer de colo do útero. No Brasil, cerca de 4,8 mil mulheres morreram por causa da doença no ano passado.

FONTE:http://www.portugues.rfi.fr/franca/20140402-vacina-contra-hpv-volta-ser-alvo-de-polemica-na-franca

O QUE É O AUTISMO?

02/04/2014  

No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, entenda como é feito o diagnóstico e qual o tratamento mais adequado para a criança que apresenta o transtorno.


Cada criança é uma criança. A frase pode parecer simples, mas é vital para entender o autismo. Se o seu filho receber o diagnóstico, não necessariamente vai apresentar todos os sintomas já descritos por outros pacientes. Por ser um distúrbio com diferentes níveis de comprometimento, recebe o nome de “espectro autista” – para entender melhor, imagine um dégradé, que vai de cores muito escuras, em que se encontram os casos mais graves, até os tons mais claros.

Apesar de os sinais do transtorno variarem, há três comprometimentos que são considerados mais comuns. O primeiro é na
interação social, ou seja, no modo de se relacionar com outras crianças, adultos ou com o meio ambiente. “Uma das teorias que explica esse comportamento afirma que o autista tem dificuldade de entender o outro e de se colocar no lugar de alguém. Não compreende sentimentos e vontades, por isso se isola”, afirma Daniel Sousa Filho, psiquiatra da infância e da adolescência (SP).

O segundo sintoma recorrente é a dificuldade na comunicação
: crianças que não desenvolvem a fala e outras que têm ecolalia (fala repetitiva). Como terceiro sinal, há a questão comportamental: as ações podem ser estereotipadas, repetitivas. Qualquer mudança na rotina passa a ser incômoda para a criança. Imagine que a mãe sempre vá buscar o filho na escola. Certo dia, é o avô quem vai pegá-la no colégio – e altera a rota de sempre. Pode ser que ela, diante dessa mudança, fique agitada e grite, por exemplo. Isso acontece porque a rotina é um “mapa” usado pelo autista para reconhecer o mundo. Se algum traço desse caminho for alterado, a criança vai reagir.


Sinais do transtorno variam
 
 
Vale lembrar que, além desses sinais, há outros que podem se manifestar em algumas pessoas com o espectro autista, não em todas, claro. Os surtos nervosos, por exemplo, podem vir acompanhados de automutilação e agressão. Para entender melhor, imagine que você esteja com a blusa apertada ou com muita fome, mas não consiga falar o que sente. Se a criança tiver dificuldade na expressão verbal, pode tentar se comunicar corporalmente e ter seu pedido atendido.



Hiper ou hiposensibilidade também podem se manifestar de forma diferente nos cinco sentidos da criança que se enquadra no espectro autista. Por exemplo: na audição, ela pode se sentir incomodada em locais barulhentos ou ter afinidade com alguns sons. No paladar, ela não tolera determinados sabores – por isso, insiste em comer sempre os mesmos alimentos. E nos dias frios, enquanto você usa um casaco pesado, a criança pode dispensá-lo – a hiposensibilidade tátil faz com que ela não tenha a mesma sensação de temperatura que as demais. Quando se machuca, talvez não sinta dor, por exemplo.

O espectro autista pode vir acompanhado de deficiência intelectual. Há casos, no entanto, em que a criança apresenta alto funcionamento – ou seja, é capaz de memorizar a lista telefônica inteira, mas não entende qual a utilidade dos números, por exemplo. Na síndrome de Asperger, outro quadro do espectro, a pessoa pode não ter problemas no desenvolvimento da linguagem. Ela se interessa por assuntos específicos: sabe tudo sobre dinossauros ou avião e se restringe a só a um tema.
Diagnóstico


Uma estimativa feita em 2010, cujos resultados acabaram de ser divulgados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, nos Estados Unidos, mostrou que 1 em cada 68 crianças são diagnosticadas com autismo no país - 30% a mais do que em 2008. No entanto, o diagnóstico não é tão simples assim. Isso porque não há um exame específico que indique o transtorno – a avaliação deve ser clínica e feita por uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo. É comum, ainda, que os sintomas sejam confundidos com  surdez (já que a criança não responde aos estímulos), deficiência intelectual e problemas de linguagem.

Por isso, mediante qualquer desconfiança sobre desenvolvimento do seu filho, procure um especialista. “Quanto mais precoce começar as intervenções, melhor o prognóstico. É importante procurar as terapias adequadas o quanto antes, porque o sistema nervoso poderá responder aos estímulos rapidamente”, explica o neurologista infantil Antônio Carlos de Faria, do Hospital Pequeno Príncipe (PR). 

É claro que os sinais ficarão mais nítidos após os 3 anos, mas alguns indicativos desde bebê podem servir como alerta, como a criança ficar parada no berço, sem reagir aos estímulos, e evitar o contato visual. Antes do primeiro ano de vida, está sempre irritada – você o amamenta ou conversa com ela, mas continua agitada. Por volta dos 8 meses, o bebê não interage com o meio ambiente: vê um cachorro ou gato na rua e fica indiferente. Sabe aquela brincadeira em que a mãe se esconde e diz “achou!”? O bebê não esboça nenhuma reação. Na hora de brincar é comum que crianças autistas se interessem apenas por uma parte do brinquedo - elas podem ficar girando a roda de um carrinho por um tempo prolongado, em vez de arrastá-lo.

Há casos, ainda, em que há regressão: a criança se desenvolve bem até 1 ano e meio. Depois dessa idade, para de sorrir ou de se comunicar, por exemplo.


Tratamento


Ainda não há um medicamento específico para o autismo. De 0 a 2 anos, a criança deve ser acompanhada por um fonoaudiólogo para que ele ajude-a a desenvolver a linguagem não-verbal. A estimulação pode ser feita com brincadeiras e jogos, contação de histórias e conversa. Conhecer o novo também é importante: o especialista apresenta uma maçã para que ela toque na fruta, conheça sua textura e seu cheiro. Aos poucos, ela pode aprender a entender a expressão facial dos outros. A linguagem verbal (como a fala) virá depois. As terapias ocupacional e comportamental também são relevantes no tratamento, para que o cérebro passe a perceber os estímulos sensoriais. “Esse tipo de intervenção precoce pode evitar o comportamento repetitivo, por exemplo”, afirma o neurologista.

Não há uma regra para todas as crianças. A equipe multidisciplinar decidirá qual o acompanhamento pedagógico e terapêutico mais indicado e vai discutir sobre a educação delas, junto com os pais. “Cada caso é um caso. Em geral, quando se tem a comunicação verbal desenvolvida, ir para a escola regular é uma ótima opção. Mas, se a pessoa for agressiva e tiver deficiência intelectual grave, a escola especial pode ser mais indicada”, afirma o psiquiatra Daniel. Portanto, é essencial respeitar a individualidade delas. Mas é importante saber: nenhuma instituição de ensino, pública ou privada, pode recusar a matrícula.

E não são só os meninos e meninas que devem ser acompanhados por especialistas. Receber o diagnóstico e acompanhar o ritmo do tratamento pode ser desgastante para a família. Por isso, os pais podem ser tratados e orientados por um psicólogo, que tentará diminuir a ansiedade e o estresse. 

Como costumam se dedicar ao extremo ao filho com autismo, o irmão pode se sentir preterido. Não se culpe, caso isso ocorra. O terapeuta conseguirá sugerir uma solução para que todos se sintam amados – como realmente são!

Diante do diagnóstico, é comum que alguns pais da criança procurem tratamentos alternativos, que não têm comprovação científica, para amenizar os sintomas. Um estudo publicado no Journal of Developmental & Behaviour Pediatrics analisou 600 crianças, de 2 a 5 anos – sendo 453 com autismo e 125 com problemas de desenvolvimento. Os cientistas descobriram que 40% delas usavam remédios homeopáticos, melatonina ou terapias complementares, como meditação ou ioga - 10% a mais do que as crianças sem o transtorno ou outra dificuldade no desenvolvimento.

Isso é prejudicial? “Não há problema em tentar, apesar de não haver a certeza na melhora do quadro. Depende da reação de cada criança: para algumas, certas terapias funcionam”, explica Alysson Muotri, biólogo brasileiro que pesquisa a cura do autismo na Universidade da Califórnia (EUA).

Causa e cura


A causa do autismo ainda é estudada pelos cientistas. Muitos genes que indicam o transtorno já foram identificados – mas ainda não podem ser detectados por exames que façam o diagnóstico. “O que sabemos, atualmente, é que há uma mistura entre influências genéticas e ambientais”, diz o psiquiatra. Infecções pós-parto, tumores, causas endocrinológicas e metabólicas já foram associadas à causa do autismo – mas ainda são especulações.

Recentemente, mais uma hipótese foi levantada pelos cientistas da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), em estudo publicado no periódico New England Journal of Medicine. Eles exploraram a arquitetura física do córtex humano (camada superficial do cérebro) de 11 crianças com autismo e 11 sem o transtorno, na faixa etária de 2 a 15 anos. Ao examinar essa parte do cérebro, perceberam que as crianças autistas tinham falhas  justamente em áreas que são responsáveis por funções comprometidas pelo transtorno – como comunicação e interpretação social.

A desorganização foi notada em 10 dos 11 pacientes com autismo e apenas em 1 dos 11 sem o transtorno. “Pelo número pequeno de cérebros analisados, o estudo é considerado exploratório. Mas, aparentemente, a maioria das falhas foi originada durante a gestação, durante a migração das células que formariam as camadas do córtex”, explica Muotri. Ainda não se sabe qual é a causa dessa falha que acontece no segundo trimestre de gestação, quando a estrutura é formada. 

Especialistas acreditam que possa ser decorrência do ambiente uterino, do código genético ou uma mistura de ambos os fatores.

Os estudos que tentam descobrir a cura do autismo, dirigidos por Muotri, representam a esperança para as famílias. O biólogo usa uma técnica que transforma células de pessoas adultas em células-tronco embrionárias, ou seja, que ainda não são especializadas. Depois disso, é possível fazê-las se desenvolverem novamente e diferenciá-las em células cerebrais. 

Como elas tiveram origem em um indivíduo que já estava diagnosticado com um problema, é possível simular no laboratório o funcionamento dos neurônios daquele paciente em comparação com uma pessoa sem o transtorno.

A partir dessas comparações, já se conseguiu identificar uma série de diferenças na estrutura dos neurônios e como essas células respondem em conjunto (o que ajuda a entender como funciona o cérebro desses pacientes). A maior parte das pesquisas está sendo feita com portadores da síndrome de Rett, que também faz parte do espectro autista.

Muotri reforça que o estudo exige cuidado. “Nos próximos dois anos, iniciaremos a fase prática da pesquisa. Começaremos testando o tratamento em adultos que não sejam autistas, para analisar os possíveis efeitos dele”, conta.


INCONTINÊNCIA URINÁRIA GERA TRANSTORNOS SOCIAIS

São José do Rio Preto, 1 de Abril, 2014

Há diferentes causas, mas também maneiras de tratamento para a incontinência urinária, problema que afeta a vida social.


Controlar a vontade de urinar: para mais de 9 milhões de brasileiros, vítimas da incontinência urinária, não é uma coisa tão simples. O problema, apesar de simples solução, traz uma série de transtornos que afetam a qualidade de vida. E sua ocorrência não se dá só em idosos, como se pensa.

De acordo com a Sociedade Internacional de Incontinência Urinária, o mal pode afetar homens e mulheres em qualquer faixa etária. Em todo o mundo, atinge 4,4% da população mundial; desse universo, 75% são mulheres e 25% são homens.

“Embora aumente a porcentagem de incontinentes quanto mais idosa é a população, o fato não implica que se considere isto normal em idade alguma”, explica a enfermeira Maria Alice Lélis, especialista em incontinência urinária, e consultora, no Brasil, da multinacional sueca SCA, empresa que fabrica produtos para incontinência urinária.

O mecanismo que faz com que o organismo funcione de maneira correta envolve uma complexa rede de neurônios e músculos que têm a necessidade de trabalhar em total sintonia, caso contrário a micção ou o armazenamento de urina se tornam comprometidos. 


Efeito social
 

Para a geriatra Liha Bogaz, de Rio Preto, quando a pessoa já está com um pouco mais de idade, começa a sofrer alterações que comprometem este funcionamento. A geriatra lembra também que a principal consequência da incontinência urinária é baixa qualidade de vida da pessoa. “Uma vez que interfere até na socialização, pois, com medo, as pessoas acabam por se isolar, e saem cada vez menos de casa", afirma Liha.

Mas viver com a incontinência sem buscar ajuda é algo sem sentido, já que existem inúmeras possibilidades de tratar o problema, desde o método farmacológico, fisioterapêutico ao cirúrgico. Até mesmo o controle alimentar pode ser útil, conforme demonstrou a pesquisadora Nídia Daiane Lino, em Ciências e Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ela defendeu uma tese sobre o risco do consumo exagerado de substâncias que são irritantes vesicais, tais como café, frutas cítricas e outros, que podem ser suprimidos da dieta como forma de auxiliar no tratamento conservador.

Além disso, há no mercado uma série de produtos específicos que ajudam a controlar o transtorno, evitando que as pessoas sejam alvo de afastamento social. "Já é possível encontrar suportes que absorvem o odor, além da urina", diz Maria Alice. 

É importante saber que a primeira forma de tratar é identificar em que estágio o distúrbio se encontra. Há uma série de situações que podem desencadear a incontinência, dentre elas as doenças neurológicas, como o traumatismo da medula espinhal, a esclerose múltipla, a doença de Parkinson e o Acidente Vascular Cerebral (AVC).

De acordo com o urologista Caio Cesar Cintra, da Faculdade de Medicina do ABC e responsável pelo setor de urodinâmica da AACD, em São Paulo, nestas situações a alteração do comportamento vesical recebe o nome de bexiga neurogênica. 

Cesar Cintra observa que, além da terapia comportamental, alguns medicamentos orais, toxina botulínica e alternativa cirúrgica são opções para o tratamento. “Em casos não tratados adequadamente o paciente com bexiga neurogênica pode sofrer com danos no rim após três anos da lesão, chegando a necessitar de diálise”, diz.
Você sabia?


- No Brasil há mais de 9 milhões de pessoas que sofrem de incontinência urinária. O distúrbio é mais frequente no sexo feminino e pode surgir a partir dos 50 anos e atingir, independentemente, da idade, as mulheres grávidas

Causas:

- Flacidez da musculatura do assoalho pélvico em geral, mas especialmente em idosas que tiveram partos normais no passado
- Compressão da bexiga urinária por algo intra-abdominal (exemplo, tumor)
- Uso de medicações, principalmente diuréticos, são agravantes da incontinência urinária nos idosos
- Doenças neurodegenerativas que podem comprometer o esfíncter (por exemplo, demência avançada, que, por ser uma consequência da evolução da doença, dificilmente existe melhora ou tratamento)

Tipos:

- De esforço: quando tosse, ri, faz esforço ou exercício físico por exemplo
- De urgência: vontade súbita de urinar que não dá tempo de chegar ao toalete
- Mista: os dois tipos juntos

Fonte: Liha Bogaz, geriatra, de Rio Preto


Fortaleça o assoalho pélvico

Vítima da incontinência há muitos anos, a aposentada D.J.L, 75 anos, relata que aprendeu a conviver com a situação. "Já fiz exercícios, tomei remédio, só não fiz a cirurgia porque o médico disse que na minha idade não quer arriscar. Vivo melhor desde que passei a usar um absorvente apropriado. Já consigo sair de casa sem tanto receio, mas antes era muito difícil", conta.

A fisioterapeuta Josiane Santana, de Rio Preto, observa que os exercícios que fortalecem a musculatura pélvica demoram para ter efeito: depende da gravidade da incontinência. Nos casos mais graves, quando os exercícios são realizados corretamente, e no mínimo 3 vezes por dia, os resultados podem ser percebidos entre 3 meses e 1 ano. Nos casos mais simples, em que a perda involuntária de urina é pouca, os resultados podem ser percebidos mais rapidamente. "Os benefícios dos exercícios consistem na melhora da contração da musculatura do períneo, tornando-a mais forte e rápida, de forma que o suporte estrutural dessa região fique mais eficiente, impedindo assim as perdas urinárias", explica.
Entenda:


- Para melhor compreender a incontinência urinária, é importante saber como funciona o trato urinário e como nós controlamos a micção. A urina é formada por água e resíduos removidos do nosso corpo pelos rins. A urina excretada pelos rins desce por um par de tubos, chamados de ureter, até chegar na bexiga. A bexiga é um reservatório similar a um balão que armazena urina. Assim como um balão, a bexiga é elástica, podendo ser enchida e esvaziada. Na maioria das pessoas, existe completo controle sobre esse armazenamento e esvaziamento. A pessoa permite um enchimento de aproximadamente 400 ml e depois esvazia a bexiga em um local adequado, sem que ocorram perdas. A urina deixa a bexiga por um outro canal, chamado de uretra

Fonte: Unifesp

Exercício de Kegel

- Os exercícios mais conhecidos para a prevenção e o tratamento da incontinência urinária de esforço são aqueles criados pelo ginecologista norte-americano Arnold Kegel. Eles têm por finalidade fortalecer a musculatura pélvica e melhorar os mecanismos de continência urinária. O mais conhecido é chamado de exercício de Kegel, que consiste em contrair os músculos do assoalho pélvico por 10 segundos e, em seguida, relaxar por 10 segundos, com repetições de 10 a 15 vezes, três vezes por dia. O exercício de Kegel pode ser praticado em qualquer lugar e a qualquer momento. Para localizar os músculos pélvicos e praticar os exercícios, interrompa o fluxo de urina em meio ao ato de urinar. Os músculos necessários para esse procedimento são os músculos do assoalho pélvico

Fonte: Josiane Santana, fisioterapeuta da Clínica Inclusiva, de Rio Preto