IMC , O QUE O PESO REVELA SOBRE A SUA SAÚDE

31 de março de 2012


Cálculo de Índice de Massa Corporal (IMC) é um dos instrumentos para o diagnóstico de obesidade.

Estar em dia com a balança não é mera questão de estética. O combate à obesidade – fator de risco para uma série de doenças, como hipertensão, diabetes e problemas cardiovasculares – já virou problema de saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número de obesos mórbidos no mundo chegue a 700 milhões em 2015, um aumento de 75% em 10 anos (em 2005, eram 400 milhões).

Levantamento do Ministério da Saúde mostra que 46% dos brasileiros estão acima do peso. Para melhorar esse quadro, o governo se esforça em desenvolver campanhas para alertar a população sobre a importância de se manter o peso ideal. Uma delas é lembrada hoje, Dia Nacional da Saúde e Nutrição.

A nutricionista Carmem Franco, presidente do Conselho Regional de Nutrição (CRN) do Rio Grande do Sul, reconhece o papel do profissional da área cada vez mais ligado à saúde.

As pessoas já chegam no consultório com informação sobre a importância da alimentação balanceada – destaca.

Um dos instrumentos para o diagnóstico de obesidade é o cálculo de Índice de Massa Corporal (IMC). Com base na relação entre peso e altura, o índice segue classificações da OMS para revelar quadros que variam da magreza severa até a obesidade mórbida. Carmem destaca que o IMC é apenas um ponto de partida.

Para um diagnóstico preciso, outros exames são necessários, pois a característica corporal de cada um é diferente, assim como o estilo de vida – observa.

Bem Estar

Em www.zerohora.com/bemestar Calcule seu IMC e veja se você  stá no peso ideal

PROFISSÃO , CUIDADOR

31 de março de 2012


É cada vez mais comum deparar com a figura do cuidador, profissional que deve ter ótimo preparo físico e emocional.


Eles são como uma extensão da família que não está presente, a referência para quem não se mexe, o mediador para os que buscam vínculo com o mundo lá fora. É quem garante a saúde mental e física do dependente, para que ele esteja sempre ativo, estável, limpo, alimentado e medicado. Com inúmeras atribuições, o cuidador é essencial para garantir a qualidade de vida de idosos e de qualquer um que dependa de ajuda para viver.

Figura cada vez mais presente na nossa sociedade, o cuidador é profissional contratado pelas famílias para dar assistência a um ente querido que depende de cuidados especializados, eventualmente ou 24 horas por dia.

Devido ao envelhecimento da população, o cuidador está cada vez mais em evidência. Não é de hoje, entretanto, que esse profissional, ainda sem regulamentação no Ministério do Trabalho, brota em clínicas e residências e é visto passeando com pacientes em parques e shoppings. A novidade é que o mercado de trabalho vai selecionar naturalmente e remunerar melhor (o cuidador pode ganhar cerca de R$ 100 por dia) os que estiverem mais preparados.

Um dos cursos de cuidadores de idosos de referência no Estado é o oferecido há quatro anos pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Segundo o diretor, o geriatra Newton Luiz Terra, em cada semestre são oferecidas 25 vagas para o curso de extensão de mais de 140 horas, e sempre acaba ficando gente fora, tamanha tem sido a procura.

Fazemos uma entrevista antes para saber por que aquela pessoa está ali. Se a gente vê que é só para fazer bico, pelo dinheiro, provavelmente não dará certo, a pessoa tem que ter vocação para a coisa. Não é um trabalho fácil, tem que ter muita paciência, ser afetivo, ter traços de amor à humanidade, ser solidário, saber adaptar-se a diferentes culturas, ser sensível, saber lidar com perdas, morte – relata Terra.

De acordo com o geriatra, houve o caso de um estudante que desistiu no meio quando, passadas as aulas teóricas, vieram as práticas, momento em que os alunos começam a se envolver de verdade com pacientes em que ocorre um choque de realidade.

Dependendo do paciente, ele pode se tornar agressivo, por exemplo, e é preciso ter um pulso firme para saber lidar com essas e outras situações delicadas, como vômitos, crises convulsivas – alerta o médico.

O geriatra Emílio Moriguchi relata que o Japão, país que envelhece com velocidade recorde, já está importando profissionais das Filipinas (o país é referência em cuidados e respeito com seus idosos) para suprir sua demanda interna. Segundo ele, um geriatra vê de longe quando o idoso está, ou não, sob os cuidados do profissional.

Existem técnicas para trocar a roupa, transferir da cadeira de rodas para a cama, que, se a pessoa não sabe como fazer, pode fraturar o osso, oferecendo riscos ao paciente que está frágil. Vejo muitos desastres desse tipo – diz Moriguchi.


 O fantasma dos maus-tratos

 

Não é raro ouvir relatos de casos de maus-tratos contra idosos ou pessoas com algum tipo de deficiência. Alguns indicadores podem servir de guia quando se suspeita de uma situação do gênero. São elas: perda de peso, desnutrição, desidratação, queimaduras, ferimentos, úlceras por pressão, marcas, face abatida, olheiras, má higiene da pele, vestuário sujo ou inapropriado para estação, má conservação de próteses, evidência de administração incorreta de medicamentos, evidência de traumas ou relato de acidentes inexplicáveis, passividade, tristeza, ansiedade, agitação ou medo, receio de falar livremente, esperando que o cuidador dê as respostas, relutância em manter qualquer tipo de contato verbal ou físico com o cuidador, busca ou mudança frequente de profissionais e/ou centros de atenção médica, conduta sexual incompatível com a personalidade prévia, dificuldade para a marcha e dor abdominal sem causa aparente.


É claro que o cuidador também pode apresentar sinais de estresse, como cansaço, preocupação excessiva ou, pelo contrário, minimizar a situação. Fazer acusações ao idoso pelo fato de ele apresentar incontinência ou confusão mental também pode ocorrer, bem como agressividade verbal e a tendência de responder com evasivas e desculpas.


Movidos pelo afeto

 

Muito da relação entre os cuidadores e seus pacientes é baseada no afeto. Por ficarem muitas horas juntos, pela amizade, pelo sentimento de gratidão, laços fortes podem surgir nesse tipo de experiência. É o caso da cuidadora Luciana Copetti dos Santos, 31 anos, e sua paciente, Victoria Til de Oliveira Machado, 94 anos.

Tecnóloga em Radiologia, Luciana não tornou-se cuidadora por acaso. Amorosa por natureza, sempre ouviu da família que levaria jeito para uma profissão que envolvesse cuidados e gente, como enfermagem.

Cheguei na dona Vi por indicação e estou com ela há um anos. Ela não fala mais porque teve um AVC recentemente, mas somos muito amigas, a gente se comunica só com o olhar – diz Luciana, que está se especializando na área.

Atualmente residindo numa clínica, dona Victoria entende tudo que acontece ao seu redor, mas prefere ficar em silêncio, conta Luciana. Quando a reportagem visitou a dupla, Luciana informava tudo que acontecia, ao mesmo tempo que produzia a senhora para as fotos, penteando-a.

– Viu, minha florzinha, nós duas vamos aparecer no jornal. Temos de ficar bem bonitas – disse ela, recebendo o olhar de aprovação de dona Vi.


 63 milhões de idosos em 2050


> A projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de que, em 2050, a população de idosos será de 63 milhões de pessoas. Em 1980 eram 10 idosos para cada 100 jovens. Em 2050, serão 172 idosos para cada 100 jovens, porque a expectativa de vida ao nascer saiu de 43,3 anos, na década de 1950, para 72,5 anos em 2007, segundo o IBGE.

> Segundo o Ministério da Saúde, existem hoje aproximadamente 3,8 milhões de idosos com algum grau de dependência no país. Por isso, o mercado de trabalho para os chamados cuidadores de idosos já tem bastante demanda, e a tendência é aumentar cada vez mais.

> O próprio Ministério lançou recentemente o Guia do Cuidador do Idoso, que traz noções práticas para profissionais e leigos, que pode ser baixado no link http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia%E2%80%93pratico%E2%80%93cuidador.pdf

> O cuidador de idosos tem em suas mãos uma grande responsabilidade. Cabe a ele garantir a saúde e bem-estar das pessoas com idade avançada. Não é qualquer indivíduo que pode assumir esse tipo de função, é necessário ter um preparo profissionalizante para conseguir desempenhar um bom trabalho.

> Algumas instituições promovem o curso de cuidador de idosos, como a PUCRS, por meio do seu Instituto de Geriatria e Gerontologia. Porém, trata-se ainda uma capacitação pouco conhecida, mas que aos poucos tem despertado interesse das pessoas que desejam obter uma colocação no mercado de trabalho. O cuidador aprende a suprir as necessidades do idoso, ter uma postura calma e paciente para dar atenção e lidar com as doenças típicas do envelhecimento.


Um cuidador deve


> Ser paciente

> Ser bom ouvinte

> Ter bom preparo físico

> Ter sabedoria para lidar com situações inesperadas e perdas

> Adaptar-se a diferentes culturas familiares

> Cuidar da aparência e higiene pessoal do paciente

> Ajudar no banho, na alimentação, no andar e nas necessidades fisiológicas

> Relatar o dia a dia do idoso aos responsáveis

> Estimular as atividades de lazer, trabalho e atividades fora de casa

> Desestimular a agressividade

> Ouvir o idoso respeitando sua necessidade individual de falar

> Dar apoio psicológico e moral

> Ajudar na recuperação da autoestima, dos valores e da afetividade

> Estimular a afetividade

> Estimular a independência

> Prevenir acidentes

> Ler e contar histórias

> Planejar e fazer passeios

> Acompanhar em atividades sociais e culturais

> Estimular a socialização através do convívio, da recreação e do lazer

> Estimular o idoso a descobrir as coisas que gosta de fazer e a tomar decisões que possam auxiliar na preservação da autonomia



LOTE DE DIPIRONA É SUSPENSO PELA ANVISA

30/03/2012


Está suspensa a distribuição, o comércio e o uso, em todo o país, do lote 0710/10 do medicamento Dipirona Sódica Solução Oral 500mg/ml, fabricado pela empresa Hipolabor Farmacêutica Ltda. A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi publicada no Diário oficial da União (DOU).

O medicamento, usado no tratamento de febre e dores no corpo, foi suspenso por apresentar resultados insatisfatórios no ensaio de determinação de teor de Dipirona Sódica. O teor da substância apresentou valor abaixo do declarado pelo fabricante.

A suspensão é definitiva e tem validade imediata após divulgação da medida no Diário Oficial. Quem já adquiriu o produto deve interromper o uso, alerta a agência.

VACINAÇÃO CONTRA GRIPE SAZONAL E H1N1 COMEÇA EM 5 DE MAIO

29/03/2012


Em 2011, cerca de 25 milhões de pessoas foram imunizadas.

Público-alvo da campanha inclui crianças, idosos, gestantes, indígenas e profissionais da saúde.


A campanha nacional de vacinação contra a gripe sazonal ou gripe comum será feita entre os dias 5 e 25 de maio. A vacina utiliza as três cepas de vírus que mais circularam no país no ano anterior e, de acordo com o Ministério da Saúde, vai imunizar também contra a influenza A (H1N1).

O público-alvo da campanha inclui idosos (a partir de 60 anos), população indígena, crianças com idade a partir de 6 meses e menores de 2 anos, grávidas em qualquer período de gestação e profissionais de saúde.

A pasta informou que, apesar dos casos de infecção e morte por H1N1 registrados nas regiões Norte e Nordeste em pleno verão brasileiro, não há previsão de antecipação da campanha.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Ceará, onde pelo menos duas mulheres grávidas tiveram a doença, o período de chuva provoca maior aglomeração de pessoas em ambientes fechados, o que facilita a disseminação do vírus.

Dados do ministério indicam que, no ano passado, cerca de 25 milhões de pessoas foram vacinadas contra a gripe sazonal. Em 2011, assim como este ano, quem recebeu a vacina também ficou imunizado contra a gripe A.

MILITARES PEDEM AGILIDADE NA APROVAÇÃO DE PROJETO QUE REFORMA POR ESCLEROSE MÚLTIPLA

29/03/201

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), recebeu nesta quinta-feira (29) a visita do vice-presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministro Olympio Pereira da Silva, que pediu maior celeridade da Casa na votação do PLC 127/2011, que altera o Estatuto dos Militares (Lei 6.880/1980) para incluir a Esclerose Múltipla no rol de doenças consideradas incapacitantes. O projeto foi encaminhado ao Congresso pela Presidência da República.

Durante o encontro, Sarney prometeu agilizar a tramitação da matéria, que já foi aprovada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e aguarda relatório do senador Romero Jucá (PMDB-RR) na Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

Agência Senado

(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

VACINA CONTRA A DENGUE SERÁ TESTADA EM HUMANOS A PARTIR DE JUNHO

29/03/2012


O Instituto Butantan vai iniciar até junho os ensaios clínicos da vacina contra dengue em humanos.

O estudo, feito em parceria com o Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), avaliará a segurança e a imunogenicidade (capacidade que uma substância tem de induzir uma reação de defesa do organismo contra determinada doença) da vacina.

A vacina é tetravalente, pois atua sobre os quatro tipos de vírus da dengue após a administração de apenas uma dose. A estimativa do instituto é que a vacina esteja disponível para a população em três anos.

Para os testes clínicos serão recrutados, a partir de abril, 300 voluntários de 18 e 50 anos de idade. 

Segundo o Butantan, os resultados dos testes de segurança serão obtidos logo no primeiro ano de análise, mas todos os voluntários serão acompanhados por um período de cinco anos após a vacinação.

— Esse é um passo muito importante para a saúde pública e para a ciência, representando um avanço significativo na prevenção da dengue. A vacina já se mostrou segura e imunogênica em estudos anteriores e esperamos obter o mesmo sucesso nessa nova etapa — avaliou Alexander Precioso, diretor médico de Ensaios Clínicos do Instituto Butantan.

No Rio Grande do Sul, três casos de dengue autóctone (contraídos no próprio Estado) foram registrados este ano, todos no Noroeste.

NOME DO PRINCÍPIO ATIVO DE MEDICAMENTOS DEVERÁ SER DESTACADO EM EMBALAGENS

29/03/2012


Medida quer estimular médicos a utilizarem o nome técnico dos produtos nas receitas.

Anvisa e Ministério da Saúde lançam novo manual para rotulagem de remédios.


O Manual de Identidade Visual de Medicamentos, que pretende padronizar a rotulagem de todos os medicamentos com destinação institucional e dedicados ao Ministério da Saúde, será lançado nesta quinta-feira em coletiva de imprensa na sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em Brasília.

Entre as novidades da nova padronização está a valorização do nome do princípio ativo do medicamento na embalagem, de forma a estimular os médicos a utilizarem o nome técnico dos produtos nas receitas. O manual também dá destaque à marca do Sistema Único de Saúde (SUS) e à vedação de venda do produto em todas as embalagens, blisters, ampolas, cartelas, frascos, entre outros.

REMÉDIO EXPERIMENTAL REDUZ COLESTEROL RUIM

27/03/2012


Resultado de estudo com injeção foi apresentado em conferência nos EUA.


Uma injeção mensal de um remédio experimental desenvolvido por uma empresa americana de biotecnologia conseguiu reduzir o colesterol dos pacientes em até 66%. O estudo foi apresentado no fim de semana durante conferência de cardiologia nos Estados Unidos.

A fase 1 do teste clínico do remédio AMG 145, da empresa Amgen, acompanhou a evolução de 51 pacientes que tomaram uma injeção da droga em duas modalidades: uma vez a cada duas semanas e uma vez a cada quatro semanas.

Entre os pacientes estudados que já tomavam altas doses de remédios redutores de colesterol, conhecidos como estatinas, e que tomaram o novo medicamento a cada duas semanas, o tipo perigoso de colesterol (LDL) teve uma redução de 63% na oitava semana.

Os que tomaram doses baixas de estatinas e seguiram o tratamento por quatro semanas viram uma queda sutilmente maior à média do colesterol LDL (66% ao final do mesmo intervalo de tempo).


Segunda fase da pesquisa deve ocorrer neste ano


Nem mortes, nem eventos adversos foram registrados durante o estudo preliminar, apresentado pela primeira vez no domingo durante a conferência anual do American College of Cardiology (ACC, na sigla em inglês).

O remédio é um anticorpo monoclonal totalmente humano, que inibe a PCSK9, uma proteína que reduz a capacidade do fígado em eliminar o colesterol LDL do sangue.

— Os primeiros estudos demonstraram que o AMG 145 reduz os níveis de PCSK9 no corpo e baixa os níveis de colesterol LDL — afirmou Sean Harper, vice-presidente executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Amgen, por meio de um comunicado.

Novos dados do estudo de fase 2 são aguardados para o fim deste ano. Encontrar formas alternativas de tratar o colesterol alto é importante para muitos pacientes que não toleram o tratamento com estatinas ou que têm dificuldades de reduzir suficientemente o colesterol apenas com mudanças de dieta e com as estatinas contemporâneas.

A exemplo do que ocorre em outros países, no Brasil as altas taxas de colesterol LDL são um fator importante para o desenvolvimento de doenças cardíacas e são consideradas um grave problema de saúde pública.

PACIENTES RETOMAM SENSIBILIDADE E AUTONOMIA APÓS TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO

28.03.2012 


Marlon já fica de pé após 3 meses de tratamento

Pacientes que receberam transplante de células-tronco têm conseguindo recuperar a sensibilidade e a autonomia diante de funções consideradas simples para quem não tem problema, mas extremamente importantes como controlar a urina e as fezes.


Cinco meses. Esse foi o tempo entre o transplante de células-tronco e a recuperação da sensibilidade das pernas e costas do estudante paulista Bruno Esteves Sanchez. Há cerca de dois anos, ele foi vítima de um acidente de moto que provocou uma lesão na coluna vertebral. Nas previsões mais otimistas, os médicos acreditavam que ele voltaria, no máximo, a conseguir ficar sentado. 

Nesta terça (27), durante a inauguração do Centro de Estudo e Pesquisa em Reabilitação do Hospital Espanhol, Bruno mostrou os resultados do tratamento iniciado em outubro passado: ele senta, controla os espasmos respiratórios e musculares, consegue sentir o toque nas costas e pernas, além de conseguir levantar. 

O progresso do jovem foi acompanhado pela equipe de reportagem do CORREIO, que publicou na Coluna Saúde, em novembro, as primeiras notícias um mês após a cirurgia. 

Para quem achou que passaria o resto dos seus dias numa cama, Bruno  já pensa, inclusive, em retomar sua vida na universidade. “Na época do acidente não conseguia nem levantar da cama. Por causa da lesão, eu tinha acessos respiratórios e musculares que comprometiam minha respiração e fala”, lembra ele, com um sorriso vitorioso de quem já superou a pior fase. 

progressos Atualmente, em maior ou menor grau, todos oito pacientes que realizaram o transplante têm percebido melhoras nos seus quadros clínicos, conseguindo recuperar a sensibilidade e a autonomia diante de funções consideradas simples para quem não tem problemas de mobilidade, mas extremamente importantes como controlar a urina e as fezes. 

Em abril, a equipe espera iniciar o tratamento em mais seis pacientes e, ao longo do ano,  chegar a 20 pacientes contemplados. A pesquisa, ainda em  fase  inicial, começou em 2010, conta com o financiamento do Ministério da Saúde e tem como parceiros a  Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Hospital Espanhol e o Centro de Biotecnologia e Terapia Celular do Hospital São Rafael (CBTC).
Para a fisioterapeuta e coordenadora do Centro do Espanhol, Ana Martinez, com a abertura desse espaço, a pesquisa consegue duplicar a capacidade de tratamento. Os pacientes transplantados passam a contar com o Centro do Espanhol e a Clínica de Reabilitação da Estácio-FIB, no Stiep. 

“Procuramos dotar os espaços com a estrutura necessária para que o desenvolvimento do tratamento aconteça da melhor forma possível”, esclareceu a fisioterapeuta, destacando que o centro tem equipamentos que auxiliam no desenvolvimento de técnicas modernas da fisioterapia, como exercícios interativos com jogos eletrônicos, a exemplo do Kinect e a wiiterapia,  da Nitendo. 


Pacientes retomam sensibilidade e autonomia após transplante de células-tronco.


Inovações


O ‘milagre’ alcançado pelos oito transplantados foi conseguido graças à junção entre duas inovações baianas: a  terapia com células-tronco aplicada em trauma raquimedular e a técnica de fisioterapia chamada de Kinesioplasticidade. 

Segundo a fisioterapeuta Cláudia Bahia, uma das responsáveis pelo desenvolvimento da nova técnica, uma vez que o paciente recebe o transplante de células-tronco, elas começam a se multiplicar regenerando a área lesada. “A partir daí, pegamos essas células e, por meio de postura e exercícios específicos,  ensinamos essas células a executarem novamente o movimento perdido”, esclarece. 

É claro que a meta de Bruno e dos demais é retomar o movimento das pernas. No entanto, o ganho da qualidade de vida e da independência já são comemorados como vitórias importantes. 


Força

Natural de Ituberá, no Baixo Sul baiano, o estudante Marlon Silva Viana,23 anos, perdeu o movimento das pernas em 2009, num acidente de moto. Em 5 de dezembro  passado, ele foi submetido ao transplante. 

Três meses apenas após o início do tratamento, ele recuperou a sensibilidade das pernas, ganhou força suficiente para ficar de pé, ganhou a noção do impacto de passos e toques nos ossos e conseguiu controlar a bexiga. “Os ganhos foram muitos e em pouco tempo, estou confiante no que ainda vou conseguir de recuperação”, comemora. 

O método de transplante de células tronco começou a ser estudado na Bahia há seis anos, por pesquisadores da Fundação Osvaldo Cruz e dos hospitais Espanhol e São Rafael.Os estudos iniciais mostraram que cães e gatos que receberam injeções dessas células recuperaram parte dos movimentos perdidos. 


 


Pacientes vêm de outros estados


Sérgio Alencar de Castro, 37 anos, também esteve na inauguração do Centro. Em julho de 2010, no banco de trás de um automóvel e sem cinto de segurança, ele – que morava em Minas Gerais – foi vítima de um acidente e teve lesão na coluna vertebral em nível 5. 

Depois de um ano de reabilitação do Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília,  ele se candidatou e foi escolhido para participar do transplante de células- tronco na Bahia. 

Para conseguir a qualidade de vida já alcançada pelos demais transplantados, ele já fez a coleta das células e aguarda o procedimento cirúrgico para iniciar o tratamento fisioterápico que consiste em uma etapa inicial que dura 60 dias, intensivamente, nos turnos matutino e vespertino. Como os pacientes que vieram de fora, Sérgio transferiu sua vida para a capital do estado para conseguir acompanhar o tratamento fisioterápico e participar das avaliações  médicas. 


Inovações
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Outra paciente que também se transferiu para a Bahia foi Rejane Cantídio,34. Natural de Tocantins, ela sofreu um acidente de carro, em 2006, que resultou numa lesão medular. Por meio de um programa de TV, Rejane soube que a esperança de retomar sua vida podia estar na Bahia e não titubeou em se transferir para o estado. Agora, ela  aguarda sua vez para realizar o transplante. 

Terminada a etapa de implantação das células-tronco, Cláudia Bahia e sua equipe trabalham mais 120 dias, apenas em um turno, aprimorando o conhecimento do movimento. “A base do processo consiste em reativar a memória do movimento que havia antes da lesão e ensinar às novas células presentes na medula como se executa o gesto”,  diz a fisioterapeuta, destacando que os movimentos treinados são o rolar, engatinhar e andar. 

“Ao final de 180 dias, buscamos relembrar ao corpo toda a possibilidade de mobilidade esquecida”, diz a fisioterapeuta que, ainda nesse primeiro semestre, deve lançar junto com a também fisioterapeuta Thaís Miranda, um livro abordando o novo método criado especificamente para os transplantados.


Técnica pioneira retira células-tronco da região da bacia


Primeira capital do Brasil, sede da primeira Faculdade de Medicina no país, Salvador também foi o lugar escolhido para a realização do primeiro transplante de células-tronco em paciente com trauma raquimedular, utilizando a técnica de cultura de células mesenquimais do país. 

A técnica que utiliza a cultura de células-tronco mesenquimais consiste na retirada, por meio de aspiração, das células da região da bacia. Num ambiente específico, as células se reproduzem e depois de quatro semanas são reimplantadas no corpo, mais especificamente no local lesionado. “Para esse transplante, buscamos utilizar controles rigorosos que garantissem a segurança no desenvolvimento dessas células”, completou a pesquisadora Milena Soares, da FioCruz. 

O procedimento de transplante tem à frente o coordenador do Serviço de Neurocirurgia do HE, Marcus Vinícius Mendonça. Desde agosto de 2010, vinte pacientes paraplégicos voluntários participam da iniciativa, que tem como objetivo a recuperação de movimentos comprometidos. Vale salientar que este é o primeiro estudo em trauma raquimedular do Brasil, que utiliza culturas de células-tronco mesenquimais.