31 de março de 2012
É cada vez mais comum deparar com a figura do cuidador, profissional que deve ter ótimo preparo físico e emocional.
Eles são como uma extensão da família que não está presente, a referência para quem não se mexe, o mediador para os que buscam vínculo com o mundo lá fora. É quem garante a saúde mental e física do dependente, para que ele esteja sempre ativo, estável, limpo, alimentado e medicado. Com inúmeras atribuições, o cuidador é essencial para garantir a qualidade de vida de idosos e de qualquer um que dependa de ajuda para viver.
Figura cada vez mais presente na nossa sociedade, o cuidador é profissional contratado pelas famílias para dar assistência a um ente querido que depende de cuidados especializados, eventualmente ou 24 horas por dia.
Devido ao envelhecimento da população, o cuidador está cada vez mais em evidência. Não é de hoje, entretanto, que esse profissional, ainda sem regulamentação no Ministério do Trabalho, brota em clínicas e residências e é visto passeando com pacientes em parques e shoppings. A novidade é que o mercado de trabalho vai selecionar naturalmente e remunerar melhor (o cuidador pode ganhar cerca de R$ 100 por dia) os que estiverem mais preparados.
Um dos cursos de cuidadores de idosos de referência no Estado é o oferecido há quatro anos pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Segundo o diretor, o geriatra Newton Luiz Terra, em cada semestre são oferecidas 25 vagas para o curso de extensão de mais de 140 horas, e sempre acaba ficando gente fora, tamanha tem sido a procura.
– Fazemos uma entrevista antes para saber por que aquela pessoa está ali. Se a gente vê que é só para fazer bico, pelo dinheiro, provavelmente não dará certo, a pessoa tem que ter vocação para a coisa. Não é um trabalho fácil, tem que ter muita paciência, ser afetivo, ter traços de amor à humanidade, ser solidário, saber adaptar-se a diferentes culturas, ser sensível, saber lidar com perdas, morte – relata Terra.
De acordo com o geriatra, houve o caso de um estudante que desistiu no meio quando, passadas as aulas teóricas, vieram as práticas, momento em que os alunos começam a se envolver de verdade com pacientes em que ocorre um choque de realidade.
– Dependendo do paciente, ele pode se tornar agressivo, por exemplo, e é preciso ter um pulso firme para saber lidar com essas e outras situações delicadas, como vômitos, crises convulsivas – alerta o médico.
O geriatra Emílio Moriguchi relata que o Japão, país que envelhece com velocidade recorde, já está importando profissionais das Filipinas (o país é referência em cuidados e respeito com seus idosos) para suprir sua demanda interna. Segundo ele, um geriatra vê de longe quando o idoso está, ou não, sob os cuidados do profissional.
– Existem técnicas para trocar a roupa, transferir da cadeira de rodas para a cama, que, se a pessoa não sabe como fazer, pode fraturar o osso, oferecendo riscos ao paciente que está frágil. Vejo muitos desastres desse tipo – diz Moriguchi.
Figura cada vez mais presente na nossa sociedade, o cuidador é profissional contratado pelas famílias para dar assistência a um ente querido que depende de cuidados especializados, eventualmente ou 24 horas por dia.
Devido ao envelhecimento da população, o cuidador está cada vez mais em evidência. Não é de hoje, entretanto, que esse profissional, ainda sem regulamentação no Ministério do Trabalho, brota em clínicas e residências e é visto passeando com pacientes em parques e shoppings. A novidade é que o mercado de trabalho vai selecionar naturalmente e remunerar melhor (o cuidador pode ganhar cerca de R$ 100 por dia) os que estiverem mais preparados.
Um dos cursos de cuidadores de idosos de referência no Estado é o oferecido há quatro anos pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Segundo o diretor, o geriatra Newton Luiz Terra, em cada semestre são oferecidas 25 vagas para o curso de extensão de mais de 140 horas, e sempre acaba ficando gente fora, tamanha tem sido a procura.
– Fazemos uma entrevista antes para saber por que aquela pessoa está ali. Se a gente vê que é só para fazer bico, pelo dinheiro, provavelmente não dará certo, a pessoa tem que ter vocação para a coisa. Não é um trabalho fácil, tem que ter muita paciência, ser afetivo, ter traços de amor à humanidade, ser solidário, saber adaptar-se a diferentes culturas, ser sensível, saber lidar com perdas, morte – relata Terra.
De acordo com o geriatra, houve o caso de um estudante que desistiu no meio quando, passadas as aulas teóricas, vieram as práticas, momento em que os alunos começam a se envolver de verdade com pacientes em que ocorre um choque de realidade.
– Dependendo do paciente, ele pode se tornar agressivo, por exemplo, e é preciso ter um pulso firme para saber lidar com essas e outras situações delicadas, como vômitos, crises convulsivas – alerta o médico.
O geriatra Emílio Moriguchi relata que o Japão, país que envelhece com velocidade recorde, já está importando profissionais das Filipinas (o país é referência em cuidados e respeito com seus idosos) para suprir sua demanda interna. Segundo ele, um geriatra vê de longe quando o idoso está, ou não, sob os cuidados do profissional.
– Existem técnicas para trocar a roupa, transferir da cadeira de rodas para a cama, que, se a pessoa não sabe como fazer, pode fraturar o osso, oferecendo riscos ao paciente que está frágil. Vejo muitos desastres desse tipo – diz Moriguchi.
O fantasma dos maus-tratos
Não é raro ouvir relatos de casos de maus-tratos contra idosos ou pessoas com algum tipo de deficiência. Alguns indicadores podem servir de guia quando se suspeita de uma situação do gênero. São elas: perda de peso, desnutrição, desidratação, queimaduras, ferimentos, úlceras por pressão, marcas, face abatida, olheiras, má higiene da pele, vestuário sujo ou inapropriado para estação, má conservação de próteses, evidência de administração incorreta de medicamentos, evidência de traumas ou relato de acidentes inexplicáveis, passividade, tristeza, ansiedade, agitação ou medo, receio de falar livremente, esperando que o cuidador dê as respostas, relutância em manter qualquer tipo de contato verbal ou físico com o cuidador, busca ou mudança frequente de profissionais e/ou centros de atenção médica, conduta sexual incompatível com a personalidade prévia, dificuldade para a marcha e dor abdominal sem causa aparente.
É claro que o cuidador também pode apresentar sinais de estresse, como cansaço, preocupação excessiva ou, pelo contrário, minimizar a situação. Fazer acusações ao idoso pelo fato de ele apresentar incontinência ou confusão mental também pode ocorrer, bem como agressividade verbal e a tendência de responder com evasivas e desculpas.
Movidos pelo afeto
Muito da relação entre os cuidadores e seus pacientes é baseada no afeto. Por ficarem muitas horas juntos, pela amizade, pelo sentimento de gratidão, laços fortes podem surgir nesse tipo de experiência. É o caso da cuidadora Luciana Copetti dos Santos, 31 anos, e sua paciente, Victoria Til de Oliveira Machado, 94 anos.
Tecnóloga em Radiologia, Luciana não tornou-se cuidadora por acaso. Amorosa por natureza, sempre ouviu da família que levaria jeito para uma profissão que envolvesse cuidados e gente, como enfermagem.
– Cheguei na dona Vi por indicação e estou com ela há um anos. Ela não fala mais porque teve um AVC recentemente, mas somos muito amigas, a gente se comunica só com o olhar – diz Luciana, que está se especializando na área.
Atualmente residindo numa clínica, dona Victoria entende tudo que acontece ao seu redor, mas prefere ficar em silêncio, conta Luciana. Quando a reportagem visitou a dupla, Luciana informava tudo que acontecia, ao mesmo tempo que produzia a senhora para as fotos, penteando-a.
– Viu, minha florzinha, nós duas vamos aparecer no jornal. Temos de ficar bem bonitas – disse ela, recebendo o olhar de aprovação de dona Vi.
Tecnóloga em Radiologia, Luciana não tornou-se cuidadora por acaso. Amorosa por natureza, sempre ouviu da família que levaria jeito para uma profissão que envolvesse cuidados e gente, como enfermagem.
– Cheguei na dona Vi por indicação e estou com ela há um anos. Ela não fala mais porque teve um AVC recentemente, mas somos muito amigas, a gente se comunica só com o olhar – diz Luciana, que está se especializando na área.
Atualmente residindo numa clínica, dona Victoria entende tudo que acontece ao seu redor, mas prefere ficar em silêncio, conta Luciana. Quando a reportagem visitou a dupla, Luciana informava tudo que acontecia, ao mesmo tempo que produzia a senhora para as fotos, penteando-a.
– Viu, minha florzinha, nós duas vamos aparecer no jornal. Temos de ficar bem bonitas – disse ela, recebendo o olhar de aprovação de dona Vi.
63 milhões de idosos em 2050
> A projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de que, em 2050, a população de idosos será de 63 milhões de pessoas. Em 1980 eram 10 idosos para cada 100 jovens. Em 2050, serão 172 idosos para cada 100 jovens, porque a expectativa de vida ao nascer saiu de 43,3 anos, na década de 1950, para 72,5 anos em 2007, segundo o IBGE.
> Segundo o Ministério da Saúde, existem hoje aproximadamente 3,8 milhões de idosos com algum grau de dependência no país. Por isso, o mercado de trabalho para os chamados cuidadores de idosos já tem bastante demanda, e a tendência é aumentar cada vez mais.
> O próprio Ministério lançou recentemente o Guia do Cuidador do Idoso, que traz noções práticas para profissionais e leigos, que pode ser baixado no link http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe
> O cuidador de idosos tem em suas mãos uma grande responsabilidade. Cabe a ele garantir a saúde e bem-estar das pessoas com idade avançada. Não é qualquer indivíduo que pode assumir esse tipo de função, é necessário ter um preparo profissionalizante para conseguir desempenhar um bom trabalho.
> Algumas instituições promovem o curso de cuidador de idosos, como a PUCRS, por meio do seu Instituto de Geriatria e Gerontologia. Porém, trata-se ainda uma capacitação pouco conhecida, mas que aos poucos tem despertado interesse das pessoas que desejam obter uma colocação no mercado de trabalho. O cuidador aprende a suprir as necessidades do idoso, ter uma postura calma e paciente para dar atenção e lidar com as doenças típicas do envelhecimento.
Um cuidador deve
> Ser paciente
> Ser bom ouvinte
> Ter bom preparo físico
> Ter sabedoria para lidar com situações inesperadas e perdas
> Adaptar-se a diferentes culturas familiares
> Cuidar da aparência e higiene pessoal do paciente
> Ajudar no banho, na alimentação, no andar e nas necessidades fisiológicas
> Relatar o dia a dia do idoso aos responsáveis
> Estimular as atividades de lazer, trabalho e atividades fora de casa
> Desestimular a agressividade
> Ouvir o idoso respeitando sua necessidade individual de falar
> Dar apoio psicológico e moral
> Ajudar na recuperação da autoestima, dos valores e da afetividade
> Estimular a afetividade
> Estimular a independência
> Prevenir acidentes
> Ler e contar histórias
> Planejar e fazer passeios
> Acompanhar em atividades sociais e culturais
> Estimular a socialização através do convívio, da recreação e do lazer
> Estimular o idoso a descobrir as coisas que gosta de fazer e a tomar decisões que possam auxiliar na preservação da autonomia
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