BIOMARCADOR LIGA EVOLUÇÃO CLÍNICA COM NOVO MODELO DE METABOLISMO DO TUMOR LETAL

2012-03-20


Investigadores do Kimmel Cancer Center na Thomas Jefferson University , nos EUA, demonstraram pela primeira vez que o biomarcador metabólico MCT4 liga directamente os resultados clínicos a um novo modelo de metabolismo do tumor que faz com que os pacientes "alimentem" as suas células cancerígenas. As descobertas foram publicadas online no dia 15 de Março na Cell Cycle, avança o portal ISaúde.

Para validar o valor prognóstico do biomarcador, uma equipa de pesquisa liderada pela professora de Patologia, Anatomia e Biologia Celular Agnieszka K. Witkiewicz e Michael P. Lisanti, professor de Biologia de Células-Tronco e de Medicina Regenerativa, analisou amostras de pacientes com cancro da mama triplo negativo, um dos cancros da mama mais mortais, com tumores de crescimento rápido que muitas vezes afectam as mulheres mais jovens.

Uma análise retrospectiva de mais de 180 mulheres revelou que os níveis elevados do biomarcador MCT4, ou transportador monocarboxilato 4, estavam estritamente correlacionados com uma perda de caveolina-1 (CAV-1), um marcador conhecido da recorrência precoce dos tumores e metástases em vários cancros, incluindo o da próstata e o da mama.

"A ideia é que o MCT4 é um marcador metabólico para um novo modelo de metabolismo do tumor e que os pacientes com este tipo de metabolismo estão alimentando suas células cancerígenas. Ele é letal e resistente à terapia actual. A importância desta descoberta é que o MCT4, pela primeira vez, liga directamente o resultado clínico ao metabolismo do tumor, permitindo-nos desenvolver drogas anti-cancro novas e mais eficazes", disse Lisanti.

Analisando as amostras humanas de cancro da mama, a equipa descobriu que as mulheres com altos níveis de MCT4 estromal e com uma perda de estroma Cav-1 apresentaram uma pior sobrevida global, consistente com um maior risco de recorrência e metástase, e de falha no tratamento.


Aplicando a uma tripla ameaça


Hoje em dia, não existe marcador como estes e aplicado aos cuidados do cancro da mama triplo negativo e, como resultado, os pacientes são tratados da mesma maneira. Identificar os pacientes que estão em alto risco de não obter sucesso na quimioterapia padrão e os resultados mais pobres poderia ajudar a encaminhá-los mais cedo para os ensaios clínicos que exploram novos tratamentos, o que poderia, em última análise, melhorar a sobrevivência.

"A ideia é combinar estes dois biomarcadores, e estratificar esta população de pacientes para fornecer um melhor tratamento personalizado do cancro", disse Witkiewicz.

Os resultados sugerem que, quando usado em conjunto com o biomarcador estromal CAV-1, que os autores dizem ter sido validado independentemente por seis outros grupos em todo o mundo, o MCT4 pode ainda estratificar o grupo de risco intermediário em alto e baixo risco.

Como o MCT4 é um novo alvo para o qual se desenvolveram drogas, os investigadores também sugerem que inibidores do MCT4 devem ser desenvolvidos para o tratamento de cancros da mama agressivos, e possivelmente de outros tipos. Tratar os pacientes com um inibidor do MCT4, ou mesmo com antioxidantes simples, pode ajudar a tratar pacientes de alto risco que, de outra forma, não poderiam responder positivamente ao tratamento convencional, sugerem os investigadores.


Mudança de Paradigma


Mas o trabalho vai além do cancro da mama triplo negativo, desafiando uma teoria de 85 anos de idade, sobre o crescimento e a progressão do cancro.

Este artigo é a prova clínica que estava faltando para a mudança de paradigma da "antiga teoria do cancro" para a "nova teoria do cancro", conhecida como o "Efeito de Warburg reverso" disse Lisanti. A nova teoria é de que a glicólise aeróbica na verdade ocorre nos fibroblastos associados aos tumores, e não nas células cancerígenas, como as antigas teorias postulam.

As células do tecido conjuntivo (fibroblastos) "alimentam" directamente as células cancerígenas, dando-lhes um crescimento claro e vantagem de sobrevivência. Novas terapias personalizadas cortariam o "fornecimento de combustível" para as células cancerígenas, impedindo o crescimento do tumor e a metástase.

Nenhum comentário: