PELOTAS É A PRIMEIRA CIDADE GAÚCHA A RECEBER PROGRAMA DE SAÚDE DOMICILIAR DO GOVERNO FEDERAL

16/03/2012



Há um mês, a promotora de eventos Vera Fickel recebe os cuidados sem precisar ficar no hospital.

Para curar uma pneumonia, agravada por um diagnóstico de câncer, a promotora de eventos Vera Fickel, 54 anos, teria de ficar internada no hospital e permanecer em atendimento por cerca de um mês. A diferença é que, em vez de ir para uma instituição de saúde, a estrutura do hospital é que foi até a casa dela.

Vera mora em Pelotas, primeira cidade do Estado a implantar o programa Melhor em Casa, do Ministério da Saúde. A paciente já integra uma iniciativa local semelhante, que deve se integrar à proposta nacional.

Em casa, parece que curamos mais rápido, não tem aquele clima de hospital, não precisamos viver a doença do companheiro de quarto — diz.

Baseado na experiência norte-americana "home care", o programa prevê atendimento domiciliar a pacientes que não precisam ficar internados, mas que ficam no hospital porque não têm outra opção de tratamento.

O coordenador do Programa de Atenção Domiciliar do Ministério da Saúde, Aristides Oliveira, explica que se enquadram nesses casos pessoas com necessidade de reabilitação motora, idosos, pacientes crônicos sem agravamento ou em situação pós-cirúrgica.

Não vamos tirar do hospital quem precisa estar internado. O paciente que precisa fazer uma preparação para cirurgia, por exemplo, é internado três dias antes. Com o programa, a equipe vai até a casa dele, e ele faz o procedimento todo lá, só será internado no momento necessário — explica.

De acordo com a coordenadora do programa em Pelotas, Julieta Fripp, logo que todas as equipes estiverem trabalhando, a partir de segunda-feira, a liberação de leitos tende a ser imediata, o que deve reduzir as filas para a internação. Nesta largada, ela prevê a liberação de 80 vagas na cidade.

Em Pelotas, serão três equipes. Cada uma terá dois médicos, dois enfermeiros, quatro técnicos em enfermagem e um assistente social e uma equipe de apoio, com fisioterapeuta, psicólogo e terapeuta ocupacional. O número de visitas será avaliado caso a caso. O Ministério da Saúde exige, no mínimo, uma visita domiciliar por semana.


Como vai funcionar


:: Qualquer usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser inserido no programa Melhor em Casa. Para isso, é necessário que o médico, por meio de critério clínico, libere o atendimento domiciliar e que o paciente aceite receber o tratamento.

:: É preciso que cada paciente tenha um cuidador, ou seja, alguém da família precisa se dispor a fazer às vezes de acompanhante, como ocorre nos hospitais. Em caso de o paciente não ter esse cuidador ou a família não concordar, o tratamento domiciliar não poderá ser liberado, e esse paciente permanecerá internado em uma instituição de saúde.

:: São os hospitais, prontos-socorros e Unidades Básicas de Saúde que farão contato com o Serviço de Atenção Domiciliar. Um auxiliar administrativo informará se há ou não vagas disponíveis, se não houver o paciente segue para a fila de espera, se houver o médico preenche um formulário com as informações sobre o paciente, que será encaminhado para a equipe médica.

:: O lançamento do Melhor em Casa será realizado hoje, na Câmara de Vereadores de Pelotas e começa a valer a partir da próxima segunda-feira.


Por que Pelotas?


:: Em todo o país, 39 cidades estão habilitadas a receber o programa Melhor em Casa. Pelotas foi escolhida como a primeira do Rio Grande do Sul por já ter um sistema semelhante.

:: Há seis anos, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), por meio do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (Pidi), realiza um trabalho de atendimento domiciliar com pacientes com câncer. São pessoas encaminhadas pelo Pronto Socorro e pelo Hospital da FAU. Duas equipes — com um médico, enfermeiro, técnico em enfermagem, psicólogo, nutricionista, assistente social e um capelão (que cuida da parte espiritual do paciente) — realizam duas visitas diárias a cada uma das 20 pessoas atendidas. A promotora de eventos Vera Fickel é uma delas. Recebe o atendimento em casa há carca de um mês.

:: Com a implantação do Melhor em Casa, o Pidi passa a ser integrado, permanecendo direcionado a pacientes com câncer. Os dois programas somam cinco equipes de atendimento mais uma de apoio.

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