Tudo sobre a gripe: 15 perguntas e respostas sobre a doença...

20 abr 2018

Objetivo do governo é imunizar 54 milhões de pessoas na campanha de vacinação pública...
Governo inicia campanha para vacinar 54 milhões de pessoas na rede pública; saiba quem pode ser imunizado, quais vírus circulam no país e como se proteger...

Por ser muito comum, a gripe parece uma doença inofensiva. Mas ela pode ser grave e até matar. Só neste ano, 62 pessoas já morreram no Brasil em decorrência da infecção pelo vírus Influenza – isso porque a temporada outono-inverno mal começou.

No mundo, são até 650 mil mortes por ano, dado divulgado recentemente pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e que se mostrou mais elevado do que as estimativas anteriores, que ficavam entre 250 mil e 500 mil.

Na segunda-feira (23), a rede pública brasileira começa a oferecer a vacina contra a doença. Até 1º de junho, quando termina a campanha, o governo pretende imunizar 54 milhões de pessoas – 2 milhões a mais do que no ano passado.

Especialistas esperam que não se repita no Brasil o que ocorreu nos Estados Unidos nesta última temporada. Entre o fim de 2017 e o início de 2018, o país registrou um alto número de hospitalizações e mortes por gripe, principalmente devido ao H3N2, um subtipo do vírus Influenza A.

Ao contrário do que vem sendo propagado, o H3N2 não é um vírus novo. “Ele circula na espécie humana desde 1968, mas tem um potencial de mutação grande e por isso existe uma dificuldade de fazer uma vacina que seja muito adequada para ele”, explica a infectologista Nancy Bellei, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Como a vacina que será dada no Brasil é diferente da que foi aplicada no Hemisfério Norte, pode ser que por aqui o quadro seja outro. Mas, para isso, os médicos alertam que os brasileiros precisam se imunizar – especialmente aqueles que estão nos grupos de risco. “A gripe é uma doença que atinge 10% da população e é potencialmente grave. A vacina é o principal método de prevenção”, afirma Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

Por que houve um surto grave de gripe nos Estados Unidos?

A epidemia do último inverno americano foi considerada a mais grave desde a pandemia pelo H1N1 em 2009. O vírus mais dominante entre os infectados foi o H3N2, um subtipo do Influenza A que já circula na espécie humana há 50 anos, mas tem um grande potencial de mutação. Neste ano, a vacina usada no Hemisfério Norte foi pouco eficaz contra a variação do H3N2 que circulou por lá: a proteção foi de apenas 25%. Isso gerou uma alta taxa de hospitalização e de mortalidade, principalmente de idosos.

O vírus H3N2 está no Brasil?
Sim. Assim como em outros anos, ele já foi detectado nesta temporada. Isso não significa que teremos uma epidemia forte como a dos Estados Unidos, já que a vacina usada no Hemisfério Sul é diferente e ela pode ser mais eficaz contra esse subtipo do Influenza.

Como deve ser a epidemia deste ano no Brasil?
Não dá para prever como vai ser: vai depender das mutações sofridas pelos vírus Influenza, da quantidade de pessoas que se vacinarem, das temperaturas e da umidade relativa do ar, entre outros fatores. 

Quais são os sintomas da gripe e como diferenciar de um resfriado?

A febre alta é o sintoma mais importante da gripe e dura em torno de três dias. Outros sintomas são tosse, coriza, dor de garganta, dor muscular e dor de cabeça. O quadro geral dura, em média, uma semana. Na forma grave, a gripe causa falta de ar, febre por mais de três dias, dor muscular intensa e prostração.

Já os resfriados são causados por outros vírus e têm alguns sintomas parecidos com os da gripe (como tosse, coriza, dor de garganta), mas são mais leves e duram menos tempo: entre dois e quatro dias. É menos comum ter febre e, quando ocorre, costuma ser baixa.

Como a gripe é transmitida?

Principalmente pelo contato com secreções das vias respiratórias de uma pessoa contaminada ao falar, tossir ou espirrar – ela pode transmitir o vírus a quem está a até 1,5 metro de distância. Ambientes fechados favorecem essa disseminação. Também pode ocorrer contaminação indireta, quando alguém coloca a mão em superfícies recentemente contaminadas por secreções respiratórias de uma pessoa doente.

O período em que alguém gripado pode transmitir o vírus vai de um dia antes do início dos sintomas até sete dias depois. Mas quem não está com febre há mais de 24 horas não oferece risco importante de transmissão.

Como se prevenir?
A vacinação é a principal maneira, mas também se recomenda lavar as mãos frequentemente com água e sabão, não manipular lenços ou objetos usados por alguém doente, manter os ambientes bem ventilados e evitar a proximidade de pessoas que tenham sinais de gripe.

O Ministério da Saúde faz uma recomendação especial para os cuidadores em creches, onde há várias crianças convivendo juntas e mais vulneráveis à doença. Esses profissionais devem lavar periodicamente as mãos e os brinquedos com água e sabão, usar lenços descartáveis para limpar o nariz das crianças e avisar os pais caso algum aluno tenha sintomas de gripe. Crianças doentes devem ficar em casa até pelo menos 24 horas após o desaparecimento da febre.

Quem tem direito à vacina na rede pública?
Idosos acima de 60 anos, crianças de seis meses a quatro anos, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), indígenas e pessoas com comorbidades (diabetes e hipertensão, por exemplo). Profissionais de saúde, professores de escolas públicas e privadas, detentos e profissionais do sistema prisional também têm direito à vacina gratuita. Quem não está nesse grupo e desejar se vacinar pode procurar uma clínica privada.

A vacina das clínicas particulares é a mesma da rede pública? Quanto custa?
A vacina ofertada pelo SUS é trivalente, ou seja, protege contra três tipos de vírus (H1N1, H3N2 e um tipo de Influenza B). Na rede particular é possível tomar também a vacina quadrivalente, que protege ainda contra um segundo tipo de Influenza B.

O preço da tetravalente varia entre R$ 100 e R$ 150 e da trivalente, entre R$ 80 e R$ 100, de acordo com a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas.

Quem não pode tomar a vacina?
Praticamente não há contraindicações – apenas quem já teve choque anafilático devido à própria vacina de gripe não deve tomar. Costumava-se recomendar que pessoas com alergia severa a ovo não se vacinassem. “Mas vários estudos internacionais mostraram que não tem problema porque a quantidade de proteína de ovo usada na vacina é muito pouca. No exterior essa orientação já foi tirada. Nós vamos caminhar para isso também”, diz Nancy Bellei, da Unifesp. No Brasil, o Ministério da Saúde pede que pacientes com o problema procurem um médico para orientações.

Quem está gripado pode tomar a vacina?

Sim. A única recomendação é que quem está com febre espere a temperatura normalizar. “Esse cuidado é apenas porque, se a febre aumentar, ficará a dúvida se foi ou não reação à vacina”, diz Isabella Ballalai, da SBIm.

A vacina provoca gripe? Quais são os efeitos colaterais?
A vacina não causa gripe, já que é composta apenas por vírus inativado (morto). Os possíveis efeitos colaterais são raros e leves: desconforto, vermelhidão ou dor no local da aplicação e mal-estar.

Qual é a eficácia da vacina?
Em média, de 50% a 85% – o grau de proteção depende de vários fatores, como a idade do paciente e a correspondência da vacina com os vírus da temporada. “Quando a vacina coincide com os vírus que estão circulando e nenhuma mutação de última hora nos pega desprevenidos, a média é de 70% a 80%”, diz Isabella Ballalai, da SBIm, acrescentando que normalmente o efeito é melhor nas crianças e pior nos idosos. Mesmo quando não impede de desenvolver a doença, a vacina pode reduzir sua gravidade e o risco de complicações.

Quem tomou a vacina no ano passado deve se vacinar de novo?
Sim, por dois motivos. Primeiro, porque a vacina protege por no máximo um ano – em seis meses, essa proteção já diminui bastante. Segundo, porque a composição dela é atualizada a cada ano, de acordo com os tipos de vírus Influenza que mais circulam naquela época.

Grávidas e mulheres que amamentam podem tomar?

Podem e devem. Gestantes têm imunidade mais baixa e, por isso, maior risco de complicações devido à gripe. Além disso, a grávida que se vacina passa os anticorpos para o bebê que está na barriga, que já nasce com essa proteção. Quem está amamentando também pode tomar.  

Como tratar a gripe?
Na maioria dos casos, a doença melhora sozinha em uma semana. A recomendação é beber bastante água, descansar e, se for preciso, tomar alguns remédios para aliviar os sintomas. Existem também medicamentos antivirais, mas eles são indicados em casos específicos, principalmente para grupos de alto risco.

Para não contaminar as pessoas em volta, o doente deve cobrir o nariz e a boca e usar lenço descartável ao espirrar ou tossir, lavar as mãos com frequência e evitar ir ao trabalho, à escola ou a ambientes com aglomerações.

Fontes: Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações; Ministério da Saúde; Nancy Bellei, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia; “Influenza – abril de 2018” (publicação da Sociedade Brasileira de Infectologia)

Osteoporose: quando devo me preocupar com isso?

18 abr 2018

A prevalência da osteoporose em mulheres é duas vezes maior que em homens, assim como na raça branca e após a menopausa.
Na osteoporose, o osso fica fraco e frágil, favorecendo fraturas. A condição se torna um problema sério após os 55 anos de idade.

A osteoporose é uma condição de perda de massa óssea e alteração da microarquitetura do osso, favorecendo as fraturas em mínimos traumas. Isto é, o osso fica fraco e frágil! A osteoporose é um problema sério após os 55 anos de idade. Em torno de 50% dos homens e mulheres têm osteopenia ou osteoporose nessa faixa etária, com alto risco de fraturas. No Estados Unidos chegam a 1,5 milhões de fraturas por ano.

A prevalência em mulheres é duas vezes maior que em homens, assim como na raça branca e após a menopausa. Uma a cada seis mulheres caucasianas sofre de fratura de fêmur e a mortalidade chega a 20% no primeiro ano. A maior causa de mortalidade é a embolia de pulmão, mas muitas sofrem pelas limitações ortopédicas pós trauma.

A fratura mais frequente é a do fêmur, ocasionando uma qualidade ruim de vida, com dependência física e dores

Como formar um bom osso?
A história natural dos ossos é o ganho de massa óssea até o fim da adolescência e início da fase adulta. Uma alimentação balanceada e atividade física são fundamentais para maior atividade das células formadoras de osso (osteoblastos).

Depois vamos gradativamente deteriorando o osso com o envelhecimento, sendo que esse quadro piora na falta dos hormônios sexuais (mais comum no período da menopausa e andropausa) e maior atividade das células que absorvem o osso (osteoclastos).

O que propicia a perda óssea?

Algumas causas secundárias de perda óssea como: doenças endócrinas (hipertireoidismo, prolactinoma, hiperparatireoidismo), doenças gastrointestinais (deficiência vitamina D, doença celíaca, síndrome má absorção), medicamentos (corticoides, antivirais, anticonvulsivantes), alcoolismo, anorexia nervosa, cirurgia bariátrica e mieloma, dentre outras, devem ser lembradas.

Essas condições, sem dúvida, fragilizam o osso do indivíduo por causarem um desbalanço entre a atividade das células formadoras do osso (osteoblasto) e das células de reabsorção óssea (osteoclastos) favorecendo o aparecimento da osteoporose.

Apesar disso, sem dúvida nenhuma, o risco de fraturas está muito mais associado a história familiar e ao estilo de vida do indivíduo do que uma doença em si e alguns fatores são relevantes: idade maior que 50 anos, tabagismo, baixo peso corpóreo (IMC menor 18kg/m2), baixa ingesta de cálcio, deficiência de vitamina D, inatividade, menopausa precoce, demência, alcoolismo e excesso de cafeína.

O diagnóstico pode ser feito por meio de um exame de densitometria óssea, que mede a massa óssea do indivíduo e compara com os indivíduos jovens para quantificar essa perda. Se o paciente não tem os fatores de risco citados acima e nem história familiar, o exame só está indicado após os 50 anos.

Como prevenir?
O tratamento deve ser específico para cada causa, mas a prevenção é a maior arma, visto que hoje a expectativa de vida ultrapassa os 80 anos.

Quem não está sujeito a um escorregão ou uma queda ocasional? 

Por isso, exercícios físicos de fortalecimento para manter massa muscular e óssea, como musculação, natação e pilates são fundamentais após os 40 anos de idade.

A alimentação deve atentar as exigências de uma ingesta de cálcio em torno de 1.000 mg/dia (equivalente a 3-4 iogurtes ou copos de leite/dia) para mulheres acima dos 50 anos e homens acima 70 anos, pouca cafeína e suplementação de vitamina D.

Medicamentos mais específicos e reposição hormonal ficam a critério de cada caso específico.

Vírus da ‘doença do beijo’ pode causar outros 6 problemas de saúde...

17 abr 2018, 22h25 

Ao contrário dos outros vírus, o EBV consegue 'hackear' as células responsáveis por combatê-lo. 
Segundo estudo, o vírus Epstein-Barr, transmitido pela saliva, pode aumentar o risco de doenças, como o lúpus e artrite

A doença do beijo, também conhecida como mononucleose, pode aumentar o risco de desenvolvimento de outras doenças, como a ESCLEROSE MÚLTIPLA, lúpus e diabetes tipo 1. 

De acordo com um estudo publicado recentemente na revista Nature Genetics, o vírus responsável por causar a mononucleose é capaz de se ligar a partes do genoma humano, tornando a pessoa infectada mais vulnerável a essas doenças.

Mononucleose

A mononucleose é uma infecção causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), transmitida pela saliva – por isso também é chamada de doença do beijo. Seus sintomas incluem dor e inflamação da garganta, febre alta, placas esbranquiçadas na garganta e ínguas no pescoço. O EBV pode provocar infecção em qualquer idade, mas é mais comum apresentar sintomas em adolescentes e adultos.

A mononucleose não tem um tratamento específico, mas é possível curá-la apenas com repouso, ingestão de líquidos e uso de remédios para aliviar os sintomas. Com essas medidas, a doença desaparece após uma ou duas semanas. No entanto, depois de infectada, a pessoa permanece com o vírus por toda a vida.

EBV e o aumento do risco de doenças
Ao longo dos anos, cientistas ligaram o EBV a algumas outras doenças raras, incluindo certos tipos de câncer do sistema linfático. Além disso, alguns dos pesquisadores já vinham estudando o vírus e fizeram conexões entre ele e o lúpus, por exemplo. 

Outras doenças relacionadas ao EBV descobertas durante a pesquisa são: 

ESCLEROSE MÚLTIPLA, artrite reumatoide e artrite idiopática juvenil, doença inflamatória intestinal, doença celíaca e diabetes tipo 1.

Segundo os resultados da pesquisa, os cientistas perceberam que os componentes produzidos pelo vírus interagem com o DNA humano nos lugares onde o risco genético da mononucleose (e de outras doenças) aumenta.

Esta descoberta é importante o  suficiente para estimular muitos outros cientistas em todo o mundo a reconsiderarem este vírus nesses distúrbios. Como consequência, e supondo que outros possam replicar nossas descobertas, isso poderia levar a terapias, formas de prevenir e antecipar doenças”, disse John Harley, um dos autores do estudo, ao Science Daily. Apesar de não existir vacina contra o EBV, outras iniciativas procuram desenvolvê-la.

Atuação do vírus no corpo

Em infecções virais e bacterianas nosso sistema imunológico recebe o comando das células B para produzir anticorpos no intuito de combater os invasores. No entanto, quando ocorrem infecções por EBV, algo incomum acontece: esse vírus é capaz de ‘hackear’ as células B, assumindo o controle de suas funções e reprogramando-as. A equipe do Cincinnati Children, responsável pela pesquisa, encontrou pistas de como o vírus faz isso.

O corpo humano tem cerca de 1.600 fatores de transcrição conhecidos no nosso genoma. Estes fatores são proteínas que ajudam a transformar genes específicos em “ligados” ou “desligados” através da conexão com o DNA para garantir que as células funcionem como esperado. No entanto, quando os fatores de transcrição são alterados, as funções normais da célula também podem mudar e isso pode levar à doença. Os cientistas suspeitam que o fator de transcrição EBNA2 do EBV esteja ajudando a mudar a maneira como as células B infectadas operam e como o corpo responde a elas.

Com base nessas informações, os cientistas descobriram que, dependendo de onde esses grupos de fatores de transcrição relacionados ao EBNA2 se ligam no código genético, aumenta o risco de algumas dessas doenças. 

Normalmente, pensamos nos fatores de transcrição que regulam a expressão do gene humano como sendo humanos. Mas, neste caso, quando este vírus infecta células, ele produz seus próprios fatores de transcrição, e estes se situam no genoma humano nas variantes de risco lúpico (e nas variantes de outras doenças) e é isso que suspeitamos estar aumentando o risco da mononucleose”, explicou Leah Kottyan, outra cientista envolvida no estudo.

Estas descobertas abrem novas linhas de estudo que podem acelerar os esforços para encontrar tratamentos que impeçam o vírus de atuar nas células, o que poderia levar a cura dessas doenças. Entretanto, os pesquisadores informam que será preciso muito tempo para alcançar esses objetivos.

FONTE:https://veja.abril.com.br/saude/virus-da-doenca-do-beijo-pode-causar-outros-6-problemas-de-saude/