TOC não é brincadeira. entenda como funciona o transtorno...

29 out 2017

A condição ainda está, infelizmente, cercada de tabus...
Pensamentos que não saem da mente acompanhados de rituais complexos e rígidos comprometem a qualidade de vida de quem tem transtorno obsessivo compulsivo...


Jenifer checa a escova de dentes diversas vezes no banheiro para ter certeza de que não engoliu o objeto. Caio passou três horas em idas e voltas pela mesma ponte da Marginal Tietê, em São Paulo, sem conseguir chegar ao seu destino. 

Gleyce teve um ataque de choro ao ver uma panela suja na pia de sua casa. 

Esses são exemplos reais de pessoas com transtorno obsessivo compulsivo (TOC), uma condição psiquiátrica que atinge ao redor de 8 milhões de brasileiros.

Os três fazem parte de um grupo de discussão sobre o tema no Facebook, que conta com mais de 12 mil participantes. Eles aceitaram, junto com outras 37 pessoas, falar sobre o impacto da doença em suas vidas para esta reportagem – você confere os depoimentos ao longo dela.

“O TOC me desconcentra, bagunça minhas relações e faz com que eu fique viciada em tópicos específicos. Me sinto um disco quebrado, com um fantasma que não me deixa viver o presente.”

Claudia, 28 anos
   
O ponto que une todos os relatos é a frustração com o preconceito que existe sobre o TOC. Muitos ainda se incomodam com o senso comum, que encara o assunto como piada ou uma coisa fácil de ser superada. Não é, não.

Trata-se de um quadro de difícil manejo, marcado por pensamentos inconvenientes que invadem a cabeça sem aviso prévio. 

Eles são seguidos por um rito ou um comportamento repetido, que serve de escape para acalmar a mente. 

“É o caso do sujeito com um pavor irracional de bactérias que deixa de tocar em maçanetas e lava as mãos compulsivamente para não se contaminar”, exemplifica o médico Antônio Geraldo da Silva, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Apesar de afetar tanta gente, pouco se sabe sobre as origens do problema. “Acreditamos que ele seja o resultado da interação de uma falha genética com fatores ambientais”, conta o psiquiatra Leonardo Fontenelle, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Situações como traumas no parto, abuso nos primeiros anos de vida e até infecções estão associadas à gênese do transtorno.

A infância e a adolescência, aliás, são os períodos-chave para o aparecimento dos sintomas iniciais em mais da metade das vezes. Outras fases e momentos, como o nascimento de um filho, também contribuem: pais e mães predispostos podem desenvolver uma preocupação doentia com o bebê que acabou de vir ao mundo.

O TOC no Brasil

Uma boa notícia é que o Brasil está na vanguarda científica e obteve avanços memoráveis no que se sabe sobre o transtorno. Em 2003, experts de diversas universidades se reuniram para formar um time voltado exclusivamente a pesquisar o TOC. Eles entrevistaram 1 001 portadores espalhados pelos quatro cantos do país.

A partir das informações, montaram o maior banco de dados sobre o tema do mundo. “Esse esforço coletivo já gerou mais de 50 artigos científicos e permite fazer conclusões certeiras que vão beneficiar diretamente essa comunidade”, comemora o médico Euripedes Constantino Miguel, professor titular de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e fundador do consórcio.

Um dos principais achados foi a relação do TOC com uma série de distúrbios psiquiátricos: 

68% dos respondentes sofriam ao mesmo tempo com depressão, 63% conviviam com quadros de ansiedade generalizada e 35% foram diagnosticados com fobia social. Ou seja: por aqui, ter mais de uma encrenca mental é regra, e não exceção, o que modifica o tratamento receitado.

“Os levantamentos ainda mostraram que um terço dos pacientes já teve desejos de se suicidar e 10% haviam efetivamente tentado se matar, o que reflete a gravidade desses pensamentos e comportamentos”, acrescenta o psiquiatra Ygor Arzeno Ferrão, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.

É TOC ou não?

Mas como diferenciar uma pessoa com TOC daquela que apenas gosta das coisas devidamente organizadas? “Se os rituais começam a tomar tempo, interferem na qualidade de vida, atrapalham a capacidade de estudar e trabalhar ou geram angústia e solidão, é preciso buscar ajuda”, responde a psiquiatra Albina Rodrigues Torres, da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista. 

A preocupação se inicia quando eles ocupam mais de uma hora por dia e fazem o indivíduo se atrasar ou até desistir de seus compromissos.

E é aí que deparamos com outro dilema: 

a demora entre o início do transtorno e o seu diagnóstico. “A média é de dez a 14 anos para procurar o médico, o que faz do TOC a doença do segredo”, lamenta a psiquiatra Roseli Gedanke Shavitt, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Os gargalos são a falta de conhecimento dos próprios profissionais de saúde sobre a enfermidade e, mais uma vez, o estigma de ser tachado de “louco” numa sociedade que não encara as condições psiquiátricas com muito respeito. “O paciente compreende que suas atitudes são absurdas e os ritos desnecessários, mas não consegue deixar de segui-los”, esmiúça Roseli.

“Tenho considerado a ideia de largar o emprego e a vida social. Assim, me dedicarei completamente às minhas manias.”

Joana, 26 anos
   
O tratamento

A partir do diagnóstico, feito no consultório por meio de uma conversa e uma avaliação, o médico começa a traçar a rota de recuperação. “A primeira coisa a se fazer é a psicoeducação para explicar direitinho o que é o TOC, suas características e seus riscos”, diz a psiquiatra Maria Conceição do Rosário, da Universidade Federal de São Paulo.

Na sequência, vêm a terapia cognitivo-comportamental e os remédios da classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina, normalmente prescritos no combate à depressão. A união dessas duas estratégias em um tratamento de longa duração é a que costuma trazer os melhores resultados – cerca de 60% mantêm um bom controle com o esquema.

Para ter sucesso, é necessário abrir o olho para as doenças que seguem de mãos dadas ao transtorno, como a fobia social e a bipolaridade. “Algumas delas pioram se forem utilizados determinados medicamentos, o que demanda adaptações nas doses e na escolha do fármaco”, avisa o psiquiatra Pedro Antônio do Prado Lima, do Instituto do Cérebro da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Não dá pra se esquecer da família nesse processo. Muitas vezes, os parentes participam dos rituais, pois sabem que desobedecer as regras do indivíduo desemboca em atritos. 

O correto seria não ceder a exigências e manias. “Ele até pode ficar ansioso ou agressivo, mas isso vai durar pouco. Se compactuar com as compulsões, todos se tornam reféns do TOC para sempre”, recomenda Ferrão. 

O esforço de negar as vontades e agir com firmeza deve ser orientado pelo profissional de saúde. Ao longo das terapias, o paciente é incentivado a questionar seus pensamentos e modificar os comportamentos.

A ciência não está satisfeita e se debruça sobre uma lista grande de novas possibilidades terapêuticas. O mindfulness, técnica de atenção plena que se inspira em alguns conceitos da meditação, mostrou ótimo desempenho em pesquisas e surge como um potencial complemento aos comprimidos.

“Existem perspectivas sobre a neuromodulação, que estimula ou inibe regiões do cérebro com eletricidade ou ondas magnéticas”, vislumbra a psiquiatra Juliana Belo Diniz, do Hospital das Clínicas paulistano. Alguns apostam até na implantação de marca-passos e eletrodos na massa cinzenta para os casos que não reagem às alternativas disponíveis.

Porém, de nada vai adiantar essa batelada de tecnologias se as pessoas prejudicadas não puderem falar abertamente sobre o assunto e procurarem ajuda especializada. Leda Sampaio, de 37 anos, não conseguia mais ficar sozinha com seus filhos após sofrer um trauma nove anos atrás. Depois de cinco anos de altos e baixos, buscou apoio e, hoje, se sente bem melhor. “Há uma vida toda nos esperando depois do TOC”, declara. Sábio conselho de quem viu, viveu e está vencendo suas próprias obsessões.

“Infelizmente, o TOC é visto como bobagem ou frescura. Até dentro de casa temos que ouvir piadinhas…”

Giselle, 41 anos
   
Manifestações diferentes do TOC

Tudo precisa ficar estritamente organizado, alinhado, ordenado… Algo que fuja do padrão gera calafrios e irritação. Eis um dos principais subtipos do transtorno.
Há aqueles que criam um medo gigante de contaminação. Isso os impede de tocar em portas e corrimões. Existe uma dificuldade de visitar lugares como hospitais e cemitérios.
Um terceiro grupo não sai de casa sem olhar várias vezes a fechadura, o gás ou as torneiras. Eles cumprem uma maratona de ritos e cultos que demoram desde minutos até algumas horas.

E os acumuladores?

Por décadas, quem não jogava nada no lixo era classificado de obsessivo compulsivo. Mas o critério mudou, e hoje essa enfermidade é reconhecida como um problema independente. No TOC, esse sintoma até aparece, mas é um fator secundário a outros comportamentos.

A importância da atividade física no tratamento da fibromialgia...

26 out 2017

Dor difusa, sono ruim e cansaço extremo são os principais sintomas da fibromialgia...
Novos achados sedimentam o papel dos exercícios no controle dessa síndrome dolorosa. Entenda o porquê — e mexa-se!


Logo que recebeu o diagnóstico de fibromialgia, Ângela Andrade, de 53 anos, não titubeou: seguiu as recomendações e deu um jeito de incluir os exercícios na agenda. Passou por alguns treinos na academia. 

Não se entusiasmou. Tentou a natação, mas pulou fora da piscina rápido. O medo da água foi mais forte. Persistente, descobriu-se na dança de salão, que pratica, feliz da vida, há quatro anos.

Desde então, o pilates também faz parte de sua rotina. “Se ela fica algum tempo sem as aulas, as dores ressurgem, assim como a insônia e a irritabilidade”, nota o educador físico Bruno Gion Cerazi, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, que, confessa, deu um empurrãozinho para que sua mãe deixasse o sedentarismo de lado.

A prática regular de atividade física é uma das estratégias mais eficazes para controlar sintomas típicos da síndrome, como a dor que se espalha por diferentes partes do corpo, a fadiga e o sono ruim. E uma novíssima revisão de estudos, realizada pelo centro de análises de pesquisas Cochrane, vem chancelar essa indicação.

Os cientistas esmiuçaram 13 trabalhos que, ao todo, envolveram 839 pacientes. E focaram no tipo de exercício mais democrático de todos, o aeróbico. Falamos de caminhada, corrida, ciclismo, natação, hidroginástica, dança, entre outros. Concluíram que movimentar o corpo diminui a rigidez, melhora o condicionamento e o ânimo e — olha que maravilha! — reduz as dores. Um remédio e tanto para a qualidade de vida.

De onde vêm esses efeitos terapêuticos? 

A atividade física incentiva a liberação de substâncias do próprio organismo que agem como analgésicos naturais, caso das endorfinas. Isso colabora inclusive para melhorar as noites de sono. “Os exercícios também realocam as fibras nervosas envolvidas na sensação de dor.

Ou seja, fazem com que elas passem a desempenhar outras funções, como transferir informações sobre o equilíbrio, o tato ou a temperatura do ambiente, o que diminui o tráfego de impulsos dolorosos para o cérebro”, explica o reumatologista Roberto Heymann, da Universidade Federal de São Paulo. É para suar a camisa ou não é?

Não é de hoje que a atividade física exerce papel de destaque frente à fibromialgia, condição que acomete cerca de 5 milhões de brasileiros. No século passado, médicos já observavam que o sedentarismo piorava as dores e suas outras manifestações.

Ocorre que, mesmo atualmente, com a crescente comprovação e disseminação de que as práticas esportivas fazem um bem danado, tem gente achando que a síndrome não passa de uma invenção da cabeça — e isso tem a ver com o fato de ela ainda estar cercada de mistérios, não totalmente decifrados.

Resumindo, o que sabemos é que a fibromialgia é fruto de uma falha no funcionamento das fibras que transmitem a dor. O sistema nervoso de quem tem a condição é extremamente sensível — daí a sensação dolorosa sem motivo aparente. Tem mais uma peça nessa história, um desequilíbrio bioquímico lá no cérebro. Em função disso, a tendência é que neurotransmissores associados ao bem-estar e ao controle da dor, como a serotonina e a dopamina, estejam em baixa. E aqueles que favorecem o desconforto, adivinhe, fiquem em alta.

Todo esse desarranjo nervoso está por trás do sofrimento físico e psíquico. Não existe, portanto, “doente imaginário” por aqui. A população feminina pena bem mais com o perrengue: estima-se que são sete mulheres afetadas para cada homem, sendo a faixa etária mais prevalente entre 30 e 50 anos. Não se crava uma explicação definitiva para essa desproporção, mas se desconfia de que fatores genéticos e hormonais sejam os responsáveis.

“Além da dor difusa, pacientes relatam fadiga, problemas de sono, déficits de memória e concentração e até intestino irritável”, enumera a anestesiologista Alexandra Raffaini, da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas em Dor. A depressão também é comum e chega a agravar os suplícios físicos. Não à toa, o uso de medicamentos antidepressivos faz parte do tratamento na maioria dos casos.

Remédios, porém, não operam milagres sozinhos. Por isso, o fisioterapeuta Maurício Garcia, do Instituto Cohen de Ortopedia, na capital paulista, e outros especialistas ressaltam a importância de uma abordagem multidisciplinar, que envolva psicoterapia e um trabalho físico. “Deve-se tentar reduzir a ansiedade produzida pela doença, explicando ao paciente e à sua família que, embora a dor seja intensa e real, não há lesão nas articulações”, diz Garcia.

Suave, suave… e sempre

Os exercícios compõem o plano terapêutico contra a fibromialgia, mas, para tanto, devem constar no receituário médico e, se possível, contar com supervisão profissional. O primeiro passo é convencer uma pessoa que já está sofrendo com dor e cansaço de que mexer o esqueleto não vai piorar as coisas — pelo contrário!

“Quando há consciência de que o combate ao sedentarismo pode servir como base do tratamento, vêm o esforço e a persistência”, defende o reumatologista Diogo Souza Domiciano, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

A palavra-chave no começo dos treinos é calma. “Dependendo do grau de condicionamento, o início pode desencadear desconfortos. Por isso, uma boa orientação durante a prática é bem-vinda”, sinaliza Domiciano. Respeitar os limites e não pegar pesado é outra lei para evitar lesões. Assim como fez a dona Ângela, o ideal é buscar a atividade que mais lhe agrada. Vale pedalar, nadar, caminhar no parque… Os benefícios vêm de brinde.

O educador físico Bruno Cerazi lembra: “Para ter sucesso, é preciso saber aonde se quer chegar, criar objetivos”. Outro ensinamento do professor é estabelecer uma rotina para treinar, se alimentar e dormir. Já não faltam estudos atestando que incorporar os exercícios ao cotidiano silencia as dores e desperta a qualidade de vida. Com força de vontade e uma dose de suor, fica mais fácil chegar ao tão sonhado alívio.

Os benefícios de caminhada, natação e companhia

Menos dor
Em seis semanas dá pra notar esse efeito. Um dos motivos é que a atividade física estimula a produção dos nossos analgésicos naturais.

Mais disposição
Quem se mexe tem ânimo e condicionamento para situações corriqueiras como subir escadas ou brincar com as crianças.

Menos rigidez
Os exercícios contribuem com a flexibilidade, diminuindo a rigidez muscular e as contraturas, sobretudo pela manhã.

Menos fadiga
Treinos aeróbicos trabalham a respiração e o sistema cardiovascular, deixando o organismo mais tolerante aos esforços.

Mais bem-estar
O aumento na oferta de neurotransmissores associados ao prazer melhora o humor e a autoestima, espantando a deprê.

Quais atividades fazer?

Aeróbicas 
Pedalar, caminhar, trotar… Fazer um exercício aeróbico três vezes por semana ajuda a manter o peso e a liberar nossos analgésicos naturais.

Musculação
Já há provas de que treinos de resistência, com orientação e sem sobrecargas, melhoram a situação. Duas vezes por semana estariam
de bom tamanho.

Pilates
O método trabalha a boa postura, a flexibilidade, o equilíbrio e a respiração. Só é preciso respeitar os limites do corpo, por favor.

Na água
Os exercícios no meio líquido são bacanas por absorver o impacto. Natação ou hidroginástica ainda favorecem a manutenção do controle das dores.

Alongamento
Embora não existam tantos estudos sobre essa técnica no tratamento da fibromialgia, há indícios de que ajudam a contornar a rigidez.

As bases do tratamento contra a fibromialgia

Remédios
Antidepressivos e neuromoduladores são os mais usados, já que auxiliam a regular os neurotransmissores.

Psicoterapia
A linha cognitivo-comportamental ajuda bastante, pois coloca o indivíduo como parte ativa do tratamento.

Fisioterapia
Algumas técnicas e recursos diminuem a dor, a fadiga e a rigidez. A correção da postura também colabora.

Terapias complementares
Há pistas de que acupuntura, meditação e massagem somam forças ao controle dos sintomas físicos e psicológicos.

Biogen anuncia o início do estudo Affinity, de fase 2, de opicinumabe (anti-lingo-1), medicamento para esclerose múltipla...

26 de outubro de 2017


Potencial do anticorpo monoclonal humano direcionado contra LINGO-1 está sendo avaliado para melhorar a incapacidade preexistente em pacientes com Esclerose Múltipla Recorrente Remitente (EMRR) por remielinização

Análise abrangente dos dados do estudo clinico anterior, SYNERGY, identificou uma população específica de pacientes que necessita aprofundamento das análises do opicinumabe
São Paulo, 25 de outubro de 2017 – A Biogen (NASDAQ: BIIB) anunciou hoje o início recente do estudo clínico AFFINITY, de Fase 2. O estudo foi proposto para avaliar o opicinumabe como terapia complementar em investigação, sendo utilizado em pessoas com EMRR. O estudo segue a ampla análise do estudo SYNERGY, de Fase 2, que identificou um grupo específico de pacientes portadores de EMRR mais propenso a responder ao tratamento.

Esses dados estão sendo apresentados no MSParis2017, a sétima Reunião Conjunta do Comitê Europeu para Tratamento e Pesquisa de Esclerose Múltipla e do Comitê das Américas para Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla (ECTRIMS-ACTRIMS, de 25 à 28 de outubro, em Paris, França).

A análise post-hoc dos dados do estudo SYNERGY indicou um aumento do efeito clínico do opicinumabe versus placebo (quando utilizado concomitante injeções intramusculares de betainterferona 1a) em pacientes que apresentam períodos mais curtos de doença nos quais a ressonância magnética revelou determinadas características de integridade e preservação cerebrais, que sugerem um substrato capaz de reparar as lesões de EM, através da remielinização.[1]

“Como parte do nosso compromisso com a comunidade de EM, a Biogen continua se dedicando ao tratamento da doença e a investir na pesquisa de última geração para compreender o potencial terapêutico de reparar os danos causados pela EM”, ressalta Marcelo Gomes, Diretor Médico da Biogen no Brasil. “Os dados do estudo SYNERGY sugerem evidências de que o opicinumabe, que demonstrou propriedades de remielinização em um estudo anterior de Fase 2, possa ter efeito no tratamento de determinados pacientes.”

O recém-iniciado AFFINITY é um estudo de Fase 2, multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, e visa a inclusão de 240 pessoas com EMRR. Ele avaliará o opicinumabe como terapia complementar em pacientes que estão adequadamente controlados por sua terapia anti-inflamatória modificadora da doença (DMT) versus DMT isolada. O endpoint (objetivo) primário do estudo, Pontuação da Resposta Global (SRO), é uma medida integrada da melhora e da piora da incapacidade ao longo do tempo.

“Ao analisar os resultados do estudo SYNERGY, descobrimos quais pacientes com EMRR podem obter melhor resposta ao opicinumabe, e isso se tornou um componente significativo do desenho do estudo AFFINITY”, disse o professor Gavin Giovannoni, chefe de Neurologia na Blizard Institute, Barts e na London School of Medicine and Dentistry.

Sobre a Biogen
Por meio da ciência e medicina de ponta, a Biogen descobre, desenvolve e oferece terapias inovadoras em todo o mundo para pessoas que vivem com doenças neurológicas e neurodegenerativas graves. Fundada em 1978, a Biogen é pioneira em biotecnologia, e hoje a empresa possui o portfólio líder de medicamentos para tratar a esclerose múltipla, introduziu o primeiro e único tratamento aprovado para a atrofia muscular espinhal e é líder em pesquisa na área neurológica para patologias como doença de Alzheimer, doença de Parkinson e Esclerose Lateral Amiotrófica. A Biogen também fabrica e comercializa biossimilares de produtos biológicos avançados. Para mais informações, visite www.br.biogen.com.

[1] Conforme medido pela razão de transferência de magnetização (MTR) e imagem por tensor de difusão – difusividade radial (DTI-RD).

Doenças sem tratamento adequado podem causar surdez...

2017-10-25

Todo mundo sabe que cuidar da saúde é fundamental, mas nem todo mundo segue o tratamento adequado para debelar uma doença. 

Completar o ciclo para tomar os remédios receitados, voltar ao médico para uma segunda consulta de revisão, repousar quando é preciso, são exemplos de cuidados que muitas vezes não são seguidos à risca pelos enfermos. 

O que as pessoas que costumam deixar o tratamento de lado ao primeiro sinal de melhora precisam saber é que muitas doenças que aparentemente parecem simples podem deixar sequelas para a vida toda. E uma das sequelas é a perda de audição.

A otite, por exemplo, muito comum em crianças, a princípio não é grave, se for tratada corretamente. Causada por bactéria ou vírus que leva ao acúmulo de líquido atrás da membrana timpânica, a otite pode ser decorrente de resfriado, alergia ou infecção respiratória. 

Por causa do excesso de secreção, o tímpano deixa de receber as vibrações de forma correta, resultando em problemas auditivos temporários. 

Porém, se a pessoa tiver a doença com frequência e não tratá-la corretamente para por fim à secreção, a perda de audição pode se tornar definitiva.

Uma das sequelas do sarampo pode ser a otosclerose, que é o crescimento anormal do estribo – um dos ossos do ouvido médio – impedindo que estruturas dentro do ouvido trabalhem de forma correta. O estribo, geralmente de um dos ouvidos, deixa de vibrar e o som não consegue passar, prejudicando a audição. 

A doença também é comum em grávidas. A vítima mais famosa de perda auditiva causada por otosclerose foi o músico alemão Ludwig Van Beethoven, cuja enfermidade o impediu de ouvir suas últimas composições.

Outras doenças como esclerose múltipla, lúpus, doença de Peget, meningite, doença de Ménière, pressão alta ou diabetes também podem causar perda auditiva; bem como o Tinnitus – o famoso zumbido –, excesso de cera ou a presença de um corpo estranho dentro da orelha, que podem causar inflamação no ouvido médio.

“Cuidar da saúde auditiva é tão importante quanto cuidar do resto do corpo, pois uma boa audição facilita a comunicação e a interação com amigos e parentes, trazendo mais alegria de viver”, comenta a fonoaudióloga Isabela Carvalho, da Telex Soluções Auditivas.

Uma vez diagnosticada a perda auditiva, é preciso buscar ajuda de um médico otorrinolaringologista, já que a deficiência não impede que o indivíduo leve uma vida normal. A grande maioria dos casos de surdez pode ser tratada com o uso de aparelhos auditivos. Diversos artistas famosos têm perda auditiva e nós nem mesmo sabemos. O modelo Davi Bona, por exemplo, que estreou no São Paulo Fashion Week em agosto deste ano e fez o maior sucesso, é deficiente auditivo. Ele teve meningite bacteriana aos sete meses e ficou com a sequela.

Em Hollywood, muitos famosos fazem uso de aparelhos auditivos após terem a audição comprometida. A atriz Jodie Foster usa aparelhos nos dois ouvidos e já foi fotografada diversas vezes com eles. Halle Berry, Holly Hunter, Robert Redford, Rob Lowe e Jane Lynch são mais alguns exemplos. O ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, também é usuário das próteses e as usa sem preconceito, afirmando inclusive que foram de extrema importância em sua vida de homem público.

“O uso de aparelhos auditivos tem proporcionado uma audição mais natural, resultando em melhorias significativas na qualidade de vida do indivíduo. 

Já existem modernos aparelhos, com design atrativo e som digital, que garantem uma audição perfeita e sem constrangimentos – pois são praticamente invisíveis no ouvido – mesmo para aqueles que têm perda de audição severa”, conclui a fonoaudióloga.

6 maneiras de treinar seu cérebro a lidar com a ansiedade, mal que afeta 13 milhões de brasileiros...

22 OUT2017



Transtornos de ansiedade exigem acompanhamento especializado, mas é possível desenvolver habilidades para minimizar seus impactos no cotidiano...

No ano passado, 6,4% da população brasileira sofria com transtornos do tipo, bem mais que a média global, de 3,9%, de acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS).


Mas o que é um transtorno de ansiedade e como diferenciá-lo da ansiedade natural? 

De acordo com Olivia Remes, doutoranda e pesquisadora do Departamento de Saúde Pública e Cuidados Primários da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, transtornos de ansiedade generalizada são caracterizados por sensações frequentes de medo, inquietação, e de "sentir-se no limite".

"Quando uma pessoa tem um prazo apertado ou uma emergência no trabalho, ela se sente ansiosa e isso é normal. Mas há pessoas que se preocupam com cada ponto de suas vidas e não conseguem se livrar disso", explica. "Pessoas com esse transtorno se preocupam muito mais frequentemente e com mais intensidade que aquelas com uma boa saúde mental."

Apesar dos distúrbios de ansiedade serem um problema sério, que muitas vezes demanda acompanhamento com especialistas, é possível desenvolver habilidades para lidar com o transtorno.

Abaixo, Remes compartilha diferentes estratégias para enfrentar o problema, com base em um estudo recente que liderou.

1 - Monitore os seus pensamentos

Quem sofre com transtornos de ansiedade geralmente se vê tomado por pensamentos negativos que invadem a mente sem aviso. "Pessoas com transtornos de ansiedade são pessimistas. Elas acreditam que algo ruim está prestes a acontecer, mesmo que não haja nenhuma evidência que aponte para isso. Elas temem o futuro e acham muito difícil evitar esse tipo de preocupação", descreve a pesquisadora.

Para contornar tal situação corriqueira aos ansiosos, Remes sugere não lutar contra os pensamentos negativos, mas escolher uma hora do dia como o "momento da preocupação" e se permitir um período limitado de tempo para ruminar. Como exemplo, Remes recomenda designar o horário das 16h para as preocupações e dar a si mesmo 20 minutos para preocupar-se.

"A literatura psicológica mostra que nossos pensamentos murcham se não os alimentamos com energia. Ao empurrar esses pensamentos para um outro momento do dia, quando você chegar no momento designado para a preocupação, eles talvez não pareçam tão confusos ou preocupantes como pareciam quando brotaram em sua mente pela primeira vez", explica Remes.

2. Faça atividades físicas e pratique meditação

A famosa citação latina "uma mente sã num corpo são" não é gratuita. Saúde mental e física são codependentes, afirma Remes, e a prática de exercícios físicos é um aliado essencial para o bem-estar psíquico. Em conjunto com exercícios regulares, a meditação consciente também pode ajudar mentes ansiosas.

Um estudo da Universidade de Nova Jersey, publicado recentemente na revista Nature, mostrou que apenas duas sessões semanais de meditação e atividades físicas, de 30 minutos cada, reduziram drasticamente sintomas depressivos nos 52 participantes da pesquisa. Os pesquisadores concluíram que, ao cabo de oito semanas, além de auxiliar aqueles com depressão, a prática também poderia ser útil para aqueles que tendem a ruminar pensamentos, algo comum entre os ansiosos.

"Eu realmente fiquei muito surpresa com esse estudo, com o quanto essas mudanças de hábito podem ter um impacto tão grande", afirma Remes. "Quando você se exercita, você diminui seus níveis de ansiedade e você tem mais energia. Você simplesmente se sente melhor como um todo", aponta.

3. Encontre um propósito - nem que seja cuidar de seu animal de estimação

Em 1946, o médico austríaco Viktor Frankl publicou o livro Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração, no qual narrou suas experiências como prisioneiro em Auschwitz. Frankl também analisa a resposta psicológica de diferentes prisioneiros expostos ao campo de concentração nazista e argumenta que encontrar sentido no cotidiano é uma forma de lidar com a adversidade.

De acordo com Remes, pessoas com distúrbios de ansiedade muitas vezes não conseguem identificar um propósito claro em suas vidas e nem sempre acreditam que vale a pena investir esforços para endereçar os desafios que encontram. Em seu estudo recente sobre níveis de ansiedade em mulheres que vivem em situações de privação econômica, Remes encontrou que aquelas que tinham senso de coesão, de propósito e que enxergavam sentido em suas vidas, tinham menos distúrbios de ansiedade, mesmo vivendo situações difíceis.

Para a pesquisadora, as lições de Frankl, mesmo extraídas de uma experiência dramática, são um mecanismo útil para aqueles que sofrem com ansiedade. "Nos relatos de Frankl, um traço de personalidade que diferenciava os prisioneiros eram aqueles que conseguiam manter um propósito mesmo naquela situação. Para um era saber que sua filha o aguardava, então ele precisava sobreviver para ela e isso lhe deu esperança. Para outra, era saber que ela tinha um trabalho importante para finalizar", afirma.

No cotidiano, ter a sensação de que você é necessário para a vida de outra pessoa ou para uma atividade específica auxilia na construção de propósito. Tal senso de conexão pode ser traduzido em atividades de voluntariado, em cuidados com um familiar enfermo, na educação de uma criança ou mesmo nos cuidados com um animal de estimação, aponta Remes.

"Quando você coloca seu foco em algo além de você, esse ato te ajuda a dar um tempo de si mesmo", explica. "Ter outras pessoas em mente é muito importante, porque torna um pouco menos penoso passar pelos momentos mais difíceis."

4. Veja o lado bom da vida (por mais que isso seja desafiador)

Por mais clichê que possa soar, adotar uma atitude positiva perante à vida, com foco nos aspectos bons ao invés dos ruins, é essencial para lidar com a ansiedade. Para domar a mente e espantar os pensamentos negativos, Remes recomenda olhar para elementos que te dão prazer, ao invés daqueles que te irritam ou que te deprimem.

Embora controlar quais pensamentos te veem à mente seja impossível, é possível dialogar com eles uma vez que se fazem presente. Se, ao chegar em um ambiente, algo negativo te chamar a atenção, busque encontrar algo que seja positivo. Se no caminho para o trabalho o trânsito estiver estressante, busque ouvir uma música que te conforte - ou mesmo mude a maneira de se deslocar ao trabalho. Essa atitude positiva perante os pequenos momentos da vida tendem a reverberar também no bem estar emocional do indivíduo, aponta Remes.

Nas situações em que pensamentos negativos intensos invadem a mente, focar em outras atividades do corpo, como a respiração, também é uma forma de amenizar seus efeitos. "Reconheça que esses pensamentos catastróficos que vêm à mente, que te fazem se sentir péssimo, são apenas eventos mentais que irão passar", diz Remes.


5. Viva no presente

A prática de ruminar pensamentos e ser constantemente tragado por memórias do passado tende a alimentar a ansiedade. Preocupar-se com o que pode ocorrer no futuro também pode deixar o indivíduo mais ansioso. Embora muitas vezes esses pensamentos sejam difíceis de controlar, Remes aponta que é importante manter um foco constante no que você está fazendo agora.

"Estudos mostram que, quando nós vivemos no passado, revivendo memórias antigas, essa atitude nos deixa depressivos e menos felizes. Na verdade, ficamos mais felizes quando vivemos no momento presente. Se você está trabalhando, simplesmente foque naquilo que você está fazendo. Simplesmente viva no presente", diz.

6. Busque terapia

Nem sempre é possível lidar sozinho com distúrbios de ansiedade, e a terapia é uma grande aliada para melhorar a saúde mental. Em casos assim, uma possibilidade é a terapia cognitivo-comportamental, cujo princípio básico é buscar uma postura construtiva do paciente.

Nesse sistema de psicoterapia, a hipótese central aponta que a forma como entendemos eventos internos e externos - e não o evento em si - é que determina nossas respostas emocionais e comportamentais.

De acordo com Remes, a solução é preferencial ao consumo de medicamentos, quando for possível optar. "Em muitos casos, medicamentos não funcionam, ou funcionam apenas no curto prazo e os problemas retornam depois de um tempo", aponta. Para a pesquisadora, trabalhar para desenvolver habilidades de enfrentamento à ansiedade e buscar terapia são as melhores formas de lidar com o transtorno.

Doenças neurodegenerativas. É preciso valorizar sintomas para um diagnóstico precoce...

21 out, 2017

Cerca de 500 pessoas, entre médicos, investigadores, enfermeiros, terapeutas, técnicos sociais, estudantes, responsáveis associativos, doentes e cuidadores estiveram reunidos em Torres Novas.


A intervenção médica nas doenças neurodegenerativas é geralmente tardia e é preciso apostar no diagnóstico precoce, de forma a travar a evolução rápida, que põe em causa o bem-estar e a qualidade de vida dos doentes, cuidadores e famílias.

Esta foi uma das conclusões do 1ª Encontro Nacional Alzheimer, Parkinson e Esclerose Múltipla, que decorreu esta sexta-feira no Palácio dos Desportos, em Torres Novas.

Isabel Ambrósio, directora do Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar do Médio Tejo, sublinhou que estas doenças (Alzheimer, Parkinson e Esclerose Múltipla) “não são curáveis, são tratáveis. E quanto mais cedo houver um diagnóstico, menos serão os custos a todos os níveis - para os doentes, as famílias, o Estado e a sociedade”.

Por isso, a neurologista considera que o papel da família é fundamental. 

“É preciso estar atento. Continuamos a não valorizar alguns sintomas”. Também importante é o papel do médico de família, para identificar os sinais e encaminhar para os especialistas, facilitando e apressando a intervenção neuro-psicológica.

No encontro foi feita uma caracterização destas três doenças e as respostas que têm sido dadas pelo sistema de saúde, com tratamento medicamentoso ou intervenção não farmacológica.

Nas situações em que há diagnóstico precoce, os doentes conseguem, em geral, travar a evolução, se devidamente acompanhados. 


Mas essa ainda não é uma realidade para a maior parte das pessoas, frequentemente, por desconhecimento e/ou desvalorização dos sintomas. 

Isso mesmo foi referido pelos doentes e cuidadores de Alzheimer, Parkinson e Esclerose Múltipla, que partilharam as suas experiências.

Apostar na informação para acabar com os preconceitos

Idalina Aguiar (Alzheimer), João Pedro Belo (Parkinson) e Manuel Garcia Subtil (Esclerose Múltipla) fizeram também questão de mostrar que é preciso ter vontade de dar luta à doença. E a adopção de atitudes positivas ajuda. O que nem sempre é fácil porque, muito frequentemente, a sociedade reage mal e de forma preconceituosa aos comportamentos manifestados pelos doentes.

Elsa Curado, cuidadora do marido, com Esclerose Múltipla, lembrou as vezes em lhe perguntavam se Pedro andava “sempre bêbedo” ou que olhavam de lado quando o viam passar a cambalear.

O jornalista Fernando Correia confessou que chorou pela primeira vez quando numa sapataria as empregadas chamaram “maluca” à sua companheira (na altura já com sintomas de Alzheimer) depois de ter experimentado dezenas de pares de sapatos sem levar nenhum.

Experiências dolorosas que são fruto da falta de informação da sociedade em geral relativamente aos sintomas e manifestações das doenças neurodegenerativas.

Por isso, a necessidade de sensibilizar, divulgar e informar doentes e cuidadores foi referida por diversos oradores e participantes. 

Uma área em que as associações, organismos públicos e do terceiro sector além dos media têm uma palavra a dizer para mudar mentalidades.

A união faz a força

Portugal tem cerca de 180 mil doentes com demência, dois terços dos quais, com Alzheimer. Os doentes de Parkinson rondam os 20 mil. 

Estas duas doenças estão ligadas ao envelhecimento. 



Mas a Esclerose Múltipla afecta sobretudo os adultos jovens, entre os 20 e os 40 anos. 

Mas há cada vez mais casos em adolescentes. Em Portugal há registo de cerca de oito mil pessoas com esta doença.

Deste 1º Encontro Nacional Alzheimer, Parkinson e Esclerose Múltipla saiu também a certeza de que se as respectivas associações têm de se unir e trabalhar em conjunto para conseguir melhores resultados e apoios para doentes e cuidadores.

 Estes, por exemplo, anseiam pela aprovação de um Estatuto do Cuidador.

Em Torres Novas estiveram cerca de 500 pessoas, entre médicos, investigadores, enfermeiros, terapeutas, técnicos sociais e estudantes. 

Mas também responsáveis associativos, doentes e cuidadores. E ficou clara a necessidade de dar continuidade à iniciativa. 

O presidente do município anfitrião, Pedro Ferreira, já mostrou disponibilidade em apoiar a realização do 2º Encontro.

Cerca de 65 mil pessoas têm lúpus no Brasil ...

18/10/2017 
Brenol diz que doença causa grande impacto em pacientes e familiares...


O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES ou apenas lúpus) pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, raça e sexo, porém atinge nove vezes mais mulheres que homens. Estima-se que cerca de 65 mil pessoas tenham a doença no Brasil. 

As principais vítimas são adultos jovens, entre 20 e 45 anos, sendo um pouco mais frequente em pessoas mestiças e afro-descendentes. 

O reumatologista Claiton Brenol, chefe do serviço de reumatologia do Hospital de Clínicas e coordenador do Serviço de Reumatologia do Mãe de Deus, diz que a enfermidade causa um grande impacto nos pacientes e familiares, pois grande parte é de mulheres jovens que estão em fases muito produtivas na sociedade, e que acabam tendo uma piora na qualidade de vida, tendo que conviver com uma doença que pode trazer dor, limitações nas suas atividades diárias e uso de medicamentos. 

"O apoio da família, do médico e de profissionais variados da saúde é fundamental", diz ele. 

O lúpus não tem cura, mas existem tratamentos que controlam bem a doença. 

Ele é uma doença inflamatória crônica, de origem autoimune, e os sintomas podem surgir em diversos órgãos, de forma lenta e progressiva (em meses) ou mais rapidamente (em semanas). 

São reconhecidos dois tipos principais de lúpus: o cutâneo, que se manifesta apenas com manchas na pele, e o sistêmico, no qual um ou mais órgãos internos são acometidos. 

Ainda não se sabe a causa da doença, mas fatores genéticos, hormonais e ambientais têm participação. 

Por isso, pessoas que nascem com susceptibilidade genética para desenvolver a doença, em algum momento, após uma interação com fatores ambientais (irradiação solar, infecções virais ou por outros micro-organismos), passam a apresentar alterações imunológicas. 

Segundo Brenol, os sintomas podem se apresentar de diversas formas, como cansaço, perda de apetite, desânimo, febre baixa, dor articular e manifestações de pele. 

Em situações mais graves, outros órgãos podem ser acometidos: rins, cérebro e pulmão, por exemplo. 

O reumatologista explica que o diagnóstico é confirmado por meio de exames de sangue e urina. 

Quando o exame fator antinuclear dá positivo, o diagnóstico é quase 100% específico.

Cuidados para as pessoas com a doença Tratamento com remédios e acompanhamento médico Evitar alimentos ricos em gorduras e o álcool (mas o uso de bebidas alcoólicas em pequena quantidade não interfere especificamente com a doença) Repouso adequado Evitar estresse Atenção rigorosa com medidas de higiene (pelo risco potencial de infecções) Pessoas com hipertensão ou problemas nos rins devem diminuir a quantidade de sal na dieta; e as com glicose elevada no sangue devem restringir o consumo de açúcar e alimentos ricos em carboidratos Suspender o tabagismo Medidas de proteção contra a irradiação solar Fazer atividade física 

Fonte: Sociedade Brasileirade Reumatologia 

Mulheres são as que mais sofrem com as enfermidades

Maioria dos registros de doenças autoimunes são entre pacientes femininas, embora não haja explicação clara dos motivos 

A maioria das doenças autoimunes afeta mais as mulheres que os homens, e ainda não há uma explicação clara dos motivos. 

O reumatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Autoimunidade, Carlos Alberto von Mühlen, acredita que a parte hormonal seja preponderante, com o hormônio feminino estrógeno atuando como facilitador do surgimento de imunidade contra o próprio corpo. 

Segundo ele, na artrite reumatoide, a proporção é de três mulheres doentes para um homem. 

No lúpus, sobe de nove para um. 

Nas crianças, aparecem a febre reumática, reumatismo associado às infecções por estreptococo da garganta, e as artrites juvenis. 

A febre reumática causa sopro no coração, lesões na pele, artrite, nódulos abaixo da pele, coreia (movimentos involuntários das extremidades) e febre elevada. 

Já as artrites juvenis podem se manifestar de várias formas, com inchaço das juntas e febre vespertina, manchas que vão e vêm na pele, ínguas pelo corpo, prostração, fraqueza e inflamações nos olhos. 

As doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do próprio corpo. 

Como as causas dessas doenças ainda são desconhecidas, os pesquisadores tentam estabelecer os mecanismos imunológicos básicos e a cascata de eventos que levam à inflamação, formação de anticorpos que erram o alvo (autoanticorpos) e que lesam os vários tecidos do corpo. 

O reumatologista diz que há muita investigação sobre as bases genéticas, quais os genes envolvidos nas doenças e quais os que conferem maior suscetibilidade. 

A epigenética também tem merecido atenção, ou seja, como o meio ambiente altera os genes de suscetibilidade, facilitando assim a autoimunidade", afirma ele, citando como exemplo a radiação ultravioleta do sol ou de lâmpadas fluorescentes, o cigarro e certos alimentos. 

A boa notícia são os avanços no tratamento. 

Nos últimos anos, houve uma revolução com a introdução das drogas biológicas, consideradas verdadeiras balas mágicas que têm como alvo as moléculas envolvidas nas inflamações. 

"Isto fez com que houvesse menor necessidade de uso de corticoides e de remédios imunossupressores, imunomoduladores e quimioterápicos, com grandes vantagens para o sucesso dos tratamentos e, claro, com menos para-efeitos", afirma Mühlen. 

Entre as doenças reumáticas mais comuns estão Artrite reumatoide, psoríase, artrite psoriásica, lúpus eritematoso sistêmico, tireoidites crônicas com hipotireoidismo, diabetes mellitus tipo I (dependente de insulina), doença celíaca (intolerância imunológica ao glúten), esclerose múltipla, uveítes (inflamação interna dos olhos) e espondilite anquilosante.

O exercício melhora a qualidade de vida para aqueles com esclerose múltipla?

20 de outubro de 2017

Um novo estudo investiga se o exercício físico melhora a capacidade funcional e a qualidade de vida para aqueles com diagnóstico de esclerose múltipla.

O que é esclerose múltipla?

A esclerose múltipla (MS) é uma doença auto-imune que causa danos ao sistema nervoso central, comendo longe na mielina, a camada gordurosa que cobre as células nervosas para isolá-las e permite que elas conduzam eficazmente os impulsos nervosos. 

Quando quantidades substanciais de mielina são perdidas, os sinais nervosos entre o cérebro e o corpo são interrompidos e a função muscular é interrompida ou perdida. 

Uma vez que a esclerose múltipla afeta o sistema nervoso central, praticamente qualquer função neurológica pode ser afetada negativamente.

A progressão crônica da MS resulta em sintomas como fraqueza muscular, perda de sensação, comprometimento do equilíbrio, coordenação, visão, aumento da incontinência e fadiga. 

Como resultado dessas deficiências, indivíduos com diagnóstico de EM podem, ao longo do tempo, sofrer uma diminuição na atividade física geral, o descondicionamento e uma perda prematura de independência.

A Importância da Atividade Física

Embora a deficiência relacionada ao processo da doença em si seja irreversível, a pesquisa realizada na última década forneceu evidências de que o exercício físico regular pode ajudar a reduzir e prevenir prejuízos resultantes do descondicionamento, como hipertensão, diabetes tipo 2 ou depressão.

Embora no exercício passado tenha sido desencorajado para pacientes com EM, surgiu um novo entendimento. 

Um resumo recente das diretrizes relevantes, publicado na BMC Neurology , detalhou a eficácia da atividade física regular como meio de reabilitação para pacientes com EM.

O Dr. Halabchi e seus colegas de Teerã, no Irã, informaram que o exercício apropriado pode causar melhorias notáveis ​​e importantes na aptidão aeróbia, força muscular, flexibilidade, equilíbrio, fadiga, cognição, qualidade de vida e função respiratória em pacientes com EM afetados por leve ou moderada incapacidade.

Eles relatam que os pacientes com esclerose múltipla podem se adaptar positivamente ao treinamento de resistência, o que pode resultar em fadiga e movimento melhorados. 

Exercícios de flexibilidade, como o alongamento dos músculos, podem diminuir a espasticidade e prevenir futuras contrações dolorosas. 

Exercícios de equilíbrio têm efeitos benéficos nas taxas de queda e um melhor equilíbrio.

Exercício: seguro e eficaz para melhorar a saúde física e mental

Eles concluem que o exercício deve ser considerado como um meio seguro e efetivo de limitar o processo de descondicionamento e otimizar o funcionamento físico e a saúde mental naqueles com esclerose múltipla, sem qualquer preocupação quanto ao desencadeamento ou exacerbação de sintomas de doença ou recaída.

Idealmente, cada programa deve prescrever não apenas exercícios, mas também a freqüência, duração, repetições e intensidade. 

Por último, eles recomendam que o rastreio abrangente do pré-exercício deve ser feito antes de projetar um programa de exercícios individualizado para atender às preferências, deficiências e objetivos específicos.

Escrito por Debra A. Kellen, PhD

FOI USADO TRADUTOR GOOGLE NESSA POSTAGEM...

Kit para diagnóstico aprimora o tratamento da artrite reumatoide...

 06/10/2017

Inflamação provoca inchaço e dor, podendo levar à erosão dos ossos e deformidades nas articulações do corpo...
Expressão de enzima indica chance de resistência a terapia contra inflamação nas articulações do corpo...

Pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP desenvolveu um kit diagnóstico que aperfeiçoa o tratamento da artrite reumatoide. 

O estudo do biomédico Raphael Sanches Peres mostra que os baixos níveis de uma enzima em células de defesa do organismo reduzem as chances de deter a inflamação, prejudicando a resposta à terapia contra a doença. 

Usando a enzima como biomarcador, o teste feito com o kit permitirá aos médicos escolher o tratamento mais indicado para a artrite. A pesquisa é uma das ganhadoras do Prêmio Tese Destaque USP 2017.

A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica que afeta as articulações do corpo, provocando inchaço e dor, podendo ainda levar à erosão dos ossos e deformidades nas articulações. 

Por ser uma doença autoimune, o sistema imunológico ataca por engano os tecidos saudáveis. 
“Na artrite reumatoide, há um comprometimento das funções de células T reguladoras (Tregs), que tornam-se incapazes de controlar a inflamação”, diz Peres. 

“Certamente esse é um dos fatores cruciais para o surgimento da doença, e por isso a manipulação de células Tregs tem sido apontada como um possível caminho para novos tratamentos.”

O metotrexato é hoje a terapia mais indicada para o tratamento da artrite reumatoide, em especial para pacientes recém-diagnosticados. 

“O fármaco aumenta os níveis de adenosina, que é um potente agente anti-inflamatório quando atua em seus receptores presentes na superfície das células inflamatórias”, descreve o biomédico. “A interação ativa uma via supressora nessas células, controlando o processo inflamatório e detendo a doença. No entanto, cerca de 40% dos pacientes não respondem ao tratamento, o que obriga a adoção de outras terapias, mais caras que o metotrexato.”

O pesquisador aponta que o objetivo do trabalho foi desvendar os mecanismos imunológicos e moleculares associados com a falha terapêutica do metotrexato em pacientes com artrite reumatoide. 

“Para isso, foi realizado um estudo prospectivo em pacientes artríticos, o que depois permitiu identificar possíveis biomarcadores capazes de prever a eficácia terapêutica do metotrexato nestes pacientes”, destaca.


Cerca de 40% dos pacientes não respondem à terapia mais comum para atrite reumatoide; estudo identificou marcador para facilitar escolha do tratamento ...

Resistência

A superfície das células Tregs apresenta uma alta expressão da enzima CD39, que atua na formação de adenosina. 

“O estudo demonstrou que o nível de expressão desta enzima em células circulantes de pacientes com artrite reumatoide é um biomarcador capaz de prever a capacidade do paciente em responder ao tratamento com metotrexato”, diz o biomédico. 

“Pacientes resistentes ao tratamento expressam significativamente menos moléculas de CD39 nas suas células Tregs do que aqueles que respondem à terapia, mesmo antes do início do tratamento.”

O trabalho também demonstrou a via de sinalização celular mediada pela citocina TGF-β que leva à indução da expressão da enzima CD39, e uma mutação no gene que expressa um tipo de receptor de TGF-β que compromete a ativação da via de sinalização em pacientes que não respondem ao tratamento, afetando consequentemente a expressão de CD39. 

“O uso da CD39 em células Tregs como biomarcador da eficácia terapêutica do metrotrexato pode trazer grandes benefícios para a qualidade de vida dos pacientes, evitando uma exposição desnecessária do paciente ao fármaco, e para otimizar a escolha das terapias disponíveis, ocasionando uma diminuição considerável dos custos com medicamentos e serviços hospitalares oferecidos durante o tratamento”, afirma Peres.

Biomédico Raphael Sanches Peres desenvolveu teste para pacientes com artrite reumatoide ...

O estudo propõe que pacientes recém-diagnosticados com artrite reumatoide e não submetidos a nenhum tratamento façam um teste laboratorial em centros médicos de referência, com o kit desenvolvido na pesquisa (composto de anticorpos conjugados a substâncias que emitem cores quando estimuladas por laser e soluções para marcação das células dos pacientes), com o intuito de determinar o grau de expressão de CD39 em células Tregs. 

“Pacientes que apresentarem uma expressão reduzida de CD39 em células Tregs seriam indicados a outras terapias disponíveis, como a administração de agentes biológicos, evitando gastos com tratamentos ineficazes”, ressalta o biomédico. “O kit já foi patenteado e espera-se que nos próximos anos possa estar disponível na prática clínica, acessível a toda a população.”



A pesquisa é descrita na tese de doutorado de Peres, A sinalização de TGF-β envolvida na expressão de CD39 em células T reguladoras está associada com a eficácia terapêutica do metotrexato na artrite reumatoide, que recebeu o Prêmio Tese Destaque USP 2017 na área de Ciências Biológicas. O estudo foi orientado pelo professor Fernando de Queiroz Cunha, do Departamento de Farmacologia, e teve co-orientação do professor Paulo Louzada-Júnior, do Departamento de Clínica Médica da FMRP. A pesquisa teve ainda colaboração da Universidade de Glasgow (Reino Unido), por meio do grupo liderado pelo professor Foo Liew. O trabalho contou com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), através do Cepid Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID) e da concessão de bolsa de doutorado.