Cerca de 65 mil pessoas têm lúpus no Brasil ...

18/10/2017 
Brenol diz que doença causa grande impacto em pacientes e familiares...


O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES ou apenas lúpus) pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, raça e sexo, porém atinge nove vezes mais mulheres que homens. Estima-se que cerca de 65 mil pessoas tenham a doença no Brasil. 

As principais vítimas são adultos jovens, entre 20 e 45 anos, sendo um pouco mais frequente em pessoas mestiças e afro-descendentes. 

O reumatologista Claiton Brenol, chefe do serviço de reumatologia do Hospital de Clínicas e coordenador do Serviço de Reumatologia do Mãe de Deus, diz que a enfermidade causa um grande impacto nos pacientes e familiares, pois grande parte é de mulheres jovens que estão em fases muito produtivas na sociedade, e que acabam tendo uma piora na qualidade de vida, tendo que conviver com uma doença que pode trazer dor, limitações nas suas atividades diárias e uso de medicamentos. 

"O apoio da família, do médico e de profissionais variados da saúde é fundamental", diz ele. 

O lúpus não tem cura, mas existem tratamentos que controlam bem a doença. 

Ele é uma doença inflamatória crônica, de origem autoimune, e os sintomas podem surgir em diversos órgãos, de forma lenta e progressiva (em meses) ou mais rapidamente (em semanas). 

São reconhecidos dois tipos principais de lúpus: o cutâneo, que se manifesta apenas com manchas na pele, e o sistêmico, no qual um ou mais órgãos internos são acometidos. 

Ainda não se sabe a causa da doença, mas fatores genéticos, hormonais e ambientais têm participação. 

Por isso, pessoas que nascem com susceptibilidade genética para desenvolver a doença, em algum momento, após uma interação com fatores ambientais (irradiação solar, infecções virais ou por outros micro-organismos), passam a apresentar alterações imunológicas. 

Segundo Brenol, os sintomas podem se apresentar de diversas formas, como cansaço, perda de apetite, desânimo, febre baixa, dor articular e manifestações de pele. 

Em situações mais graves, outros órgãos podem ser acometidos: rins, cérebro e pulmão, por exemplo. 

O reumatologista explica que o diagnóstico é confirmado por meio de exames de sangue e urina. 

Quando o exame fator antinuclear dá positivo, o diagnóstico é quase 100% específico.

Cuidados para as pessoas com a doença Tratamento com remédios e acompanhamento médico Evitar alimentos ricos em gorduras e o álcool (mas o uso de bebidas alcoólicas em pequena quantidade não interfere especificamente com a doença) Repouso adequado Evitar estresse Atenção rigorosa com medidas de higiene (pelo risco potencial de infecções) Pessoas com hipertensão ou problemas nos rins devem diminuir a quantidade de sal na dieta; e as com glicose elevada no sangue devem restringir o consumo de açúcar e alimentos ricos em carboidratos Suspender o tabagismo Medidas de proteção contra a irradiação solar Fazer atividade física 

Fonte: Sociedade Brasileirade Reumatologia 

Mulheres são as que mais sofrem com as enfermidades

Maioria dos registros de doenças autoimunes são entre pacientes femininas, embora não haja explicação clara dos motivos 

A maioria das doenças autoimunes afeta mais as mulheres que os homens, e ainda não há uma explicação clara dos motivos. 

O reumatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Autoimunidade, Carlos Alberto von Mühlen, acredita que a parte hormonal seja preponderante, com o hormônio feminino estrógeno atuando como facilitador do surgimento de imunidade contra o próprio corpo. 

Segundo ele, na artrite reumatoide, a proporção é de três mulheres doentes para um homem. 

No lúpus, sobe de nove para um. 

Nas crianças, aparecem a febre reumática, reumatismo associado às infecções por estreptococo da garganta, e as artrites juvenis. 

A febre reumática causa sopro no coração, lesões na pele, artrite, nódulos abaixo da pele, coreia (movimentos involuntários das extremidades) e febre elevada. 

Já as artrites juvenis podem se manifestar de várias formas, com inchaço das juntas e febre vespertina, manchas que vão e vêm na pele, ínguas pelo corpo, prostração, fraqueza e inflamações nos olhos. 

As doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do próprio corpo. 

Como as causas dessas doenças ainda são desconhecidas, os pesquisadores tentam estabelecer os mecanismos imunológicos básicos e a cascata de eventos que levam à inflamação, formação de anticorpos que erram o alvo (autoanticorpos) e que lesam os vários tecidos do corpo. 

O reumatologista diz que há muita investigação sobre as bases genéticas, quais os genes envolvidos nas doenças e quais os que conferem maior suscetibilidade. 

A epigenética também tem merecido atenção, ou seja, como o meio ambiente altera os genes de suscetibilidade, facilitando assim a autoimunidade", afirma ele, citando como exemplo a radiação ultravioleta do sol ou de lâmpadas fluorescentes, o cigarro e certos alimentos. 

A boa notícia são os avanços no tratamento. 

Nos últimos anos, houve uma revolução com a introdução das drogas biológicas, consideradas verdadeiras balas mágicas que têm como alvo as moléculas envolvidas nas inflamações. 

"Isto fez com que houvesse menor necessidade de uso de corticoides e de remédios imunossupressores, imunomoduladores e quimioterápicos, com grandes vantagens para o sucesso dos tratamentos e, claro, com menos para-efeitos", afirma Mühlen. 

Entre as doenças reumáticas mais comuns estão Artrite reumatoide, psoríase, artrite psoriásica, lúpus eritematoso sistêmico, tireoidites crônicas com hipotireoidismo, diabetes mellitus tipo I (dependente de insulina), doença celíaca (intolerância imunológica ao glúten), esclerose múltipla, uveítes (inflamação interna dos olhos) e espondilite anquilosante.

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