PACIENTES COM ESCLERODERMIA APRENDEM A CONVIVER COM A DOR

#UnidosSomosMaisFortes

29/06/16

Ana Rosa luta contra a doença sem cura e busca direitos dos acometidos


Desde que recebeu o diagnóstico de esclerodermia, em 2013, a vida de Ana Rosa Ricardo Nunes, 50 anos, se transformou em uma luta contra a doença para divulgar a condição e, principalmente, para assegurar direitos aos acometidos pela patologia. 

Também chamada de esclerose sistêmica, a condição autoimune compromete os tecidos conjuntivos de diversas parte do corpo. 

A doença, que não é contagiosa, mas sem cura, provoca o aumento do depósito de colágeno, fazendo com que os tecidos fiquem enrijecidos e ocasionando lesões.

"O nosso sistema imunológico ataca a si mesmo.

No meu caso, que é a esclerodermia mais agressiva, afetou os órgãos, então tive amputação na ponta dos dedos, tenho comprometimento no intestino, esôfago, coração, pulmão e tenho dificuldades para andar", explica. 

Apesar de tudo, o pior seriam as dores, que não são aliviadas nem com medicamentos. "Aprendi a viver com a dor", lamenta.

Um dos maiores obstáculos enfrentados seria a falta de conhecimento da comunidade médica e da sociedade em geral. 

O 29 de junho é lembrado como o Dia Internacional da Conscientização da Esclerodermia, mas para que a divulgação sobre a doença não seja restringida a apenas um dia, o grupo Esclerodermia Causa Nobre, do qual faz parte, lançou a campanha "365 dias contra a esclerodermia". 

Um dos objetivos é que a condição entre para o rol de doenças raras e incapacitantes, assim facilitando a aposentadoria dos acometidos, além de dar direito à isenção de imposto de renda, entre outros benefícios.

Ana conta que muitos doentes não conseguem obter a aposentadoria, mesmo gravemente debilitados, por conta da ignorância dos peritos quanto à condição. 

Com isso, enfrentam dificuldades financeiras, que afeta a compra de remédios e o acesso aos tratamentos.

Até 2007, quando descobriu ter lúpus (o diagnóstico de esclerodermia veio mais tarde e ela luta contra as duas doenças), Ana trabalhava em serviços internos na Polícia Militar e só conseguiu a aposentadoria integral por meio de uma ação judicial.

Hoje, seus dias são tomados por pesquisas na internet, em que busca possíveis terapias e novas informações, como a possibilidade do transplante de medula óssea, que ainda está em pesquisa, mas é uma esperança aos doentes. 

Ela também participa de um grupo no Facebook que reúne mais de 1.600 portadores de esclerose sistêmica, espaço em que se dispõe a repassar os conhecimentos que possui. "Não cobro nada, não ganho nada. Só quero ajudar", afirma.

Em meio às dores e incertezas que a doença traz, o filho Juan Vicktor de 9 anos e o trabalho de apoio aos outros doentes, são suas motivações. 

"É triste e às vezes eu choro, mas tenho que ser forte pelo meu filho, pelas pessoas que precisam de orientações", disse.

Ana conta que tem o desejo de criar uma associação que reuna os portadores da doença em Sorocaba e Votorantim, para que possam se organizar em busca de direitos, além de oferecer ajuda mútua, com orientação judicial, em questões trabalhistas e médicas.

Quem tiver a doença e desejar entrar em contato pode fazê-lo pelo perfil do Facebook "anarrnunes" ou pelo número (15) 99184-1115.

COMO A ASPIRINA LÍQUIDA PODE COMBATER TUMORES CEREBRAIS

#UnidosSomosMaisFortes

29/06/2016 

Cientistas de universidade britânica anunciam descoberta que pode revolucionar tratamento e 'ataca' células comprometidas sem afetar as comuns.


Cienstistas bitânicos anunciaram na terça-feira (29) um tratamento potencialmente revolucionário no tratamento de tumores cerebrais, que tem como base uma forma líquida de aspirina.

Geoff Pilkington e Richard Hill, da Universidade de Portsmouth, no sul do Reino Unido, apresentaram as conclusões de sua pesquisa em uma convenção média para especialistas em turmores cerebrais, em Varsóvia, na Polônia.

Eles argumentam que o composto "IP1876B", cuja fórmula tem ainda dois ingredientes não revelados, mostrou em testes ser 10 vezes mais eficiente no combate aos tumores do que qualquer combinação de drogas já conhecida. 

Todos os componentes, segundo os cientistas, já são aprovados para uso clínico.

Os testes foram feitos usando células cancerosas de adultos e crianças. 

Neles, o "IP1876B" matou as células comprometidas sem ter efeito sobre células normais. 

E um dos grandes trunfos da nova fórmula - que combina os dois ingredientes com aspirina líquida - desenvolvida em parceria com a companhia Innovate Pharmaceuticals, é que ela aumentou de forma significativa a habilidade das drogas de cruzar a barreira hematoencefálica, uma membrana que protege o cérebro, mas que também bloqueia o caminho de muitas drogas anticâncer mais convencionais.

Outro obstáculo importante que Pilkington e Hill parecem ter superado é o desenvolvimento de uma forma verdadeiramente líquida de aspirina.

As alternativas atualmente no mercado não são totalmente solúveis e ainda contêm resíduos que podem causar efeitos colaterais gástricos.

Pilkington e Hill dizem que os resultados dos testes sugerem que o "IP1876B" poder ser altamente eficaz contra o glioblastoma, uma das formas mais agressivas de tumor cerebral e que normalmente mata pacientes em um ano. 

Mas o composta ainda precisa de mais testes para determinar se pode ser usado com segurança em humanos.

"Temos uma potencial alteração crucial na pesquisa sobre tumores cerebrais e isso mostra que ciência bem financiada pode conseguir. 

É a mesma ciência que vai permitir um dia que encontremos a cura para essa doença devastadora", diz Sue Farrington Smith, diretora da Brain Tumour Research, ONG que arrecada fundos para pesquisas em tumores cerebrais.

VERDADES, MITOS E DÚVIDAS SOBRE A VACINA CONTRA O HPV

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Precisa mesmo vacinar as meninas tão cedo? 

Depois que você já se contaminou com o vírus, deve se vacinar? Os efeitos colaterais são graves? As perguntas são muitas, o assunto é importante e merece destaque. Só este ano, 16 mil mulheres serão diagnosticadas com câncer de colo de útero. Contra dúvidas e preconceito, “Metrópoles” preparou um guia completo da vacina contra o HPV


Mais de 5 mil mulheres morrem todos os anos de câncer de colo de útero, no Brasil. 

É o terceiro tipo mais comum da doença no sexo feminino e também uma das maiores causas de morte por câncer entre elas – perde só para os de mama e os de cólon e reto. Para 2016, o Instituto Nacional do Câncer prevê 16.340 novos casos. Em 100% deles a doença estará relacionada à infecção pelo HPV.

Hoje, especialistas são unânimes em dizer que a infecção pelo papilomavírus humano – nome e sobrenome do HPV – é pré-requisito para esse tipo de câncer. 

Não é à toa que o Ministério da Saúde incluiu a vacina contra o vírus no calendário gratuito, em 2014, para meninas de 11 a 13 anos, e de 9 a 13, desde o ano passado.

Nas clínicas particulares, a mesma vacina sai a R$ 400, cada uma das três doses. 

No entanto, em um país com adesão tida como exemplar às campanhas de vacinação, até março deste ano apenas 43,73% das meninas tinham tomado a segunda dose. O número está longe de ser considerado ideal.

A vacina já existe há dez anos e começa agora a mostrar em números sua eficácia nos países nos quais foi adotada precocemente. 

A Austrália, onde a vacina é de graça desde 2007, é a base de comparação para a medicina atualmente, em assuntos de vacinação contra o HPV. Lá, os índices de infecção pelos tipos 6, 11, 16 e 18 do vírus –  sendo os dois primeiros os maiores responsáveis pelas verrugas genitais e os últimos, pelos cânceres – diminuíram 86% nas mulheres com entre 18 e 24 anos. As verrugas genitais caíram 92,6% em mulheres com menos de 21 anos. 

A incidência de câncer de colo de útero lá é de 9 casos a cada 100 mil mulheres. Aqui, chega a 16. Dessas, 5 morrem da doença.

Tantos números não parecem ser o bastante para convencer a população. Um pouco por causa de conservadorismo – como o HPV é sexualmente transmissível, alguns pais encaram a vacinação como um “incentivo” ao início da vida sexual -, um pouco por causa de boatos.

No ano em que a vacina foi adotada pelo Ministério, notícias de adolescentes com supostas reações adversas graves se espalharam pelo noticiário. Pronto: de 100% de adesão na primeira dose, o número chegou a apenas 60% para a segunda dose naquele ano. O esforço agora, mais do que cobrir a população-alvo com as vacinas, é educar sobre o tema. A Sociedade Brasileira de Imunizações junto com outras sociedades médicas e apoio acaba d elançar a segunda etapa da campanha Onda Contra Câncer, na tentativa de reforçar a importância da vacinação precoce. 

As dúvidas e caretas quando o assunto aparece são muitas. As informações, às vezes truncadas. 

Contra boatos, mitos e buscas sem rumo pelo Google, Metrópoles preparou um guia com tudo o que você precisa saber sobre o assunto. Spoiler: homens, a vacina é para vocês também.

Em 2014 o Ministério da Saúde passou a oferecer a vacina quadrivalente contra o HPV gratuitamente na rede pública de saúde para meninas de 11 a 13 anos – a faixa etária caiu para 9 a 13 em 2015. De início, a decisão do governo foi um sucesso. No primeiro ano, a cobertura da vacina chegou a 92%, bem mais que os 80% estipulados como meta.  Depois, a coisa mudou.

Até março deste ano, por exemplo, pouco mais de 60% das meninas tinham tomado a primeira dose. A adesão à segunda então, que garante a proteção, não chegava nem a 50%. Este mês, durante um evento da Sociedade Brasileira de Imunizações em São Paulo para tratar do assunto, Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério de Saúde, atribuiu a queda, principalmente, à fuga das escolas na campanha de vacinação.

A inclusão da vacinação na escola é uma estratégia adotada no mundo todo para garantir maior adesão à vacina, já que o deslocamento até um posto ou unidade de saúde pode dificultar o acesso.

No entanto, desde o ano passado, as escolas tiraram o corpo de campo. “Elas não querem se responsabilizar. Principalmente as particulares, que têm medo de processos”, avaliou a especialista. Além disso, alguns pais ainda têm receio quanto à validade da vacina e medo dos efeitos colaterais. Some as duas coisas e o resultado é a adesão murcha que os números mostram.

Por que tão cedo?

A inclusão de novas vacinas no calendário público no Brasil depende de uma série de estudos econômicos e de viabilidade. O famoso “custo-benefício” é o que manda: prevenir a doença sai mais barato do que tratá-la depois. Todo centavo conta. Por isso homens e meninas com mais de 13 anos não são vacinados de graça até agora. Um dos maiores “pés atrás” dos pais é justamente esse: por que vacinar meninas tão cedo contra uma DST, se a vida sexual ainda parece tão longe?

A resposta mais curta é: porque a vacina funciona melhor assim. Quanto mais cedo ocorre a vacinação, maior é a resposta do sistema imunológico a ela. Ou seja, o corpo produz muito mais anticorpos aos 9 do que aos 18 anos. Com isso em mente e baseado em uma série de estudos, a conclusão do Ministério foi de que a resposta do organismo a apenas duas doses da vacina (com intervalo de seis meses entre elas) em meninas com entre 9 e 13 anos é a mesma do esquema de vacinação com três doses em meninas com idade entre 16 e 26, recomendado pelas sociedades médicas.

Noves fora, o esquema economiza ao Ministério uma dose por menina vacinada. Hoje, cada dose sai a US$ 12,65 (R$ 43) aos cofres públicos. Como a expectativa do Ministério para 2016 é vacinar 1,7 milhão de meninas, o esquema reduzido representaria uma economia de R$ 73,1 milhão.

Para Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, a resistência existe também por uma fator da idade: a cultura vacinal no Brasil é de se vacinar bebês e crianças. Não adolescentes. “Temos uma cultura de que vacina é para criança. Vacina para adolescente é mais difícil mesmo. Comparado com o resto do mundo, os dados são até normais. Mas em relação ao nosso histórico, é baixo”, pondera.

A mesma vacina disponível para meninas de até 13 anos na rede pública existe nas clínicas particulares mediante um não tão módico pagamento de R$ 400, em média, por dose, para mulheres de até 45 anos e meninos e homens com até 26 anos.

Diferentemente do que ocorre nos postos de saúde, no entanto, o protocolo nas clínicas privadas é o tradicional, recomendado pelas sociedades médicas: três doses, com intervalo de um a dois meses entre as primeiras doses, e de seis meses para a última. Essa é a vacina quadrivalente. 

A bivalente, que protege apenas contra os tipos oncogênicos do HPV (16 e 18) sai, em média, a R$ 350, mas não imuniza contra os tipos causadores das verrugas genitais.


Mas, afinal, depois de iniciada a vida sexual, ainda vale a pena se vacinar contra o HPV? 

Há quem desista de gastar o dinheiro com a vacina por acreditar que ela já não é mais eficaz depois da adolescência. 

Mentira. 

Se você tem até 45 anos e quer se vacinar contra o vírus, segundo os especialistas, não só pode procurar uma clínica, como deve.

A diferença está na resposta imunológica, a mesma que o Ministério da Saúde usa para justificar a vacinação precoce, a partir dos 9 anos. 

Enquanto nas meninas com até 13 anos a eficácia da vacina chega a 98%, estudos mostram que, nas mulheres com entre 24 e 45 anos, ela fica na faixa dos 90%. Menor, mas ainda suficiente para justificar a vacinação.

A Sociedade Brasileira de Imunização recomenda a vacinação das mulheres até 45 anos. 

Até porque a maioria delas não está infectada por nenhum tipo de HPV. Segundo a médica Mônica Levi, da Sociedade, 70% das mulheres com entre 16 e 45 anos são negativas para infecção por HPV em exames preventivos. 

Ou seja, fortes candidatas a se beneficiarem da prevenção.

Além disso, com o maior número de divórcios, as contaminações depois dos 35 anos tendem a aumentar. O gráfico de contaminação por faixa etária se parece com um “V”: há um pico na faixa dos 20 anos, uma queda lá pelos 30, e volta a aumentar na quarta e quinta década de vida, provavelmente quando a mulher conhece novos parceiros, depois de um divórcio, por exemplo. 

Além disso, ainda de acordo com Mônica, estudos de eficácia da vacina mostram uma queda de até 90% de verrugas genitais em mulheres de 24 a 45 anos que foram vacinadas.


“Depois que você já foi contaminada, não adianta mais se vacinar”. 

A frase é repetida em rodas de conversa femininas e por alguns médicos ginecologistas. 

Mas não é bem assim. 

Embora a vacina não seja terapêutica – ou seja, não vai interferir nem positivamente, nem negativamente no tratamento de uma doença ativa por HPV, se a paciente tiver uma -, pode ajudar a prevenir futuras infecções por outros tipos do vírus ou pelo mesmo, caso ela venha a topar com ele de novo no futuro.

Ao contrário de doenças como a catapora, por exemplo, a mulher não fica imunizada contra o HPV depois de tratar uma infecção pelo vírus. Por isso, ainda pode se beneficiar da vacina depois do tratamento. Para quem gosta de dados: a vacina mostrou queda de 65% de doença recorrente por HPV em mulheres que se trataram contra o vírus e se vacinaram depois. O parecer dos especialistas: se você é mulher e tem menos de 45 anos, procure uma clínica.

A vacina é licenciada até os 45 anos. É claro que o benefício vai se reduzindo, porque a resposta imunológica é menor conforme a idade aumenta e porque o risco de ela já ter sido exposta ao HPV é maior. Mas isso não é contraindicação para a vacina, e essa é uma confusão muito grande. Há sempre um benefício. "

Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações

Se a vacinação de mulheres adultas sempre foi meio escanteada, imagina a dos homens. 

“No início, os homens eram os vilões, aqueles que transmitiam o vírus para as mulheres. 

Hoje a vacinação neles não é apenas para prevenir as mulheres. Sabemos que eles são vítimas também do HPV”, defende Mônica Levi, presidente da Comissão Técnica para Revisão dos Calendários Vacinais da SBIm.

Além das verrugas genitais, que atingem os homens em proporção praticamente igual a que atingem mulheres, o HPV está relacionado, neles, ao câncer de cabeça e pescoço – o HPV é um dos maiores causadores de câncer de boca e faringe. 

Para 2016, o Inca prevê 15.490 novos casos de câncer de boca – 11.140 deles em homens. Serão mais de 5 mil mortes este ano em decorrência da doença.

Nas clínicas particulares, a vacina está disponível para homens com até 26 anos. 

A rede pública ainda não vacina os meninos, mas a expectativa é de que eles sejam incluídos no programa logo. 

“A melhor estratégia é a da vacinação combinada de meninas e meninos. E não deve demorar para o Ministério incluí-los também no programa nacional”, afirma Renato Kfouri.


 

Em 2014, primeiro ano da vacina pela rede pública no Brasil, o país todo ficou chocado com uma série de notícias sobre 11 meninas que acabaram hospitalizada em Bertioga (SP), por supostas reações adversas à vacina contra o HPV. 

O susto foi o tipo da reação: 

três delas diziam que não sentiam as pernas e que tinham dificuldade de andar.

“Os sintomas vão e voltam. O único remédio que elas tomam é para evitar não dar mais problemas. A médica foi bem clara com a gente. Elas correm risco de ficarem paraplégicas”, relatou uma mãe ao portal G1, à época do ocorrido.

Os efeitos duraram pouco tempo. As meninas foram liberadas e, dias depois, seus exames neurológicos vieram normais. 

A Secretaria de Saúde de São Paulo avisou que os sintomas nada tinham a ver com a vacina. Mas o medo já estava instalado na população.

Os sintomas foram reportados e devidamente investigados. Nada que os classificasse como reação adversa à vacina ficou comprovado. Para os especialistas, a conclusão foi de que o evento foi de fundo psicológico, com o medo como gatilho. 

Reações parecidas foram achadas também na aplicação de outros tipos de vacina.

Em adolescentes, pesa muito a questão emocional. Serviu de lição para a gente saber como lidar com isso. 

Eles já entram na sala com medo, não é raro a gente ver desmaios ali, por exemplo. Por isso até que se aplica a vacina com a pessoa deitada. "
Mônica Levi, presidente da Comissão Técnica para Revisão dos Calendários Vacinais da Sociedade Brasileira de Imunizações

Segundo Mônica, outras suspeitas como a de que a vacina poderia causar ESCLEROSE MÚLTIPLA ou trombose também foram “amplamente analisadas” e completamente descartadas.

LONGOS PERIODOS DE TRABALHO FAZEM MAL À SAÚDE DAS MULHERES

#UnidosSomosMaisFortes

SEXTA, 24 DE JUNHO DE 2016

Estudo norte-americano revela que as longas horas de trabalho são nocivas para a saúde, especialmente para as mulheres


As pessoas que estão habitualmente colocadas em turnos longos de trabalho, durante muitos anos ou até mesmo décadas, correm um risco maior de sofrer de doenças crônicas no futuro.

Esta é a conclusão de um estudo da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, que revela que os longos períodos de trabalho fazem mal à saúde, especialmente às mulheres.

Segundo o investigador Allard Dembe, citado pela revista do site Health, a ligação entre a quantidade de horas de trabalho e os possíveis riscos para a saúde “parece estar presente em poucos homens, mas é tremendamente mais evidente nas mulheres”, em particular naquelas que trabalhavam cerca de 60 horas por semana.

Entre as doenças relacionadas com as longas horas de trabalho estão o câncer (exceto o da pele), artrite, diabetes, doença pulmonar crônica, asma, depressão e hipertensão.

As mulheres que trabalhavam mais de 60 horas por semana tinham um risco de doenças cardíacas, câncer e diabetes três vezes maior do que as mulheres que trabalhavam entre 30 a 40 horas por semana.

O risco de asma mostrou-se três vezes maior, enquanto o risco de artrite é quase quatro vezes maior.

No caso dos homens, os que trabalhavam mais de 60 horas por semana apresentaram um risco de osteoastrite ou artrite reumatoide duas vezes maior do que os homens que tinham uma carga horária de 30 a 40 horas por semana. 

Já os que trabalhavam entre 41 a 50 horas por semana têm um risco menor de doença cardíaca, pulmonar ou depressão.

O estudo analisou os horários de trabalho e o estado de saúde de 7,500 adultos norte-americanos, sendo que 28% trabalhava entre 30 a 40 horas semanais, 56% entre 41 a 50 horas por semana e 3% mais de 60 horas.

CIENTISTA DESCOBRE O PRIMEIRO GENE QUE CAUSA A ESCLEROSE MÚLTIPLA

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23 DE JUNHO

A descoberta, considerada impensável há alguns anos, foi possível graças ao sequenciamento de DNA.


Quando Carles Vilariño-Güell começou a trabalhar com o pesquisador Dessa Sadovnik na hipótese de que a Esclerose Múltipla (uma doença autoimune que afeta mais de dois milhões de pessoas) poderia ter uma causa genética, a comunidade científica acolheu sua hipótese com desprezo.

Anos mais tarde, graças à tecnologia de sequenciamento de DNA em massa, aplicada a mais de treze mil amostras, Vilariño-Güell e Sadovnik encontraram o que buscavam: um gene que provoca o aparecimento da esclerose múltipla. Sua hipótese estava correta.

Vilariño-Güell, cientista da Universidade de Columbia, disse: “temos a evidência clara e irrefutável de que variáveis familiares também existem no caso da esclerose múltipla”.

Espera-se que isto dê um novo impulso à pesquisa genética desta doença que, diferentemente do Parkinson ou do Alzheimer, até agora não tinha sido vinculada a variáveis hereditárias.

FIQUE ALERTA AOS SINTOMAS DE PRÉ-ECLÂMPSIA NA GRAVIDEZ

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22/06/2016

A pressão alta na gravidez, conhecida como pré-eclâmpsia, é um problema de saúde que costuma assustar as gestantes.


A pressão alta na gravidez, conhecida como pré-eclâmpsia, é um problema de saúde que costuma assustar as gestantes.

Trata-se de uma condição exclusiva da gestação, que apresenta risco para a saúde e, em casos extremos, até para a vida da mãe e da criança. Por isso, é importante ter atenção aos sintomas.

O ginecologista e obstetra Domingos Mantelli explica que o problema surge, geralmente, por volta da 20ª semana e tem como característica a pressão arterial elevada, que costuma vir acompanhada de edemas (retenção de líquidos), proteinúria (presença de proteína na urina) e dor de cabeça. A causa exata da doença ainda é desconhecida.

Diagnóstico e tratamento da pré-eclâmpsia


Embora não tenha fatores de desencadeamento muito bem esclarecidos, a pré-eclâmpsia pode ter relação com algumas enfermidades. 

Entre elas estão as autoimunes, como diabetes tipo 1, lúpus e esclerose múltipla. Mas não são apenas elas que podem ocasionar o problema.

“Há ainda uma série de implicações como: primeira gravidez, gestações múltiplas, obesidade, idade superior a 35 anos e histórico de hipertensão arterial e diabetes”, informa Mantelli. Por isso, manter hábitos de vida saudáveis pode ajudar, futuramente, a evitar esse risco durante a gestação.

Mas, conforme reitera o ginecologista e obstetra, a pré-eclâmpsia é uma doença grave, porém passível de controle quando descoberta precocemente. Por isso, é importante realizar os exames pré-natais de urina e medir a pressão arterial com frequência. Assim, se a disfunção se manifestar, ela poderá ser rapidamente detectada.

É fundamental também ficar atenta a qualquer sinal de pré-eclâmpsia. “Caso a gestante perceba sinais de inchaço excessivo e dor na nuca, um dos sintomas da pressão alta, deve comunicar imediatamente o seu médico”, alerta o especialista. Neste caso, não há um tratamento específico, mas algumas medidas devem ser adotadas.

O obstetra deverá fazer um monitoramento constante da gestante, além de indicar repouso, dieta com baixo consumo de sal e medicamentos que auxiliam no controle da pressão, ressalta. Se não tratado, o problema pode se agravar – evoluindo para a eclâmpsia – e gerar complicações sérias.

Na eclâmpsia, já começam a ocorrer alterações neurológicas e convulsões que podem levar a gestante ao coma. Por isso, os desconfortos que podem ser indícios de pressão alta jamais devem ser ignorados na gestação.

 Riscos para o bebê

Além de oferecer riscos à mãe, a condição de pré-eclâmpsia também configura uma ameaça ao bebê. 

“Com o aumento da pressão, a artéria placentária da gestante se fecha e forma a vasoconstrição, diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos”, explica o obstetra. Esse processo pode trazer consequências.

A vasoconstrição, por sua vez, aumenta a resistência para que o sangue chegue ao feto. Ou seja, ele recebe também menos oxigênio e nutrientes. É por isso que o pré-natal se torna tão indispensável. Mantenha sempre o acompanhamento médico em dia durante a gestação.

COMO SABER SE A IMUNIDADE ESTÁ BAIXA

#UnidosSomosMaisFortes

21/06/2016

Ficar doente várias vezes em um curto período de tempo pode indicar que o sistema que protege o organismo pode estar com alguma deficiência


Você mal se recupera de uma infecção e poucos meses depois vem outra doença e te derruba de novo na cama. 

Se essa situação ocorre com frequência, é preciso atenção. Sofrer com sucessivas infecções em um intervalo de poucos meses pode ser um sinal de que sua imunidade está baixa. 

Isso significa que as defesas do organismo, cuja função é proteger o corpo da atuação de parasitas como vírus, bactérias, fungos, protozoários e vermes não estão funcionando de maneira correta.

Jorge Neumann, diretor do Laboratório de Imunologia de Transplantes da Santa Casa de Porto Alegre, explica que a baixa imunidade de uma pessoa pode ser definitiva ou transitória. 

As chamadas imunodeficiências definitivas são relacionadas a doenças que impedem o sistema imunológico de produzir anticorpos ou que afetam as células desse sistema. 

A pessoa pode nascer com o problema ou manifestá-lo por volta dos 20 anos de idade, devido a uma pré-disposição genética.

Nessas situações – que são raras – os tratamentos são a base de medicamentos que repõem os anticorpos ou até mesmo transplantes de medula óssea, em casos mais graves.

Já a imunidade baixa transitória geralmente é desencadeada por alguma infecção, desaparecendo após a melhora. É o que acontece, por exemplo, com as crianças que têm sarampo.

– O sarampo, entre os efeitos, produz um estado de imunodeficiência. O sistema imune da criança fica exaurido pela doença, podendo gerar outras infecções. Quando o paciente se cura, tudo volta ao normal – esclarece Jorge.

Pessoas que têm HIV também são mais suscetíveis a apresentar a imunidade baixa:

– HIV não é sinônimo de estar imunodeficiente. A imunodeficiência é provocada pela aids, ou seja, quando o vírus se manifesta e a pessoa fica doente.

Estudos apontam que o estresse crônico representa um papel importante na baixa imunidade. Isso porque o problema tem uma interação com o sistema nervoso central.

 Esse último, por sua vez, diante de uma situação de tensão permanente libera uma série de hormônios que atuam, inclusive, sobre o sistema imunológico. 

É por isso que muitas pessoas apresentam herpes labial, por exemplo, quando estão preocupadas com algo. Casos mais graves também podem surgir, como câncer após viuvez.

– Se sabe que quando um casal está junto há muito tempo e um dos dois morre, as chances de que o sobrevivente venha a ter a doença nos seis meses iniciais de luto são bem maiores do que antes. Isso porque a profunda tristeza provoca uma diminuição da resposta imune – declara o médico da Santa Casa.

De acordo com o médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento Paulo Ernesto Gewehr Filho, outros fatores que prejudicam o sistema imunológico são deficiências nutricionais, estresse físico, distúrbio do sono, consumo de álcool, drogas, tabagismo, medicamentos (como corticoides e imunossupressores, utilizados para o tratamento de pacientes transplantados e doenças autoimunes), quimioterapias, hepatites B e C, lúpus, artrite reumatoide, diabetes, câncer, obesidade e alguns tipos de anemia. Intoxicação crônica com produtos químicos e as alterações hormonais na gestação e na menopausa também influenciam o sistema imunológico de forma negativa.

SINAIS DE QUE O CORPO PODE ESTAR COM A IMUNIDADE BAIXA


Se você apresenta quadros recorrentes de herpes, amigdalite, estomatite, otites, abscessos, infecções intestinais de repetição, diarreia crônica, infecções graves como meningite ou infecções generalizadas, sua imunidade pode estar baixa e um médico precisa acompanhar seu estado de saúde.

PARA MANTER A IMUNIDADE EM ALTA

Paulo Ernesto Gewehr Filho, médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento, sugere algumas ações para equilibrar o funcionamento do sistema imunológico.

Mantenha uma dieta saudável para que o organismo fique bem nutrido. Faça uma dieta rica em verduras, frutas, proteínas, cereais, legumes, grãos.

Pratique exercícios físicos com orientação profissional. Não sobrecarregue o corpo com atividades acima de sua capacidade.

Tenha bons hábitos de sono.

Mantenha o peso adequado para a sua altura.

Evite contato com substâncias químicas tóxicas.

Evite, ao máximo, situações de estresse.


CÉLULAS-TRONCO SÃO NOVA ESPERANÇA CONTRA ESCLEROSE MÚLTIPLA


#UnidosSomosMaisFortes 

13 jun 2016

Jennifer Molson foi uma das pacientes com esclerose múltipla grave e recidiva que se recuperaram após o tratamento inovador com células tronco 

Médicos canadenses conseguiram reverter forma grave da doença em 23 pacientes com um tratamento inovador que utiliza células-tronco


Pessoas incapacitadas devido à esclerose múltipla grave têm uma nova esperança de cura. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico The Lancet, 23 pacientes voltaram a andar, trabalhar e até mesmo esquiar após serem submetidos a um tratamento inovador com células-tronco.

A terapia, desenvolvida por pesquisadores canadenses, primeiro destrói completamente o sistema imunológico com a ajuda de uma quimioterapia, para então reconstruí-lo com a transfusão de células-tronco da medula óssea. 

Dos 24 pacientes submetidos ao tratamento, 70% tiveram a progressão da doença interrompida ou revertida e 40% apresentaram a reversão de sintomas graves como a perda da visão, fraqueza muscular e perda de equilíbrio.

A esclerose múltipla é uma doença neurológica incurável e com efeitos devastadores que atinge cerca de 2,3 milhões de pessoas no mundo, dentre elas 35 000 brasileiros. De causa desconhecida, a doença se manifesta de uma hora para outra, quando o sistema imunológico ataca a mielina, substância que protege as fibras nervosas do cérebro, da medula espinal e do nervo óptico. 

A cada surto, as lesões formam áreas de cicatrização, ou escleroses, que causam danos irreversíveis e podem deixar sequelas como cegueira, paralisia, lapso de memória e dificuldades na fala e na deglutição. 

Os medicamentos disponíveis atualmente para conter a moléstia não são 100% eficazes e podem proporcionar fortes efeitos adversos ao paciente.

O estudo canadense é o primeiro a trazer esperança de cura para portadores de esclerose múltipla grave, que não respondem aos tratamentos disponíveis atualmente, e é o primeiro que conseguiu parar e reverter a doença em longo prazo sem a necessidade de outros medicamentos. 

Todos os pacientes do estudo tinham esclerose agressiva, recidiva e foram acompanhados por até 13 anos após o tratamento. 

De acordo com o jornal britânico The Telegraph, seus resultados foram considerados ’emocionantes’ e ‘sem precedentes’ por especialistas.

“Nosso estudo é o primeiro a mostrar a supressão completa, em longo prazo de toda a atividade inflamatória em pessoas com esclerose múltipla. Uma variação deste procedimento tem sido utilizada para tratar a leucemia há décadas, mas a sua utilização para doenças autoimunes é relativamente nova. No entanto, é importante notar que esta terapia pode ter riscos e efeitos colaterais graves e só seria apropriada para uma pequena porção de pessoas que têm esclerose múltipla severa”, disse Harold Atkins, professor na Universidade de Ottawa, no Canadá e um dos autores da pesquisa, ao Telegraph.

Durante o estudo, um participante morreu de insuficiência hepática e outro precisou de tratamento intensivo devido a complicações hepáticas. Apesar dos riscos, para cerca de 5% dos portadores da forma grave e recidiva da doença, essa nova terapia talvez seja a única esperança.

Como funciona — Inicialmente, o paciente é submetido a um curto ciclo de quimioterapia que estimula a produção de células-tronco hematopoiéticas – que regeneram o sistema imunológico – no sangue. 

Em seguida, estas células estaminais são recolhidas, purificadas de qualquer sinal da doença e congeladas para depois serem reinseridas no corpo da pessoa por meio de uma transfusão. 

Mas, antes disso, o paciente precisa ser submetido a 10 dias de quimioterapia. Essa fase do tratamento, considerada o “inferno” pelos pacientes, tem o objetivo de matar o sistema imunológico doente. 

Então, as células estaminais congelados são descongeladas e transplantadas para o corpo da pessoa, de modo que elas possam originar um novo sistema imunológico livre da memória anterior de atacar o sistema nervoso central.

O problema é que, ao matar o sistema imunológico do paciente, o corpo não só fica livre da doença, mas também está mais vulnerável a infecções e precisa reaprender a se defender de bactérias e vírus.

Jennifer Molson, uma das participantes do estudo, foi diagnosticada com esclerose múltipla em 1996, aos 21 anos. 

Apenas cinco anos depois, em 2001, ela vivia em um hospital sob 24h de cuidados, pois não conseguia fazer nada sozinha. “Eu não tinha sensação do peito para baixo. 

Eu poderia tocar alguma coisa fervendo no fogão e me queimar. Eu podia tocar algum tecido sem saber se é uma lixa”, contou ao site de notícias americano Vox. Jennifer foi submetida ao novo tratamento em 2002 e dois anos depois ela já conseguiu entrar na igreja e dançar em seu casamento.


Atualmente, 15 anos após o procedimento, Jennifer trabalha como assistente de pesquisa no Hospital Ottawa, no Canadá e gosta de esquiar e andar de caiaque aos finais de semana. “Agora eu sou capaz de caminhar de forma independente, viver na minha própria casa e trabalhar em tempo integral. 

Eu também fui capaz de me casar, caminhar até o altar com meu pai e dançar com meu marido. Graças a esta pesquisa eu tive uma segunda chance na vida.”, disse.

No entanto, nem tudo são flores. Após o transplante, Jennifer precisou tomar todas as vacinas novamente e, por estar mais vulnerável a infecções, acabou desenvolvendo uma infecção no sangue, herpes e graves infecções da bexiga.


ESPECIALISTA FALA SOBRE DOENÇA CELÍACA NO NOTICIA DA MANHÃ

#UnidosSomosMaisFortes 

14/06/16

O Notícia da Manhã, desta terça(14), falou sobre a doença celíaca no quadro Saúde. 

O mal é uma reação do sistema imunológico a ingestão do glúten, proteína encontrada, principalmente, no trigo, que está presente em vários alimentos.

No Brasil, a cada ano são diagnosticadas 150 mil pessoas com a doença, que não tem cura e o tratamento consiste, basicamente, na retirada total do glúten na alimentação.

No estúdio do telejornal, a médica gastroenterologista, Josêlda Duarte, explicou que a doença celíaca pode aparecer em qualquer fase da vida e acomete mais pessoas brancas. 

Segundo ela, o problema pode manifestar-se em uma fase tardia da vida, aos 60 ou 70 anos.

A especialista ressaltou que os sintomas da doença são inespecíficos e busca-se o diagnóstico quando há uma suspeita, que podem ser dores abdominais, gases e diarréia frequentes e após alimentação.

Doutora Josêlda frisou que a retirada do glúten para pacientes com a doença celíaca tem de ser completa. 

Ela alertou que até o uso de um utensílio, não lavado corretamente após preparo com trigo, por exemplo, pode sensibilizar o paciente.

A doença celíaca será um dos temas do Congresso Norte e Nordeste de Gastroenterologia, que começa no próximo dia 16, em Teresina. 

Segundo Josêlda Duarte, é o segundo maior evento da área no País. Ela informou que os maiores nomes da gastroenterologia no Brasil estarão presentes. 

Também lembrou que durante o Congresso haverá mutirões de colonoscopia para rastreio do câncer do cólon do intestino grosso.

Assista na íntegra o quadro Saúde!


CIENTISTAS DESENVOLVEM PRIMEIRO TRATAMENTO EFICAZ PARA SÍNDROME DE DOWN

#UnidosSomosMaisFortes
Quinta-Feira, 09 de Junho de 2016

Um dos principais dogmas da medicina, o de que a síndrome de Down não tem tratamento, começa a ser derrubado. Pesquisadores espanhóis acabam de demonstrar que um composto do presente no chá verde, acompanhado por um protocolo de estimulação cognitiva, pode melhorar as capacidades intelectuais de pessoas com síndrome de Down.

É a primeira vez que um tratamento demonstra eficácia num estudo confiável em termos científicos”, diz Mara Dierssen, neurocientista do Centro de Regulação Genômica de Barcelona e uma das líderes da pesquisa. 

O ensaio clínico ainda está longe da cura, mas “abre novas vias ao tratamento farmacológico da síndrome de Down”, afirma a cientista.


A síndrome é um transtorno genético em que a pessoa tem 47 cromossomos, em vez dos 46 habituais. Essa cópia extra altera a formação do corpo e do cérebro. 

As crianças podem ter um atraso no desenvolvimento mental e sinais físicos muito reconhecíveis, como nariz achatado e uma única prega na palma da mão. 

Através de estudos com roedores, a equipe de Dierssen identificou um gene, o DYRK1A, relacionado com a formação do cérebro e superativado pelo cromossomo extra. 

O gene produzia um excesso de proteínas associadas às alterações cognitivas. O composto do chá verde – epigalocatequina galato – retorna as proteínas aos níveis normais.

No ensaio participaram 84 pessoas com síndrome de Down, com idades entre 16 e 34 anos. 

Cerca da metade tomou o tratamento durante um ano, enquanto os demais recebiam placebo (substância sem ação terapêutica) para a comparação. Dierssen reconhece que “as mudanças observadas não são muito importantes”, mas foram suficientes para que quase todos os pais adivinhassem, no final do estudo, se seu filho havia tomado um tratamento real ou um placebo.

O extrato de chá verde melhorou de maneira moderada a memória de curto prazo e a capacidade de organização na vida diária, além de inibir a impulsividade dos pacientes. 

As imagens do cérebro mostram mudanças no córtex relacionadas com essas melhoras. Os resultados foram publicados nesta terça-feira na revista médica The Lancet Neurology. 

Há anos Dierssen lamenta a falta de apoio da indústria farmacêutica às suas pesquisas. “É um composto presente num produto natural e não pode ser patenteado. 

Não interessa à indústria”, afirma. A neurocientista já fez concertos com seu grupo de rock, Lost to The River, para arrecadar dinheiro para seus trabalhos. 

O último ensaio clínico, que custou 750.000 euros (2,9 milhões de reais), teve a colaboração do farmacologista Rafael de la Torre, diretor do Instituto Hospital del Mar de Pesquisas Médicas, em Barcelona, e da fundação francesa Jérôme Lejeune, que arcou com a maior parte dos recursos.

Agora Dierssen pretende organizar um novo ensaio clínico, mas com uma quantidade muito maior de pacientes em diversas cidades, para ter uma amostra representativa da população com síndrome de Down. 

Um estudo assim, de fase 3, é caríssimo e costuma exigir investimento privado. “O custo é muito elevado. Ou as instituições se envolvem ou não poderemos fazer”, diz a pesquisadora. De la Torre estima que custaria cerca de 3 milhões de euros (8,8 milhões de reais). 

No momento, com um “pequeno financiamento” da Fundação Mútua Madrilenha, ambos preparam um ensaio pediátrico para analisar a segurança do extrato de chá verde em crianças com síndrome de Down.

De la Torre reconhece que há famílias que, por sua conta e graças ao boca a boca, administram extrato de chá verde a seus filhos com o transtorno. 

O pesquisador desaconselha essa prática com menores de 16 anos, já que o perfil de segurança da substância não foi comprovado e poderiam aparecer efeitos colaterais. “Em adultos, tampouco fazemos uma promoção ativa. Nem aconselhamos nem desaconselhamos”, diz.

O geneticisma Roger Reeves, da Universidade Johns Hopkins (EUA), é mais cauteloso e alerta quanto a possíveis efeitos da epigalocatequina galato em outras proteínas, além da codificada pelo gene DYRK1A. Também diz que as doses do composto nos extratos de chá verde disponíveis nas lojas varia muito. “É importante que as pessoas sejam conscientes das limitações de nosso conhecimento sobre potenciais efeitos e efeitos secundários de um tratamento sem supervisão com epigalocatequina galato”, afirmou Reeves, alheio ao novo trabalho, ao portal especializado Science Media Centre.

David Nutt, diretor do Centro de Neuropsicofarmacologia da Faculdade Imperial de Londres (Imperial College London), é mais otimista. “É emocionante ver que o entendimento da neurobiologia genética da síndrome de Down possibilita tratamentos específicos”, diz. 

“Esperamos que a promessa desse estudo experimental seja confirmada nos ensaios de grande escala e que outros sigam o enfoque.”

Fonte: El País Brasil