HIPERATIVIDADE E DIFICULDADE DE APRENDIZADO NEM SEMPRE INDICAM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO

22/03/2012


Dificuldade em manter a atenção em atividades que exijam raciocínio é um dos sinais.

Quadro pode ser provocado por alguma situação específica de fundo emocional e ser passageiro.


O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) acomete mais de 330 milhões de pessoas do mundo, mas ainda é pouco conhecido e seus sintomas são facilmente confundidos ou banalizados. O TDAH é um transtorno neurobiológico que se caracteriza por três grupos de alterações: hiperatividade, impulsividade e desatenção. Porém, esses sintomas precisam estar presentes em dois ou mais ambientes — social, afetivo, familiar, escolar e/ou profissional — por um período prolongado. 

É importante ressaltar que estes sinais não são suficientes para um diagnóstico e apenas um médico especialista pode realizá-lo — destaca Guilherme Polanczyk, professor de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

A hiperatividade, esclarece Polanczyk, é apenas um dos sintomas do TDAH e pode ser encontrada em outros transtornos psíquicos, como transtorno bipolar, autismo e, em alguns casos, ansiedade. A hiperatividade também pode ocorrer em doenças físicas, como o hipertireoidismo. O quadro pode ser provocado ainda por alguma situação específica de fundo emocional e ser passageiro. 

Cerca de 40% dos pacientes com TDAH também apresentam dificuldades de aprendizado. No entanto, outras patologias neurológicas e sistêmicas também podem dificultar o aprendizado — explica Polanczyk.

Segundo o professor, o distúrbio dá sinais desde o início da infância. Um dos desafios do diagnóstico é o fato de muitos pais associarem o mau comportamento do filho a uma fase ou personalidade. O TDAH não tem cura, mas, se cuidado, o paciente pode ter uma vida normal. O tratamento precoce evita o acúmulo de prejuízos e problemas ao longo do tempo e possibilita que a criança desenvolva o seu potencial. O plano de tratamento deve combinar medicação diária, psicoterapia e intervenções específicas em função de situações que acompanham o TDAH, como transtornos de aprendizagem, por exemplo. 

Dificuldade em manter a atenção especialmente em atividades que exijam raciocínio ou leitura, em concluir tarefas e atividades, em se organizar são sintomas que frequentemente interferem no processo de aprendizagem e no relacionamento com amigos e com a família.

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