05/04/2012
Componentes que provocam reação adversa e idade em que incide diferenciam os distúrbios.
Dois distúrbios alimentares ligados ao mesmo alimento, mas com causas e efeitos distintos acabam confundindo muitos pais. O gastroenterologista pediátrico José Spolidoro esclarece a diferença entre intolerância à lactose e alergia à proteína do leite, a começar pelo componente que aciona cada um dos problemas: açúcar do leite no primeiro caso, proteína no segundo.
O médico explica que a lactose — o açúcar do leite — é formada por duas moléculas que, para serem digeridas, precisam ser quebradas por uma enzima chamada lactase. Quando essa enzima é deficiente e não está disponível em quantidade suficiente para digerir a lactose, podem ocorrer diarreia, gases e dores de barriga. Esse problema afeta crianças mais velhas e adultos, sendo infrequente antes dos cinco anos e muito rara em crianças menores que 1 ano de idade.
— Bebês têm grande quantidade de lactase no organismo, justamente porque o principal alimento nessa idade é o leite materno. Essa quantidade vai reduzindo com o passar dos anos e pode se tornar insuficiente em muitas pessoas, provocando a intolerância à lactose — descreve Spolidoro.
Segundo ele, por essa característica natural, ser intolerante ao leite é que seria o normal. No entanto, isso não tem consequências graves à saúde. A pessoa vai sentir o desconforto após consumir leite, mas voltará ao normal quando tirá-lo da dieta. É possível também ingerir a enzima lactase (sintética) para evitar a reação adversa.
Já a alergia à proteína do leite afeta crianças pequenas, normalmente durante o primeiro ano de vida, e costuma se resolver dentro deste mesmo período.
— Trata-se de uma inflamação do intestino por conta de uma reação imunológica à proteína do leite de vaca — explica o médico.
Normalmente, essa reação anômala ocorre em crianças expostas precocemente à mamadeira — até os seis meses de idade, é recomendado somente o leite materno. No entanto, a dieta da mãe pode interferir no aparecimento desse problema, mesmo em crianças que só mamam no peito.
Cólicas intensas, diarreia e vômitos frequentes são os sintomas. O surgimento de sangue nas fezes também pode ser um indicador. O diagnóstico se dá por meio da chamada dieta de exclusão do leite de vaca da dieta da mãe ou da criança, conforme o caso, confirmando o diagnóstico quando há melhora dos sintomas.
— Não é recomendado leite de soja, porque ele tem um produto parecido com o estrogênio e não tem sido recomendável nas diretrizes internacionais antes de 6 meses de idade — esclarece Spolidoro.
De acordo com o especialista, 50% dos alérgicos à proteína do leite de vaca têm de chance de desenvolver intolerância também à proteína da soja. O recomendado é substituir o leite por fórmulas especiais de aminoácidos (que contem somente o elemento básico da proteína), ou as chamadas extensamente hidrolisadas que contêm a proteína pré-digerida (quebrada). Perto de um ano de idade, já podem ser feitos testes com a reinserção do leite na dieta da criança.
— Como afeta crianças em uma fase de crescimento intenso, se for manejada inadequadamente, a alergia à proteína do leite pode levar a desnutrição, anemia e comprometer o desenvolvimento do bebê — alerta o médico.
Em vídeo, nutricionista apresenta opções de alimentos sem lactose:
CLIQUE NO LINK ABAIXO E VEJA O VÍDEO.
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