NERVOS POR UM FIO

19 de novembro de 2011


Inimigo traiçoeiro, o estresse pode ser um perigo para a saúde física e mental. Saiba como lidar com ele.

 O mecanismo é simples: a mente sofre e o corpo sente. E como sente. Quando se instala no organismo, uma crise de estresse deixa você vulnerável, propenso a desencadear reações que vão desde sensações de pressão, intolerância, falta de humor, perda da capacidade de desfrutar a vida até levar ao esgotamento físico e mental. Sintomas desagradáveis que podem evoluir para doenças preocupantes, como úlcera, hipertensão, artrites, lesões no miocárdio e por aí vai.

Pudera. O ritmo e a velocidade com que se vive as 24 horas do dia parece só aumentar. No mundo do trabalho, a impressão é que as demandas exigem cada vez mais concentração em novas funções diretamente ligadas às tecnologias, bem como o entretenimento, as relações sociais e afetivas.

Não é de hoje, portanto, que nosso corpo responde de maneira negativa, física e emocionalmente, quando alguma coisa dá errado ou foge às expectativas. Segundo o psicanalista Jaime Betts, desde sempre o ser humano precisou aprender a administrar conflitos, um exercício bastante difícil, mas não impossível.

É da condição humana ser conflitivo. A diferença é que hoje a sociedade de consumo nos pressiona cada vez mais a ter uma satisfação imediata aos nossos impulsos, para preencher uma necessidade narcísica quase impossível. É como se não pudéssemos perder nada: emprego, viagens, encontros... Cobranças internas e externas que parecem só aumentar – considera Betts.

O estresse se estabelece quando vemos que não vamos conseguir dar conta de tantas demandas. A sugestão para que se consiga equacionar as cobranças internas e externar seria abrir mão de algumas tarefas. É preciso admitir que não se pode ter tudo, que a felicidade total é inatingível, e ser feliz estaria mais para a soma de pequenas realizações. E é somente quando conseguimos parar e olhar para dentro de nós mesmos é que percebemos as causa dos conflitos.

O estresse será maior ou menor conforme a solução para o conflito seja melhor ou pior. Se o aparelho psíquico não dá conta, estoura no corpo – conclui o psicanalista.

Por definição, estresse significa uma adaptação, ou mudança requerida à pessoa, que que pode ser causada por uma situação negativa ou positiva, como uma demissão indesejada, o nascimento de um filho ou mesmo tirar férias.

Engana-se quem pensa que é possível livrar-se do estresse. Conforme a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management Association (Isma-BR), só a morte libertaria o ser humano das consequências do estresse. O ideal é que a pessoa procure lidar com o estresse no dia a dia de maneira preventiva.

Cada um deve respeitar os seus limites. Mas se uma crise for inevitável, devemos lidar com ela da melhor forma possível. Aí entram técnicas que começam com a noção de autoconhecimento, observando os primeiros sinais, que servem de termômetro quando algo está em desequilíbrio – diz Ana Maria.

Mesmo com as exigências impostas pelo ritmo de trabalho e por outras circunstânciasa, é essencial que desenvolvamos mecanismos para que o estresse não domine nossas vidas.

 Sete dicas valiosas.

1. Pense positivo. A mente determina a visão que cada um tem de si mesmo e do mundo ao redor. Transformar pensamentos negativos em positivos não é difícil, mas requer prática. Mudar os padrões mentais pode ser o pontapé inicial para mudar seu estilo de vida.

2. Pratique técnicas de relaxamento, como a respiração abdominal. Inspire lentamente, dilatando os músculos do abdômen. Expire devagar pelo nariz ou pela boca, comprimindo os músculos abdominais.

3. Ria com frequência. A risada induz o cérebro a bloquear a produção de substâncias químicas que barram a imunidade, como a cortisona, e aumenta a secreção de hormônios causadores de bem-estar.

4. Pratique alguma atividade física regularmente. O organismo libera substâncias que causam sensação de prazer. Além disso, a prática regular ajuda a dormir melhor, a ter mais energia e dá mais vontade de cuidar de si mesmo, elevando a autoestima.

5. Agende um tempo para relaxar, curtir seus amigos e ficar sem fazer nada, sem culpa. Reavalie seus compromissos, estabelecendo prioridades de vida.

6. Use a criatividade. O trânsito diário lhe tira do sério? Experimente outros horários, outras rotas. Coloque sua energia em algo que o gratifique.

7. Curta a luz do sol. Ela aumenta a resistência a doenças e melhora a saúde e o humor.

Mudar é possível

 

Há menos de dois anos, a chef Bianca Müller, 36 anos, resolveu que iria mudar de vida. A guinada de rumo seria grande, daquelas que deixam família e amigos preocupados. Afinal, não seria uma decisão fácil deixar para trás 14 anos de dedicação ao Direito, um alto cargo como advogada de negócios internacionais numa grande empresa em São Paulo, especialização e mestrado na área, ótimo salário. E nenhuma vida pessoal.

Como eu trabalhava numa multinacional, viajava muito, e tinha que estar 24 horas disponível para a empresa e eu tinha muita responsabilidade. Meu telefone tocava de madrugada – lembra a gaúcha de Santa Maria.

À medida que crescia profissionalmente, sua rotina ficava cada vez mais pesada. Eram 12 horas por dia de trabalho, sem brecha de tempo algum para entretenimento, vida social, diversão, amigos. Além disso, ela não dormia mais direito, não se alimentava bem. Um somatório de fatores que começaram afetar sua saúde, baixando sua pressão e levando-a para o hospital mais de uma vez.

Comecei a me perguntar como eu poderia dar um basta no estresse, fazendo algo que eu gostasse. Precisava urgente mudar – comenta ela.

Sem pensar muito, em julho de 2010, ela embarcou para França, onde foi estudar gastronomia na Academie Internationale de Gastronomia, onde especializou-se em pâtisserie e sobremesas.

De volta ao Brasil desde agosto deste ano, está trabalhando na área em São Paulo, em parceria com o chef francês Antoine Chepy, amor conquistado durante o curso. A dupla executa banquetes à francesa, eventos gastronômicos privados, chefs à domicílio e consultoria para restaurantes, em Porto Alegre e São Paulo.

Meus amigos me reencontraram, dizem que estou com outra cara, que estou feliz. Acho que isso resume tudo, né? – conta ela.
22% dos gaúchos estão estressados, diz pesquisa.

Dados da pesquisa de 2011 da Isma-BR, que mediu o nível de estresse em 602 participantes gaúchos, aponta que 22% desse grupo relatou nível de estresse preocupante. Os principais sintomas relatados são dor de cabeça (82%), ansiedade (79%), angústia (76%), preocupação (67%) e raiva (52%).

Já em relação às causas, 71% relataram falta de tempo em função da longa jornada de trabalho, violência (58%), relacionamentos interpessoais (53%) e problemas financeiros (47%).

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Dia Nacional de Conscientização do Estresse
Amanhã, das 11h às 15h, na Redenção. A comemoração, gratuita e aberta ao público, conta com a presença de especialistas na área da saúde que medem o nível de estresse dos participantes e a sua suscetibilidade a doenças por meio de um teste.
 

FONTE TESTE:http://www.clicrbs.com.br/pdf/12504950.pdf

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