DESLOCAMENTO DA RETINA PODE COMPROMETER A VISÃO

27/11/2011


Se não for tratado rapidamente, deslocamento pode causar perda permanente da visão.


Além da idade, miopia e lesão grave no olho são alguns dos fatores de risco.

 

 

 Os olhos podem ser as janelas da alma, mas a retina é a janela do cérebro para o mundo. Quando a retina é prejudicada, a visão é seriamente ameaçada, e pode ser perdida completamente se o problema não for resolvido rapidamente.

A retina é uma camada de tecido no fundo do olho que coleta a luz retransmitida através do cristalino. As células fotorreceptoras especiais da retina convertem a luz em impulsos nervosos, que são transmitidos ao cérebro. No centro da retina há uma área especialmente crítica chamada mácula, que permite que vejamos qualquer coisa que esteja diretamente à nossa frente, como palavras numa página, o rosto de uma pessoa, a rua à nossa frente ou a imagem exibida numa tela.

Quando o fluxo de sangue através da retina é bloqueado, ou quando a retina se descola da parede do olho, o diagnóstico adequado do problema é urgente. Os tratamentos modernos podem fazer maravilhas quando iniciados antes que os danos se tornem irreversíveis. Mas a demora em consultar um especialista em retina pode diminuir a capacidade de mesmo a melhor terapia preservar ou recuperar a visão normal.

Assim como todos os tecidos vivos, a retina é altamente dependente de um fornecimento constante de sangue, que traz oxigênio. Se qualquer coisa atrapalhar, a visão fica em risco. Dois problemas com a retina, a oclusão da veia da retina e o descolamento, podem ocorrer em qualquer idade, mas ambos são mais comuns entre pessoas idosas.

Reconhecendo um bloqueio
Em julho, David Bronson, de Stone Ridge, New York, ávido leitor de 82 anos, percebeu que a visão de seu olho esquerdo estava um pouco turva. Ele achou que estava desenvolvendo catarata, mas, quando consultou um oftalmologista, duas semanas depois, soube que o problema era mais sério: um bloqueio parcial na veia central que drena o sangue da retina.

O bloqueio fez com que a pressão se acumulasse nos vasos capilares que levam o sangue à retina, que então vazou para o centro do olho, turvando a visão de Bronson. O bloqueio e suas consequências são análogos a uma pia entupida; se a água continua pingando na pia, uma hora vai derramar sobre o balcão.

A oclusão da veia da retina é uma causa comum de perda de visão em pessoas mais velhas, perdendo apenas para a retinopatia diabética, segundo um relatório publicado no ano passado no The New England Journal of Medicine.

Ao contrário da experiência de Bronson, a oclusão da veia da retina muitas vezes envolve uma ramificação da veia, uma situação menos grave — metade dos casos se cura sozinha em seis meses. Se o tratamento for necessário, a maioria dos pacientes (embora não todos) responde bem à terapia de laser, de acordo com os autores do estudo.

A oclusão da veia central da retina pode causar inchaço da mácula e perda da visão central. Assim, Bronson está sendo tratado com injeções mensais de Lucentis no olho, uma droga recentemente licenciada para esse problema. Injeções de esteroides no olho geralmente também são eficazes.

Os autores do artigo, Tien Y. Wong, da Universidade Nacional de Cingapura, e Ingrid U. Scott, do Penn State Hershey Eye Center, observaram que tal oclusão ocorre em uma ou duas pessoas a cada 100 indivíduos com mais de 40 anos, muitas vezes devido a um coágulo ou a arteriosclerose, um endurecimento das artérias da retina que faz pressão sobre uma veia.

A pressão arterial alta, o único problema de saúde de Bronson (sem contar seu problema no olho), é o principal fator de risco para esse transtorno, mas a oclusão da veia da retina também está associada a diabetes, alta taxa de lipídios no sangue, tabagismo, doenças do fígado e glaucoma.

Tipicamente, os pacientes desenvolvem perda de visão repentina e indolor em um olho. A extensão da perda de visão depende do quanto a retina foi afetada e se a mácula foi prejudicada. Na maior parte das vezes, o diagnóstico pode ser feito através de um exame clínico, embora geralmente se realize um exame chamado angiografia de fluoresceína para avaliar a gravidade do problema.

Descolamento de retina
O descolamento de retina, que ocorre em cerca de 18 a cada 100 mil pessoas por ano, é muito menos comum que a oclusão da veia, mas tem maior tendência a causar perda permanente da visão se não for rapidamente tratado. Quanto mais tempo a retina continuar descolada, menor a probabilidade de que a visão seja recuperada. Desta forma, é importantíssimo reconhecer os sintomas e buscar a ajuda de um oftalmologista sem demora.

O descolamento de retina não dói, mas quase sempre causa sintomas, geralmente antes do início no descolamento: o aparecimento repentino de muitos "elementos flutuantes" na visão, como se fossem pontinhos, filamentos ou barbantes; flashes repentinos e breves de luz, mesmo quando os olhos estão fechados; ou uma sombra sobre parte do campo visual.

Donald Distasio, de Syracuse, Nova York, tinha 61 anos quando, segundo ele, "comecei a ver coisas flutuando e uma indefinição no canto interno do meu olho direito". Seu optometrista suspeitou de um descolamento de retina e imediatamente enviou Distasio a um cirurgião de retina. Ele explicou que o gel vítreo no centro de seu olho tinha puxado a retina, rasgando-a.

Buracos ou rasgos na retina também podem resultar do afinamento da retina com o avanço da idade, ou de outras doenças oculares. Quando a retina se rasga, o fluido vítreo pode vazar atrás dela e afastá-la da parede do olho, impedindo que as imagens alcancem as células fotorreceptoras e, no fim, o cérebro. O resultado é um blecaute da visão na parte afetada da retina.

Além da idade, os fatores de risco para o descolamento da retina incluem miopia, histórico familiar do problema, descolamento anterior em um olho, cirurgia de catarata e uma lesão grave no olho, do tipo que pode ocorrer num acidente de carro, com uma pistola de "paint ball" ou uma corda de bungee jump, disse Donald J. D'Amico, oftalmologista-chefe do Weill Cornell Medical College e do NewYork-Presbyterian Hospital.

Numa entrevista, ele explicou os tratamentos comuns. O mais simples, chamado de retinopexia pneumática, pode ser feito no consultório com anestesia local. Uma bolha de gás é injetada na cavidade vítrea. À medida que o gás se expande, ele pressiona a retina contra a parede do olho e fecha o espaço. O paciente deve permanecer de rosto para baixo por vários dias ou semanas para manter a bolha no local certo. O espaço da retina muitas vezes é selado de forma permanente com uma sonda de congelamento ou laser.

Outro tratamento comum é a introflexão escleral. Ele é feito no hospital com anestesia, mas geralmente no ambulatório. Uma faixa permanente de silicone é suturada na parede externa do globo ocular, criando um recuo que pressiona a retina de volta a seu lugar.

Uma terceira técnica, conhecida como vitrectomia, também é feita em hospital. O gel vítreo que está puxando a retina é removido e substituído por um gás ou líquidos que colam novamente a retina. O procedimento às vezes é combinado com a técnica anterior.

Após o tratamento, pode levar vários meses até que a visão apresente melhoras. O tratamento em si também pode causar catarata, exigindo outra cirurgia. 

 

FONTE:http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/noticia/2011/11/deslocamento-da-retina-pode-comprometer-a-visao-3574214.html

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