60% DOS DOENTES COM ESCLEROSE MÚLTIPLA APRESENTAM MOBILIDADE REDUZIDA

30/11/2011 

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), cerca de 60% dos doentes que sofrem da patologia precisam de ajuda para se movimentar passados 20 anos após o diagnóstico da doença. As dificuldades na marcha encontram-se entre as queixas mais referidas pelos doentes, condicionando muito frequentemente as actividades básicas de vida diária, assim como o exercício de algumas profissões, o que acaba por ter implicações socioeconómicas para o próprio doente e para a família. Estes dados são divulgados no âmbito das comemorações do Dia Nacional da Esclerose Múltipla, que decorre no próximo dia 4 de Dezembro, avança comunicado de imprensa, enviado ao RCM Pharma.


Estes dados vêm ao encontro do mais recente estudo promovido pela SPEM junto dos doentes portugueses e apresentado em Maio deste ano, que revela que 55,6% das pessoas que sofrem de EM encontram-se inactivos, a grande maioria devido a reforma. Dos indivíduos inactivos, 41,5% foi despedido ou reformou-se antecipadamente, 33,2% desistiu por falta de capacidade para trabalhar e 15,7% atingiu o limite de baixa por doença.

A Federação Internacional de Esclerose Múltipla (MSIF) está a reunir 20.000 assinaturas para que no dia 3 de Dezembro, data do quinto aniversário da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, possa apresentar uma petição por condições de trabalho condignas para quem sofre de doenças crónicas flutuantes como a Esclerose Múltipla.

A EM é uma doença inflamatória crónica do Sistema Nervoso Central (SNC), que cursa com perda do revestimento protector de mielina dos neurónios (e por isso se chama também doença desmielinizante), o que acaba por conduzir à acumulação de dano nestas células, que pode tornar-se irreversível. Trata-se de uma patologia que hoje afecta cerca de 6 mil portugueses e mais de dois milhões de pessoas em todo o mundo.
 
De forma a minorar o impacto da doença na qualidade de vida dos doentes, a European Medicines Agency (EMA) aprovou em 2011 para a Europa a fampridina (comprimidos de libertação prolongada), o primeiro tratamento no mundo destinado a combater as perturbações da mobilidade em doentes com EM. Trata-se de um tratamento destinado a melhorar a capacidade de marcha em doentes adultos com EM que apresentem dificuldade em andar. O novo tratamento demonstrou eficácia em adultos com todos os tipos de EM, tanto nas formas surto-remissão, como em formas progressivas. Este fármaco pode ser utilizado em monoterapia ou concomitantemente com outras terapêuticas para a EM, incluindo medicamentos imunomoduladores.
 
João de Sá, neurologista do Hospital de Santa Maria em Lisboa, considera que “a fampridina é o primeiro tratamento com um impacto positivo nas perturbações da mobilidade, que afectam e condicionam a vida de dois terços dos doentes com Esclerose Múltipla. Os doentes em tratamento com fampridina reportam, adicionalmente, uma melhoria global do seu desempenho quotidiano, o que poderá estar associado a outros benefícios do fármaco, que irão ser agora avaliados”.

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