04/03/2013 11:08 CET
As doenças neurodegenerativas podem causar transtornos muito complicados ao longo dos anos, como a paralisia.
Lorenzo Rossi, doente com Esclerose Amiotrófica Lateral, paciente do
projeto Mundus, o novo programa europeu de desenvolvimento de
neuropróteses, em Itália, explica de que padece:
“Lentamente, nestes
últimos cinco ou seis anos, perdi a capacidade de usar o braço esquerdo,
e agora está a espalhar-se para o resto do corpo. Ainda posso mexer os
músculos, mas estou a ficar cada vez mais fraco.”
Andrea Niutta sofre de Esclerose Múltipla e está numa cadeira de
rodas há quase duas décadas. Encontra-se no Hospital Valduce, na Costa
Masnagam perto de Mião, onde faz terapia reeducativa. Niutta ofereceu-se
como voluntário para o Mundus: “Estava absolutamente convencido de que
não ia ter muitos problemas com o braço direito, mas aconteceu
exatamente o contrário. Através destes estímulos, o projeto Mundus
conseguiu mostrar-me como optimizar o uso do braço direito fazendo uma
série de movimentos pequenos.”
O programa pretende devolver algum controlo, autonomia e dignidade
ao dia a dia de pessoas com os membros superiores paralisados, como
Andrea ou Lorenzo. E o mais importante é adaptar a tecnologia ao
paciente, e não o contrário.
Franco Molteni, neurologista, responsável do centro de reabilitação
neurológica do Hospital Valduce Villa Beretta, explica o que fazem:
“Mundus foi uma experiência importante porque pudémos analizar com
detalhe os problemas dos doentes que são definidos como doentes de
nicho, porque não são vários milhões. No entanto, as soluções para os
seus problemas beneficiam milhões de pessoas.”
As neuropróteses são sistemas modulares compostos por exoesqueletos
passivos que libertam o braço do seu próprio peso através de uma
estimulação eléctrica dada aos pacientes que não têm actividade
muscular, nem residual. Outros sistemas paralelos registam as intenções
do paciente, a actividade muscular, e uma câmara regista os movimentos
dos olhos, que podem controlam os movimentos musculares fixando-se em
imagens no ecrã.
Alessandra Pedrocchi, bioengenheira, gestora do projeto Mundus: “O
registo do sinal electromiográfico faz-se através de eléctrodos e de um
sistema de filtragem que permite verificar, em tempo real, o nível de
estimulação dada aos músculos dos braços, que se pretende o mais natural
possível, de acordo com a vontade do paciente”.
Para os que nem a cabeça conseguem mexer, existe um sistema que
interage com o cérebro. Lorenzo, por exemplo, ainda tem funcional o
braço direito, e não quer pensar na possibilidade de perder a
mobilidade, ou seja, perder autonomia.
Lorenzo Rossi: “Este protótipo for criado para o braço esquerdo.
Serei voluntário para refazer todos os testes e experiências no dia em
que quiserem criar um para o braço direito. Talvez aí possamos ver as
diferenças entre um braço paralisado e um braço ainda funcional. Será
uma boa forma de ajudar os engenheiros e médicos que se dedicam a este
projecto”.
Beber, pentear o cabelo, acender uma lâmpada – são pequenos gestos
importantes que podem estar ao dispor, em breve, através das
neuropróteses.
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