PESQUISADORES CHILENOS DESENVOLVEM VACINA CONTRA MENINGITE B

18/01/2012 

Vacina deve estar disponível no mercado em 2013.


Pesquisadores desenvolveram a primeira vacina realmente eficaz contra doenças meningocócicas do grupo B. Já existiam imunizações para os outros quatro sorogrupos causadores de doenças: A, C, W135 e Y. Os resultados de um teste clínico realizado no Chile com uma vacina desenvolvida pela farmacêutica Novartis mostraram que duas doses da vacina produziram quase 100% de proteção em adolescentes.

Os resultados da pesquisa foram divulgados na última edição da revista The Lancet. O sorogrupo B é responsável por quase 60% das doenças meningocócicas — como a meningite meningocócica ou a pneumonia meningocócica — no país andino.

As bactérias do sorogrupo B foram as principais responsáveis pelos casos da doença nas décadas de 80 e 90 no Brasil, explica Telma Carvalhanas, do Centro de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Estado da Saúde.

— Na década de 70, os meningococos do grupo A prevaleciam. Hoje, desapareceram — recorda.

O sorogrupo prevalente no país atualmente é o C, responsável por 80% dos casos. No ano passado, houve cerca de 17 mil casos de doenças meningocócicas no Brasil. No Estado de São Paulo, a letalidade alcança pouco mais de 18%, porcentual semelhante ao da Inglaterra.

Em 2010, a vacina contra doenças meningocócicas do grupo C foi incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI) para crianças menores de dois anos. Por isso, espera-se a diminuição da prevalência desse sorogrupo nos próximos anos e a ascensão de um novo. Daí a importância de uma vacina para o sorogrupo B, o único para o qual não existia uma imunização eficaz.

Luciana Cerqueira Leite, do Instituto Butantã, explica que era difícil fazer uma vacina para o grupo B, pois os açúcares da cápsula que envolvem a bactéria — utilizados como principal ingrediente na vacina para os meningococos de outros grupos — imitam açúcares de algumas células humanas. A vacina precisa utilizar proteínas da membrana da bactéria. Contudo, as proteínas variam muito entre diferentes cepas de um mesmo grupo.

Miguel O'Ryan, da Universidade do Chile, coautor do estudo publicado, diz que a vacina deve estar disponível no mercado em 2013. Agora serão realizados mais testes em outros países.

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