DOENÇAS DERMATOLÓGICAS DE PELO AO MENOS UM TERÇO DOS PACIENTES TÊM ORIGEM PSICOLÓGICA

25/01/2012 


Estresse justificaria a não eficácia de cosméticos prescritos por dermatologistas.

Médica considera necessária uma abordagem mais holística no tratamento.


Uma descamação que não se resolve com os cremes prescritos pelo dermatologista, a acne persistente, furúnculos que ocasionalmente surgem nos momentos mais inoportunos, manchas que aparecem da noite para o dia. Para um terço dos pacientes de dermatologia, segundo dados de um estudo realizado pela Sociedade de Dermatologia do Rio de Janeiro, esses e outros problemas da pele estão diretamente relacionados ao estresse psicológico.

De acordo com a dermatologista e coordenadora do Ambulatório de Psoríase do Hospital Universitário de Brasília, Gladys Aires Martins, em situações de estresse, alterações hormonais, em especial nos níveis de cortisol circulantes, podem prejudicar o equilíbrio da pele, chamado de homeostase cutânea.

Pesquisas recentes têm demonstrado estreitas ligações entre as fibras nervosas periféricas cutâneas e o sistema nervoso central, o que leva à liberação de neurotransmissores, como as endorfinas e outros, que vão mediar sinais e sintomas na pele, de origem psicogênica — explica.

A lógica desse diálogo entre a pele e as emoções é alvo de estudos há mais de um século e aflige milhões de pacientes, que, em geral, nem desconfiam dessa ligação. Como as psicodermatoses podem se manifestar de diversas maneiras — acne, psoríase, vitiligo, pruridos, alopecia, caspa, entre outros — a ligação fica complicada até mesmo para a classe médica.

Quantas vezes seu médico indagou sobre como anda sua vida, suas emoções? De acordo com o dermatologista Marcelo Vianna, de fato, nem sempre o médico toca nessas questões, o que acaba prejudicando o tratamento.

Nossa formação é escassa nesse sentido. Mas, em alguns casos, precisamos de uma abordagem mais holística, ou seja, avaliar o todo para tratar a parte. Em alguns momentos, solicito auxílio de terapeutas especializados em pacientes com doenças dermatológicas, para um trabalho em conjunto.

Em um estudo publicado no The Journal of Investigative Dermatology, o estresse psicológico demonstrou ser muito mais danoso à pele que o estresse físico. Os pesquisados foram divididos em três grupos: um se submeteria a uma falsa entrevista de emprego, ou à privação de sono por 42 horas, e outro a três sessões de esteira ergométrica por dia. Todos tiveram seus níveis de hormônios e de células do sistema imunológico da pele medidos ao fim dos testes. O resultado foi que os voluntários expostos ao estresse psicológico apresentaram alterações significativas, que poderiam desencadear problemas de pele. Já o estresse físico não provocou nenhuma alteração negativa.



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