É SÓ TRISTEZA OU SERÁ DEPRESSÃO?

26/01/2012 


Sem o diagnóstico específico, tristeza e depressão se confundem.

Depressão é a segunda causa de incapacidade no trabalho. Até 2020, deve ser a primeira.

A tristeza é uma emoção natural aos seres humanos e se manifesta normalmente diante de situações que envolvem principalmente perda, desamparo, frustração, fracasso ou rejeição. Por outro lado, a depressão tem características neuroquímicas importantes e não depende de um evento gatilho para se manifestar. Frequente em vários países, de 3% a 11% da população pode apresentar esse transtorno anualmente.

Infelizmente, muitas pessoas não buscam tratamento para depressão por confundi-la com uma tristeza profunda. As pessoas precisam entender que depressão é uma doença que requer tratamento especializado — afirma o psicólogo clínico e doutor em neurociência e comportamento, Julio Peres.

Segundo Peres, a depressão é a segunda causa de incapacidade no trabalho e a projeção é que, até 2020, seja a primeira da lista. A causa da depressão é tida como multifatorial, isto é: converge vários fatores como o estilo de vida, o tipo de personalidade, a história pessoal e a predisposição genética. Há quem apresente sintomas depressivos na infância ou na adolescência. Outros manifestam o problema após uma sequência de eventos traumáticos na idade adulta.


Tipos de depressão

No diagnóstico da depressão são considerados sintomas psíquicos, como tristeza, angústia, autodesvalorização, culpa, diminuição da capacidade de experimentar prazer nas atividades antes consideradas agradáveis, sensação de perda de energia, dificuldade de se concentrar ou de tomar decisões; fisiológicos, ou seja, alterações do sono, alterações do apetite, redução do interesse sexual; e evidências comportamentais, como retraimento e isolamento social, crises de choro, comportamentos suicidas, lentificação ou agitação motora expressivas.

Também há que se levar em conta se os sintomas são primários ou secundários a traumas psicológicos, doenças, uso de drogas e medicamentos. Fatores hormonais — como o funcionamento precário da tireoide ou desbalanceamento de outros hormônios — são outras variáveis que podem levar a um falso diagnóstico.

Um episódio depressivo pode durar em média 20 semanas e a psicoterapia pode ser um dos caminhos para o tratamento. Conforme o indivíduo verbaliza suas angústias ao psicólogo, ele passa a ouvir a si mesmo de uma maneira diferenciada e a organização mental se configura — explica o especialista.


Como identificar

De acordo com Peres, o paciente pode ser considerado em depressão quando apresenta cinco ou mais dos seguintes sintomas por duas semanas (todos os dias ou quase todos os dias):

:: Interesse ou prazer acentuadamente reduzidos.

:: Humor deprimido (tristeza).

:: Perda ou ganho significativo de peso (apetite) sem estar em dieta.

:: Insônia ou hipersonia.

:: Agitação ou retardo psicomotor.

:: Fadiga ou perda de energia.

:: Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva.

:: Capacidade reduzida de pensar ou concentrar-se.

:: Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida.

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