02/11/2012
Esclerose Múltipla: Divulgados os resultados da última fase de uma pesquisa sobre novo medicamento para a doença.
Droga Alemtuzumabe,
utilizada no combate à leucemia, reduz a incidência de recaídas, atenua
as deficiências causadas pelas crises e reduz a atrofia cerebral.
A droga Alemtuzumabe é eficaz para tratar pacientes com Esclerose Múltipla. Segundo os resultados da fase final dos testes clínicos, o
remédio, que já é comercializado com o nome de Lemtrada e utilizado no
combate à leucemia, diminui as chances de uma recaída — ou novas crises —
e as taxas de atrofia cerebral. O estudo, divulgado nesta quinta-feira
na revista médica The Lancet, faz parte de um programa da
Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, que desde 1991 se dedica a
desenvolver novas drogas para a Esclerose Múltipla.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Alemtuzumab for patients with relapsing multiple sclerosis after disease-modifying therapy: a randomised controlled phase 3 trial e Alemtuzumab versus interferon beta 1a as first-line treatment for patients with relapsing-remitting multiple sclerosis: a randomised controlled phase 3 trial
Onde foi divulgada: revista The Lancet
Quem fez: Alasdair Coles e equipe
Instituição: Universidade de Cambridge, Grã-Bretanha
Dados de amostragem: 1.421 pessoas de 18 a 55 anos
Resultado: O medicamento Alemtuzumabe reduz as recaídas, atenua as deficiências e diminui a atrofia cerebral causadas pelas Esclerose Múltipla.
A causa da Esclerose Múltipla ainda é desconhecida e não há cura para a
doença. Sabe-se que ocorre quando a mielina, substância que envolve e
protege as fibras nervosas do cérebro, da medula espinal e do nervo
óptico é danificada ou destruída. Quando isso acontece, são formadas
áreas de cicatrização, ou Escleroses, e surgem diferentes sintomas
sensitivos, motores e psicológicos, que são as crises. Além do número de
cicatrizações, o grau de atrofia cerebral em um paciente é uma das
formas de medir a gravidade da doença.
Segundo a pesquisa britânica, o Alemtuzumabe diminui os riscos de que
novas Escleroses ocorram nas fibras nervosas do cérebro de maneira mais
eficaz do que os tratamentos de primeira linha — ou seja, os remédios
que são atualmente utilizados no tratamento da doença. Por isso, segundo
os autores do estudo, o medicamento pode ser eficaz tanto para
pacientes que ainda não foram submetidos a nenhuma terapia quanto
aqueles que não respondem ao tratamento convencional.
Testes--A fase final do estudo clínico do Alemtuzumabe foi financiada pelos laboratórios Genzyme, do grupo Sanofi,
e Bayer Pharma. Mais de 1.000 pacientes com Esclerose Múltipla foram
selecionados. De acordo com a pesquisa, entre pacientes que já haviam
sido submetidos a alguma terapia, mas que apresentaram alguma crise ao
longo do tratamento, o Alemtuzumabe reduziu os episódios de recaída
quase 50% a mais do que o interferon beta-1a (Rebif), medicamento de
primeira linha que costuma ser receitado a pessoas com a doença.
Além disso, em um período de dois anos, 65% dos pacientes que receberam Alemtuzumabe não apresentaram nenhuma crise da doença, em comparação
com os 47% que receberam o outro remédio. O tratamento testado também
diminuiu o agravamento das deficiências causadas pela Esclerose Múltipla
e as taxas de atrofia cerebral.
Os resultados dos testes aplicados a pacientes com a doença que nunca
haviam recebido tratamento para Esclerose Múltipla foram semelhantes. Em
dois anos, o Alemtuzumabe reduziu o número de recaídas em 55% mais do
que o interferon beta-1a. Além disso, 78% dos indivíduos que receberam o
medicamento testado permaneceram dois anos sem ter crises, enquanto
essa taxa foi de 59% para o outro grupo. "Embora outras drogas para Esclerose Múltipla tenham surgido nos últimos anos, nenhuma havia
mostrado esse efeito de melhorar os quadros de deficiência associada à
doença", diz Alasdair Coles, coordenador do estudo.
Efeitos colaterais — Coles lembra, porém, que o Alemtuzumabe pode ter sérios efeitos colaterais, como o surgimento de
outras doenças autoimunes. Em seu estudo, 20% dos pacientes que
receberam a droga desenvolveram uma condição autoimune da tireoide.
"Embora o Alemtuzumabe possa causar efeitos colaterais sérios, eles
podem ser identificados e tratados com um programa de monitoramento",
diz.
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