15 de novembro de 2012
APARELHO INÉDITO.
Hospital de Clínicas de Porto Alegre tem único equipamento disponível no país
Grande avanço na área ginecológica dos últimos anos, um aparelho
disponível na Capital promete ajudar as mulheres a enfrentarem um dos
cânceres mais agressivos: o de colo do útero, que mata uma gaúcha a cada
10 horas. Localizada no Instituto de Prevenção do Câncer de Colo do
Útero (Incolo), no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, a novidade foi
doada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), sob coordenação do
presidente do Incolo, o ginecologista Paulo Naud.
Batizado de
Semm – uma homenagem ao seu criador, o médico alemão Kurt Semm –, o
aparelho consegue tratar todas as lesões que antecedem o câncer e,
inclusive, o carcinoma in situ (câncer do colo que não iniciou a
invasão), sem necessidade de cirurgia. Em alguns casos, a aplicação não
dura mais do que 60 segundos, por meio de uma onda de calor.
Segundo
Paulo Naud, “a meta é diminuir a incidência deste tipo de câncer nas
mulheres brasileiras com exames de prevenção e prestar um atendimento de
excelência às pacientes com lesões precursoras, utilizando as melhores
tecnologias disponíveis”.
Procedimento é pouco invasivo e não exige uso de anestesia
Naud
explica ainda que a utilização do equipamento traz muitos benefícios
para as pacientes, pois o procedimento pode ser realizado em uma
consulta normal no consultório, não necessitando de anestesia ou
realização de pontos cirúrgicos, evitando o desconforto que uma cirurgia
e a sua recuperação trazem.
– Este tipo de procedimento
constitui um avanço enorme, pois é menos invasivo e muito mais seguro
nos tratamentos de câncer ginecológico – conclui.
Doença pode ser controlada em sua totalidade, diz especialista.
Paulo Naud - Presidente do Incolo.
Por e-mail, Paulo Naud – um dos maiores pesquisadores sobre câncer de
colo do útero no país –, esclareceu algumas dúvidas sobre a doença.
Confira:
Zero Hora – Sabemos que o câncer de colo do útero pode
ser prevenido, mas por que não houve uma redução no número de casos nas
últimas décadas?
Paulo Naud – Basicamente, porque a prevenção
necessita de cobertura populacional e de um programa bem estruturado.
Atualmente, os programas que existem, mesmo no Brasil, são chamados
oportunísticos. Ou seja: as mulheres participam quando sentem
necessidade ou quando se lembram de fazê-lo.
ZH – O senhor acredita que é possível erradicar o câncer de colo do útero?
Naud
– Erradicar é quando não existe um caso sequer em todo o país ou
região. Então, a resposta é negativa. Porém, reduzir um ou outro caso,
isto sim é possível. Pois este é um tipo de câncer que pode ser
controlado praticamente na sua totalidade, se a prevenção for feita de
maneira correta, sendo a prevenção primária através da vacina (contra o
HPV) e secundária pelo exame Papanicolau.
ZH – Nos Estados
Unidos, apenas 6% das mulheres que realizam o Papanicolau apresentam
anormalidades e precisam de um acompanhamento médico. Qual é a utilidade
desse exame para a prevenção?
Naud – O Papanicolau é um exame de
prevenção que detecta as células alteradas pré-malignizadas ou já
malignizadas. A prevenção é muito importante, pois em qualquer alteração
existente, o tratamento quanto mais precoce maiores são os resultados
positivos à paciente.
ZH – O que o senhor indica para prevenir o aparecimento do câncer? Hábitos de vida podem influenciar?
Naud
– O melhor hábito de vida possível, alinhado a um estilo saudável e boa
alimentação. Outra prática que deve ser adotada são os exames de
prevenção, que na realidade, são um conjunto de exames, que podem ser
feitos para o diagnóstico precoce de qualquer alteração existente.
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