Em 13 de novembro de 2012 as 09h36
Diagnosticado a partir da 24ª semana de gravidez, mal ocorre por
produção de hormônios pela placenta que podem bloquear a ação da
insulina.
Doença
silenciosa que atinge a mulher na gravidez, o diabetes gestacional pode
causar danos à saúde da mãe e do bebê se não diagnosticado e tratado
corretamente.
Assim
como o diabetes tipo 1 (doença autoimune que atinge jovens) e o tipo 2
(relacionada à obesidade e ao sedentarismo), o diabetes gestacional
também é caracterizado pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue. O
endocrinologista Dr. Carlos Negrato, diretor do Departamento de Diabetes
Gestacional da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), explica, no
entanto, que a doença surge na gravidez e só pode ser diagnosticada no
fim do segundo trimestre de gestação:
— Se surgir antes desse período é sinal de que a mulher já tinha diabetes antes de engravidar e não sabia.
A
doença singular ocorre por uma produção de hormônios pela placenta que
podem bloquear a ação da insulina, responsável pelo transporte do açúcar
do sangue para as células. A partir da 24ª semana de gestação, o nível
desses hormônios começa a ficar mais elevado, fazendo com que a insulina
tenha mais dificuldade de exercer sua função e aumentando as chances de
desenvolver o diabetes gestacional.
—
Enquanto a mãe corre o risco de ter pré-eclâmpsia (hipertensão na
gestação), ganhar peso excessivo e abortar precocemente, a criança pode
nascer muito grande, com cerca de 4 kg, apresentar insuficiência
pulmonar, estar sujeita a maior icterícia (amarelidão da pele), ou
sofrer traumatismos, como fraturar algum ombro ao nascer.
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Além
disso, como cerca de dois terços do açúcar da mãe vão para o bebê, a
quantidade extra de glicose no corpo sobrecarrega o pâncreas da criança,
que passa a produzir mais insulina.
A
endocrinologista Dra. Vivian Ellinger, presidente da regional do Rio de
Janeiro da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia),
alerta ainda para problemas que podem ocorrer depois do parto:
—
Se a doença não for tratada adequadamente, há o risco de esse bebê ter
hipoglicemia (teor de glicose no sangue abaixo do normal) ao nascer ou
mesmo de ocorrer morte fetal súbita. Já na vida adulta, são maiores as
chances de desenvolver diabetes e síndromes metabólicas.
Risco
Entre
os fatores de risco que têm relação com a doença estão mulheres com
herança genética (com histórico de diabetes na família), as que
engravidam acima do peso ou engordam muito durante a gravidez, as que
têm a primeira gestação depois dos 25 anos de idade ou, ainda, aquelas
que são portadoras da síndrome do ovário policístico (desequilíbrio
hormonal que pode causar alterações no ciclo menstrual, pequenos cistos
no ovário ou mesmo dificuldade para engravidar).
Segundo
Negrato, trabalhos feitos no Brasil durante os anos 80 indicavam que
7,6% das mulheres grávidas desenvolviam diabetes gestacional. Hoje, com
mudanças nos critérios para o diagnóstico, estima-se que cerca de 18%
das mulheres grávidas sejam atingidas pela doença.
Diagnóstico
Vale
ressaltar que o diagnóstico da doença só pode ser feito a partir da 24ª
semana de gestação. Assim, um exame de glicose no início da gravidez é
inconclusivo sobre o diabetes gestacional, já que o problema só costuma
se manifestar no fim do segundo trimestre.
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Assim,
se a mulher no início da gravidez descobre que sua glicemia é igual ou
maior que 92 mg/dl (miligramas por decilitros), significa que ela tinha
diabetes antes de engravidar. Se for menor do que essa taxa, ela deve
fazer o chamado exame de curva glicêmica entre a 24ª e 28ª semana de
gestação. No teste, a gestante colhe sangue para saber o nível de açúcar
ainda em jejum. Depois, toma um líquido doce com 75 gramas de glicose e
repete o teste de sangue 60 minutos depois e 120 minutos depois. Uma
hora após o líquido ser ingerido, o nível de glicose da mulher não deve
ultrapassar 180 mg/dl. Duas horas depois, o valor deve ficar no máximo
em 155 mg/dl.
Tratamento
Quando
a doença é diagnosticada, a primeira medida é o tratamento através de
dietas e mudanças no estilo de vida, com a inclusão de uma rotina de
exercícios físicos. Se dentro de duas semanas a taxa de glicemia não se
normaliza, os médicos recorrem à medicação com insulina na paciente.
Apenas 20% das mulheres com diabetes gestacional precisam fazer uso da
insulina, cujo tratamento é seguro e não apresenta riscos para mãe ou
bebê.
Uma
vez diagnosticado, o diabetes gestacional persiste até o fim da
gravidez. Depois que o bebê nasce, é esperado o fim da produção de
hormônios pela placenta e, consequentemente, do diabetes gestacional.
Alguns casos, no entanto, não regridem e as mulheres passam a conviver
com o diabetes. De acordo com Negrato, de 20% a 25% das gestantes
diagnosticadas com a doença continuam diabéticas.
Além
disso, explica o especialista, uma vez que se tem a doença, maiores são
as probabilidades de desenvolvê-la em uma gravidez futura.
Apesar
das semelhanças, o diabetes gestacional não deve ser confundido com os
diabetes tipo 1 ou 2. A condição da gestante que desenvolve a doença é
diferente da apresentada pela mulher diabética que engravida, que deve
se preparar para a gravidez com um controle rígido sobre a glicemia.
Aquelas que antes faziam uso de remédios como hipoglicemiantes orais,
por exemplo, devem trocar a medicação por insulina antes de engravidar. A
maioria dos medicamentos são contraindicados para o período de
gestação. Planejar a gravidez, portanto, é fundamental, explica a Dra.
Vivian:
—
Uma mulher que tem diabetes pode engravidar, mas deve procurar seu
endocrinologista para ter a doença muito bem controlada para minimizar o
risco de má formação do bebê. Já quem não tem diabetes, deve tomar
muito cuidado para não engravidar acima do peso e não engordar demais na
gravidez para não correr o risco de ter diabetes gestacional.
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