The New York Times   29/04/2013
200mg de sódio por dia são tudo que uma pessoa precisa para se manter saudável.
Estudo projeta que uma pequena redução 
estável de sódio na dieta poderia salvar até meio milhão de vidas nos 
Estados Unidos ao longo da próxima década.
Alguns séculos atrás, o sal era mais valioso do que o ouro, mas 
atualmente o condimento vem perdendo aprovação popular. Agora sabemos 
que seu componente principal, o sódio, pode elevar a pressão sanguínea, 
aumentando o risco de doenças do coração, derrames e pressão alta.
Um novo estudo, produzido por três importantes universidades, projeta
 que uma pequena redução estável de sódio na dieta poderia salvar até 
meio milhão de vidas nos Estados Unidos ao longo da próxima década. E 
uma redução mais rápida salvaria ainda mais vidas — praticamente 850 
mil.
Os finlandeses já provam essa projeção. Conforme descrito no mês 
passado no The New England Journal of Medicine, desde o início dos anos 
70, quando a Finlândia lançou uma campanha nacional para reduzir a 
ingestão de sal, o consumo diário caiu 3 mil miligramas (mg) para homens
 e mulheres, com um declínio que teve correspondência nas taxas de morte
 por AVC e doenças cardíacas coronárias, que caíram de 75% a 80%.
O sódio é essencial na dieta humana. Mas meros 200mg por dia são tudo
 que uma pessoa precisa para se manter saudável. O americano médio, no 
entanto, ingere 3,3 mil mg diariamente, principalmente do sal adicionado
 a alimentos preparados industrialmente ou em restaurantes.
O excesso de sódio na dieta faz o sangue reter água, sobrecarregando o
 coração e os vasos sanguíneos. O estudo, publicado na revista 
Hypertension, projeta que entre 280 mil e 500 mil vidas seriam salvas 
por uma redução de 40% na ingestão de sódio, cerca de 2,2 mil mg 
diários, ao longo de 10 anos. Uma redução instantânea para 1,5 mil mg 
poderia evitar entre 700 mil e 1,2 milhão de mortes em 10 anos.
Tais projeções, feitas com base em simulações e modelos 
computadorizados, foram feitas por pesquisadores da Universidade da 
Califórnia em San Francisco, da Escola de Medicina de Harvard e da 
Universidade Simon Fraser, na Colúmbia Britânica (Canadá). Os 
pesquisadores usaram três métodos diferentes para avaliar os benefícios 
da redução do sódio e ficaram impressionados com a semelhança entre as 
projeções dos benefícios. 
Um método teve como base um estudo clínico controlado de redução de 
sódio entre homens e mulheres acompanhados durante um período de 10 a 15
 anos. O segundo avaliou os riscos cardiovasculares baseando-se 
indiretamente nos efeitos na pressão sanguínea resultante da combinação 
de redução do sódio e terapia com medicamentos. E o terceiro se baseou 
nos estudos populacionais da diminuição de sódio e nas mortes 
decorrentes de doenças cardiovasculares, derrames e demais causas.
— Não importa como a estudamos, a história é sempre a mesma. Sempre 
haverá enormes benefícios na redução do sódio — disse Pamela Coxson, 
matemática do Centro para Populações Vulneráveis da Universidade da 
Califórnia.
Kirsten Bibbins-Domingo, diretora do centro e principal autora do 
estudo, observa que à medida que o sódio é reduzido na dieta, o 
organismo começa a esperar que a comida tenha um gosto menos salgado, e 
esse passa a ser o sabor normal da comida.
— Dietas com pouco sódio regulam nossas papilas gustativas em cerca de seis semanas — explica.
Saiba mais
O sal é apenas uma das fontes do sódio nos alimentos. Outras são 
glutamato de sódio, bicarbonato de sódio, fermento em pó, fosfato 
dissódico e demais componentes que tenham "sódio" no nome. Ainda assim, o
 sal — cloreto de sódio — é o principal agressor. Nos EUA, cerca de 80% 
do sal é introduzido pelas fábricas de alimentos e cozinhas de 
restaurantes. Dez tipos de alimento contribuem com mais de 40% do sódio 
consumido pelos americanos, de acordo com o Centro de Controle e 
Prevenção de Doenças.
Onde está o sódio
A principal fonte de sal não são os alimentos especificamente 
salgados, como pretzels ou anchovas. São os pães, principalmente por 
eles serem muito mais consumidos do que as outras principais fontes de 
sódio: frios, carnes curadas (secas), pizzas, aves (frequentemente 
infundidas com água salgada), sopas, sanduíches, queijos, massas, carnes
 e lanchinhos como salgadinhos e pipoca.
A boa notícia é que o mercado começa a ficar repleto de opções de 
alimentos com menos sódio, além de versões menos salgados de comidas que
 tradicionalmente contêm grande quantidade de sal. Vale a pena checar as
 tabelas de informações nutricionais (e, no caso das carnes frescas de 
aves e porco, a lista de ingredientes) e escolher produtos com menos 
sódio.
Opções menos salgadas
Análises feitas pelo Departamento de Agricultura do EUA e dados de 
fabricantes mostram uma faixa muito ampla do teor de sódio nos produtos 
comuns. Apenas 85g de peito de peru podem conter entre 450 e 1.050mg de 
sódio. Uma caneca de canja enlatada pode ter de 100 a 940mg de sódio. E 
um cheeseburger num fast-food pode conter entre 710 e 1.690mg de sódio.
Mesmo entre os lanches salgados, algumas escolhas podem ser melhores 
do que outras. Pode-se misturar amendoins levemente salgados com outros 
sem sal ou com frutas secas, por exemplo.
Alternativas caseiras
Para as refeições caseiras, há inúmeras ervas, especiarias e pimentas
 que podem realçar o sabor dos alimentos e diminuir a necessidade do 
sal. Ervas frescas dão mais sabor do que as secas, embora sejam mais 
caras. Pode-se plantar alecrim e tomilho em um beiral de janela 
ensolarado ou obter uma explosão de sabores combinando verduras 
picantes, como folhas de mostarda, na sua receita favorita.
Essencial, mas não em excesso
O Guia Alimentar para os Americanos, publicado pelo governo federal, 
recomenda um máximo de 2,3 mil mg de sódio por dia — a quantidade 
encontrada em uma colher de chá de sal — para pessoas saudáveis. O Guia e
 a Associação Americana do Coração recomendam um limite ainda mais baixo
 — 1,5 mil mg diários — para cerca de 60% dos americanos adultos: são 
aqueles que já têm alguma doença afetada pelo sódio, entre eles os 
negros (que são mais propensos à pressão alta) e pessoas com 51 anos ou 
mais.





 
Nenhum comentário:
Postar um comentário