13 de abril de 2013
Fábio Feldman PhD em biomecânica, professor da Universidade Simon Fraser (Canadá)
Desde
2007, o brasileiro Fabio Feldman tem sobre os ombros uma grande
responsabilidade: como gestor da área de prevenção de quedas e fraturas
de idosos do sistema de saúde do governo canadense na Colúmbia
Britânica, cabe a ele desenvolver programas de prevenção para evitar
quedas e fraturas entre os 200 mil idosos que vivem na província. Por
lá, a qualidade de vida dos idosos é levada a sério, uma vez que eles
representam 20% da população do país. Para ajudá-los a serem
independentes e, ao mesmo tempo, cortar gastos com internações, asilos e
cuidadores domésticos, o sistema público de saúde criou uma área só
para tratar do assunto. São 86 asilos e três hospitais sob a supervisão
de Feldman, que mora no Canadá desde 1996. Nesta entrevista, ele fala
das medidas que podem ser aplicadas no Brasil, onde os idosos já somam
mais de 10% da população.
Agência Gazeta do Povo – Em que o Canadá se difere no cuidado para evitar quedas de idosos?
Fábio Feldman – Há muita ênfase na prevenção. Há uma área só para isso, em que eu atuo, tanto que se o idoso cai e faz uma fratura, ele vai para outro departamento, tratar com cirurgiões e ortopedistas. Fazemos de tudo para garantir sua qualidade de vida e evitar gastos para o sistema de saúde. A mortalidade por quedas é muito alta – de 25% a 30% dos que caem fraturam a bacia e morrem em até um ano. É um custo muito alto para a pessoa pela dor, para a família e também para o Estado, uma vez que lá todo esse cuidado é provido pelo governo.
Agência Gazeta do Povo – Como é a prevenção?
Feldman – Um exemplo são os programas de exercícios criados para a comunidade de 13 cidades, para os idosos mais frágeis. Criamos programas para os idosos que usam bengala ou andadores, que são os que mais têm a ganhar com os exercícios. Só podem se registrar nesses programas os idosos que são mandados pelos médicos ou pelos nossos hospitais. Antes, tratávamos esses idosos e não tínhamos para onde mandá-los para fazer exercícios. Era difícil fazê-los acompanhassem o ritmo dos mais ativos, eles tinham vergonha por não conseguirem fazer a mesma coisa. Então, fizemos um grupo em que todos estavam no mesmo nível. É um programa que ocorre duas vezes por semana, por uma hora. É feito um teste antes e outro depois, e percebemos que a resistência a quedas aumenta em torno de 80%.
Agência Gazeta do Povo – Que tipos de exercício são feitos?
Feldman – De agilidade, que ajudam a melhorar o equilíbrio e a força muscular. Há um pouco de musculação também. Um dos melhores exercícios já comprovados é o tai chi chuan, que pode ser feito devagar, ajuda no equilíbrio e na coordenação motora. Muitos voltam a pentear o cabelo e se vestir, pequenas coisas que não podiam fazer porque haviam perdido a força.
Agência Gazeta do Povo – Como o Brasil pode se preparar e se adaptar ao envelhecimento da sua população?
Feldman – No Canadá, não há mais constrangimento em relação aos andadores, por exemplo. Nos shoppings, há até estacionamento para eles. As calçadas são rebaixadas e o andador faz sucesso. Pessoas viajam e vão até a cassinos utilizando o seu andador. Você não vê pessoas com bengala, pois o andador é a evolução da bengala, é mais seguro e confortável. Há espaço para eles nos restaurantes, nos condomínios. As casas são adaptadas, com portas mais largas para cadeiras de rodas. No Brasil, essa mentalidade também deve ocorrer, para que as pessoas vivam de forma independente o máximo possível.
Agência Gazeta do Povo – Em que o Canadá se difere no cuidado para evitar quedas de idosos?
Fábio Feldman – Há muita ênfase na prevenção. Há uma área só para isso, em que eu atuo, tanto que se o idoso cai e faz uma fratura, ele vai para outro departamento, tratar com cirurgiões e ortopedistas. Fazemos de tudo para garantir sua qualidade de vida e evitar gastos para o sistema de saúde. A mortalidade por quedas é muito alta – de 25% a 30% dos que caem fraturam a bacia e morrem em até um ano. É um custo muito alto para a pessoa pela dor, para a família e também para o Estado, uma vez que lá todo esse cuidado é provido pelo governo.
Agência Gazeta do Povo – Como é a prevenção?
Feldman – Um exemplo são os programas de exercícios criados para a comunidade de 13 cidades, para os idosos mais frágeis. Criamos programas para os idosos que usam bengala ou andadores, que são os que mais têm a ganhar com os exercícios. Só podem se registrar nesses programas os idosos que são mandados pelos médicos ou pelos nossos hospitais. Antes, tratávamos esses idosos e não tínhamos para onde mandá-los para fazer exercícios. Era difícil fazê-los acompanhassem o ritmo dos mais ativos, eles tinham vergonha por não conseguirem fazer a mesma coisa. Então, fizemos um grupo em que todos estavam no mesmo nível. É um programa que ocorre duas vezes por semana, por uma hora. É feito um teste antes e outro depois, e percebemos que a resistência a quedas aumenta em torno de 80%.
Agência Gazeta do Povo – Que tipos de exercício são feitos?
Feldman – De agilidade, que ajudam a melhorar o equilíbrio e a força muscular. Há um pouco de musculação também. Um dos melhores exercícios já comprovados é o tai chi chuan, que pode ser feito devagar, ajuda no equilíbrio e na coordenação motora. Muitos voltam a pentear o cabelo e se vestir, pequenas coisas que não podiam fazer porque haviam perdido a força.
Agência Gazeta do Povo – Como o Brasil pode se preparar e se adaptar ao envelhecimento da sua população?
Feldman – No Canadá, não há mais constrangimento em relação aos andadores, por exemplo. Nos shoppings, há até estacionamento para eles. As calçadas são rebaixadas e o andador faz sucesso. Pessoas viajam e vão até a cassinos utilizando o seu andador. Você não vê pessoas com bengala, pois o andador é a evolução da bengala, é mais seguro e confortável. Há espaço para eles nos restaurantes, nos condomínios. As casas são adaptadas, com portas mais largas para cadeiras de rodas. No Brasil, essa mentalidade também deve ocorrer, para que as pessoas vivam de forma independente o máximo possível.
Na prática
Veja algumas ideias que Fábio Feldman propõe para
ajudar a diminuir a incidência de queda de idosos:
CRIANÇAS ENGAJADAS
Para conscientizar os idosos sobre a importância de um “ambiente antiquedas”, a equipe de Feldman recrutou crianças. Para isso, ele escreveu o livro Safety Superheroes – Preventing Grandparents From Falling (Super-heróis da Segurança: Impedindo que os Avós Caiam, em tradução livre). Um grupo de idosos vai até a sala de aula ler o livro e interagir com os alunos. Depois, os pequenos vão para a casa dos avós com um check-list, para observar se eles vivem em um ambiente seguro.
CHÃO SEGURO
Para evitar fraturas, quartos e banheiros de asilos foram forrados com o chamado chão antifadiga, feito de polímeros que minimizam o impacto sobre as articulações e reduzem o risco de fraturas quando o idoso cai. A iniciativa faz parte de uma pesquisa em que 75 quartos receberão o tapete e 75 não receberão. A ideia é perceber se haverá diminuição no número de queda.
PROTETOR DE BACIA
Pouquíssimo usado no Brasil (por ser importado), o protetor anatômico é feito com espuma e acoplado por dentro de uma roupa interna especial, colocado à altura da bacia (ao lado), protegendo a cabeça do fêmur. Se o idoso cai utilizando o protetor, a chance de se machucar diminui em até 80%. Ocorrências de fratura diminuíram 30%.
EXERCÍCIOS FÍSICOS
Para evitar que idosos mais frágeis, e até os que precisam de andador, sentissem vergonha de fazer exercícios com idosos mais saudáveis, foram criadas aulas específicas para eles, com exercícios que podem ser feitos até mesmo com a pessoa sentada. Também foi dada ênfase às caminhadas, à musculação e a exercícios que focam no equilíbrio e na agilidade.
VITAMINA D
Uma forma de prevenir quedas entre os idosos foi fornecer um suplemento de vitamina D aos residentes de asilos. Pesquisa conduzida por Feldman mostrou que a redução nas quedas, após dois a cinco meses, foi de 26%. O custo da suplementação por residente é de R$ 0,42 por semana. O dinheiro economizado com uma única queda evitada paga todo o programa, e a redução esperada nas quedas é de 20%.
TRÊS PERGUNTAS BÁSICAS
As enfermeiras dos asilos têm um crachá com três perguntas básicas que devem ser feitas antes de deixar o quarto do idoso e que ajudam a evitar que ele saia da cama sozinho e sofra uma queda: “Você precisa ir ao banheiro?”, “você está sentindo alguma dor?” e “você precisa de alguma coisa?”. As respostas são anotadas para controle interno. Chamados de emergência diminuíram.
FONTE:http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a4104805.xml&template=3898.dwt&edition=21767§ion=1028
Veja algumas ideias que Fábio Feldman propõe para
ajudar a diminuir a incidência de queda de idosos:
CRIANÇAS ENGAJADAS
Para conscientizar os idosos sobre a importância de um “ambiente antiquedas”, a equipe de Feldman recrutou crianças. Para isso, ele escreveu o livro Safety Superheroes – Preventing Grandparents From Falling (Super-heróis da Segurança: Impedindo que os Avós Caiam, em tradução livre). Um grupo de idosos vai até a sala de aula ler o livro e interagir com os alunos. Depois, os pequenos vão para a casa dos avós com um check-list, para observar se eles vivem em um ambiente seguro.
CHÃO SEGURO
Para evitar fraturas, quartos e banheiros de asilos foram forrados com o chamado chão antifadiga, feito de polímeros que minimizam o impacto sobre as articulações e reduzem o risco de fraturas quando o idoso cai. A iniciativa faz parte de uma pesquisa em que 75 quartos receberão o tapete e 75 não receberão. A ideia é perceber se haverá diminuição no número de queda.
PROTETOR DE BACIA
Pouquíssimo usado no Brasil (por ser importado), o protetor anatômico é feito com espuma e acoplado por dentro de uma roupa interna especial, colocado à altura da bacia (ao lado), protegendo a cabeça do fêmur. Se o idoso cai utilizando o protetor, a chance de se machucar diminui em até 80%. Ocorrências de fratura diminuíram 30%.
EXERCÍCIOS FÍSICOS
Para evitar que idosos mais frágeis, e até os que precisam de andador, sentissem vergonha de fazer exercícios com idosos mais saudáveis, foram criadas aulas específicas para eles, com exercícios que podem ser feitos até mesmo com a pessoa sentada. Também foi dada ênfase às caminhadas, à musculação e a exercícios que focam no equilíbrio e na agilidade.
VITAMINA D
Uma forma de prevenir quedas entre os idosos foi fornecer um suplemento de vitamina D aos residentes de asilos. Pesquisa conduzida por Feldman mostrou que a redução nas quedas, após dois a cinco meses, foi de 26%. O custo da suplementação por residente é de R$ 0,42 por semana. O dinheiro economizado com uma única queda evitada paga todo o programa, e a redução esperada nas quedas é de 20%.
TRÊS PERGUNTAS BÁSICAS
As enfermeiras dos asilos têm um crachá com três perguntas básicas que devem ser feitas antes de deixar o quarto do idoso e que ajudam a evitar que ele saia da cama sozinho e sofra uma queda: “Você precisa ir ao banheiro?”, “você está sentindo alguma dor?” e “você precisa de alguma coisa?”. As respostas são anotadas para controle interno. Chamados de emergência diminuíram.
FONTE:http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a4104805.xml&template=3898.dwt&edition=21767§ion=1028
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