SOS HEPATITE DENUNCIA QUE RESTRIÇÃO DE ACESSO A MEDICAMENTOS ATINGE OUTRAS DOENÇAS GRAVES

14/01/2013 

A presidente da SOS Hepatite, Emília Rodrigues, denunciou na passada sexta-feira que nos casos de cancro, VIH, artrite reumatóide e Esclerose Múltipla também está a haver restrição de prescrever medicamentos nos hospitais públicos, avança a agência Lusa.

“Não é só na nossa patologia [que esta situação está a acontecer].É nas patologias mais graves, no VIH, no cancro, na artrite reumatóide, Esclerose Múltipla, em que os doentes não têm acesso à medicação e vão piorando”, disse na passada sexta-feira à Lusa Emília Rodrigues.

O bastonário da Ordem dos Médicos denunciou na quarta-feira à noite que há situações de clínicos que estão a ser proibidos de prescrever os medicamentos que consideram adequados para os seus doentes.

José Manuel Silva deu o exemplo da hepatite C, relatando que os novos medicamentos antivirais estão a ser usados de forma diferente consoante os hospitais, havendo algumas unidades que não estão a permitir a sua utilização.

Na passada sexta-feira, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, afirmou que o Ministério da Saúde vai “analisar os casos concretos e dar-lhes consequência”.

Emília Rodrigues disse que a SOS Hepatite está disponível para falar com o ministro acerca desta situação, assim como o Fórum Saúde, que representa 25 associações de doentes, porque esta situação está afectar várias patologias e ”todas elas graves”.

“Temos que nos reunir, falar e propor soluções”, disse, adiantando que “o ministro da Saúde, os secretários de Estado, os médicos e as associações têm de estar todos em defesa do doente”.
“Eu sei que o país não tem dinheiro, que estamos numa crise imensa, mas temos de pensar que há doentes graves que têm de ser tratados”, frisou.

Relativamente aos doentes com hepatite, a responsável disse que tem conhecimento de casos de doentes que estão à espera há muito tempo de medicamentos de uso exclusivo hospitalar, sujeitos a um processo de avaliação prévia antes de autorizados para uso nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.

Nas contas da associação, entre 1.500 a 2.000 doentes com cirrose estão a necessitar deste tratamento. “Nem todos os doentes podem fazer esta medicação. É só para doentes com cirrose, mas que não podem ter diabetes, tensão alta, entre outros fatores”, explicou.

No caso dos dois medicamentos antivirais para a hepatite C, o Infarmed disse que foram autorizados, nos últimos dois anos, 137 pedidos.

Emília Rodrigues adiantou que este medicamento tem uma hipótese de 80% de cura para doente cirrótico: “O doente faz o tratamento, cura-se e não vai dar mais despesa ao Estado”.

“É caro, mas temos de prevenir, dar a medicação para tratar do doente”, defendeu, salientando que o sistema também vai beneficiar porque “o doente vai ser útil à sociedade, porque vai poder trabalhar e descontar”.

Contou que têm chegado à associação vários casos de pessoas infectadas há vários anos, mas que só agora descobriram a doença.

“Tenho pessoas infectadas nos anos 60 e só agora descobriram que tinham a doença, como os ex-combatentes”, disse, adiantando que também estão a surgir casos de pessoas que foram sujeitos a transfusões de sangue, fizeram tatuagens e mulheres que fizeram abortos antes de 1992.

Emília Rodrigues disse que, nessa altura, “o vírus não era conhecido, o sangue não era analisado, o material cirúrgico não era esterilizado, mas sim fervido, e estamos a falar de um vírus que resiste a 300 graus centígrados.

“Essa falta de conhecimento originou que hoje estejam imensas pessoas infectadas”, acrescentou.


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