17 de janeiro de 2013
Possível impacto no próximo inverno preocupa médicos e autoridades do Rio Grande do Sul.
A eclosão nos Estados Unidos do maior surto de gripe desde a pandemia de
2009 colocou médicos e autoridades do Rio Grande do Sul em alerta para
um possível impacto no próximo inverno gaúcho. Na América do Norte, que
atravessa a estação fria, a transmissão do vírus Influenza começou mais
cedo e está mais intensa. Em território norte-americano, pelo menos 20
crianças morreram, e 47 dos 50 Estados foram afetados. Com mais de 20
mil casos, o governo de Nova York decretou emergência na saúde pública.
O temor é de que a situação possa reverberar no sul do Brasil quando o inverno chegar aqui.
— A
cepa que está causando o surto parece ser mais agressiva do que o
normal. O padrão não é horroroso como no caso do H1N1 em 2009, mas é
preocupante, porque pode ser o vírus que vai predominar no nosso próximo
inverno. O que temos de fazer é imunização precoce — avisa Luciano
Goldani, chefe do serviço de infectologia do Hospital de Clínicas de
Porto Alegre.
O vírus responsável pelo surto que assusta
norte-americanos e canadenses seria o H3N2, um velho conhecido dos
gaúchos. É o chamado vírus sazonal, que faz estrago a cada inverno,
especialmente entre os idosos. No entanto, desde a epidemia de H1N1 de
2009, ele perdeu espaço. No ano passado, morreram 67 gaúchos por H1N1 e
apenas sete por H3N2.
A diferença neste ano é que o H3N2 pode ter
sofrido uma variação que o tornou mais agressivo. Como o que ocorre no
inverno do Hemisfério Norte em termos de gripe é, muitas vezes, uma
prévia da situação no inverno seguinte no Hemisfério Sul, a nova cepa
poderá predominar no Rio Grande do Sul em 2013. O problema é que, pela
inexistência de contato com ela, as pessoas poderão ter menos imunidade e
adoecer mais.
— Não há como impedir a entrada do vírus. Tenho
conhecidos que foram passar o Natal nos Estados Unidos e voltaram com
Influenza. Provavelmente o vírus só não está circulando aqui por causa
do calor — diz Goldani.
Nesta semana, o Ministério da Saúde
divulgou recomendações para quem vai viajar aos Estados Unidos. No
Estado, a Secretaria de Saúde monitora o problema. Marilina Bercini,
chefe da divisão de vigilância epidemiológica, diz que as informações
são insuficientes para dimensionar o risco:
— O vírus dos Estados
Unidos pode chegar ao Estado, sim. Mas nem sempre o vírus predominante
aqui é o mesmo do Hemisfério Norte. Depende de fatores, como a
quantidade de pessoas imunizadas. Nos Estados Unidos, não há campanhas
públicas. A cobertura pode estar baixa. Nós apostamos na vacinação. Se
todo mundo se vacinar, vamos bloquear esse vírus.
Proteção contra nova cepa chegará entre março e abril
O
infectologista Gabriel Narvaez, do Hospital Mãe de Deus, acredita que
não há razões para alarme. Por enquanto, segundo ele, o problema é
localizado na região de Nova York.
— Temos de ir com calma. Os
dados são muito iniciais. Fica difícil estabelecer uma lógica
norte-americana e transpô-la para o Brasil — afirma.
A vacina
disponível no Brasil é a de 2012. Ela contempla o H3N2, mas não na
versão que circula nos Estados Unidos. O Ministério da Saúde alertou que
a vacina contra a gripe é fabricada com composição específica para cada
ano e hemisfério. Passado o inverno ao norte do Equador, os fabricantes
iniciam a produção das doses a serem utilizadas na metade sul do globo.
Isso significa que os brasileiros que vão aos Estados Unidos não devem
confiar cegamente na vacina que está disponível.
— É melhor do
que nada. Mas não é certo que a vacina atual dê a proteção adequada —
afirma Mario Leyser, diretor técnico da clínica Cia das Vacinas.
A vacina de 2013, com proteção contra a nova cepa, deve chegar ao país entre março e abril.
FONTE:http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a4013297.xml&template=3898.dwt&edition=21200
Aumenta procura por vacinação.
Na manhã de ontem, o empresário Ronaldo Kalil Fagundes, 27 anos, recebeu
um telefonema da mãe orientando-o a vacinar-se contra a gripe. Médica,
ela estava preocupada com a viagem de férias que o empresário de Porto
Alegre fará no Carnaval a Nova York. Depois de duas tentativas em
clínicas que não tinham vacina, Fagundes dirigiu-se a um estabelecimento
da Zona Norte e imunizou-se em pleno calorão de janeiro. Como ele,
muitos gaúchos com viagem marcada para os Estados Unidos estão batendo
às portas das clínicas em busca de proteção contra o vírus.
– Vou
viajar mais tranquilo. Como a vacina leva 15 dias para começar a fazer
efeito, aproveitei para fazer com antecedência. Recomendei à minha
namorada, que vai viajar comigo, para também se vacinar – conta o
empresário.
Segundo Sandro Ostrowski, diretor administrativo da
Multivacinas, cerca de 15 pessoas têm se vacinado a cada dia no
estabelecimento. Tradicionalmente, a procura é quase nula neste período
do ano. As doses que ele vem aplicando são sobras do ano passado – e já
estão perto do fim.
– A procura é considerável. São pessoas que
vão viajar para os Estados Unidos, às vezes grupos inteiros. Se esse
ritmo continuar, o estoque acaba até o fim da semana – prevê Ostrowski.
Vários
estabelecimentos já estão sem doses para fazer frente à demanda. Na
Imune, o telefone toca com insistência desde que o Ministério da Saúde
divulgou recomendações para quem vai aos Estados Unidos, na
segunda-feira – mas os estoques estão zerados desde o ano passado. Mario
Leyser, diretor técnico da Cia de Vacinas, conta que as doses se
esgotaram ainda em agosto, por causa da grande demanda do último
inverno.
– A procura está enorme nesta semana. O que eu recomendo
a quem vai viajar é fazer um seguro de saúde, para garantir bom
atendimento em caso de necessidade. Sai barato. Uma consulta nos Estados
Unidos custa de US$ 400 para cima – diz Leyser.
Tire as dúvidas
O PERFIL DO VÍRUS
O vírus que está infectando milhares de pessoas nos Estados Unidos e no Canadá seria uma versão do H3N2, um vírus sazonal. É o que circulava tradicionalmente no Estado. Desde a epidemia de 2009, no entanto, passou a predominar o H1N1. Em 2012, houve no Estado 67 mortes por H1N1 e sete por H3N2. Acredita-se que o H3N2 pode ter sofrido alguma variação que o tornou mais agressivo.
O RISCO PARA O RS
É cedo para prever que impacto o surto norte-americano terá no Brasil. O certo é que a versão do H3N2 entrará no Brasil, trazida por viajantes, e é possível que predomine no próximo inverno. O risco maior é para os Estados meridionais – como o Rio Grande do Sul – que têm uma estação mais rigorosa. As autoridades monitoram o quadro e orientam a população a participar da campanha nacional de vacinação, prevista para abril. São esperadas cerca de 3 milhões de vacinas para o RS.
A IMUNIZAÇÃO EM 2013
Por enquanto, as vacinas ainda disponíveis no mercado brasileiro são de 2012. Elas foram produzidas para proteger contra os vírus que circulavam no ano passado. As vacinas de 2013, que devem chegar às clínicas particulares brasileiras em março e à rede pública em abril, serão preparadas levando em conta a versão do vírus que está circulando agora nos Estados Unidos e terão uma capacidade maior de combatê-lo.
A VACINA PARA VIAGENS
Quem está de viagem marcada para a América do Norte nos próximos dias deve conscientizar-se que uma vacina contra a gripe só começa a fazer efeito 15 dias depois da aplicação. Se o embarque ocorre neste mês, portanto, não adianta fazê-la. Para quem já se vacinou em 2012 também não há recomendação, porque a dose ainda está vigente. Além disso, não há certeza sobre o grau de eficácia da vacina do ano passado contra o vírus que causou o surto nos Estados Unidos, porque ele pode ter sofrido variação.
AS RECOMENDAÇÕES DO MINISTÉRIO
No começo da semana, o Ministério da Saúde lançou um alerta para quem está embarcando para Estados Unidos e Canadá. As autoridades ressaltaram que não há necessidade de cancelar a viagem, mas divulgaram uma lista de cuidados:
- Evitar contato com pessoas doentes de gripe.
- Não viajar se estiver doente.
- Proteger a tosse e o espirro com lenço descartável.
- Se apresentar os sintomas da gripe, procurar imediatamente atendimento médico.
- Lavar as mãos com água e sabão ou higienizar com álcool em gel várias vezes ao dia.
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