Terapia do movimento 06/10/2012
O educador físico Christian Krause explica os principais beneficios de cinco exercícios praticados no treinamento funcional.
Promessa é de um corpo saudável para enfrentar os desafios do dia a dia e banir as limitações do envelhecimento.
Esqueça os pesados aparelhos de musculação ou horas intermináveis de
aulas que mais parecem uma tortura. O método do futuro, quando se fala
em malhação eficaz e nada monótona, tem um nome e sobrenome: treinamento
funcional. Como o termo diz, o objetivo é que o corpo mantenha sua
funcionalidade. Em resumo, é preservar a capacidade de executar os
movimentos do dia a dia, que vão desde sentar e levantar até alcançar um
pote de biscoitos no alto da prateleira. A técnica ganhou imensa
notoriedade nos últimos anos por ter sido eleita para esculpir o corpo
de celebridades como Juliana Paes, Deborah Secco e Jennifer Lopez, bem
como para turbinar o desempenho de atletas de alta performance, como
jogadores de futebol e de tênis, nadadores e lutadores de MMA (Artes
Marciais Mistas, popularizada por Anderson Silva).
— Nada mais é do que tentar reproduzir a ação natural do corpo.
Usamos tanto para a reabilitação quanto para o condicionamento físico —
afirma Henrique Valente, um dos fisioterapeutas do Grêmio.
Assim como Valente — que utiliza os princípios do treinamento
funcional no time titular do Grêmio há alguns anos — um dos
fisioterapeutas do Inter, Mauren Mansur, explica que a "febre" nas
academias nada mais é que uma nova roupagem para a chamada
cinesioterapia funcional:
— É uma terapia que promove, através dos movimentos naturais do corpo, agilidade, potência,
coordenação e estabilidade da parte central do corpo, garantindo maior eficiência neuromuscular.
Enquanto os exercícios localizados, como a musculação, estimulam os
músculos de forma isolada, no modelo funcional o treino é dinamizado com
a ajuda de aparelhos simples, como bolas, elásticos, pesos e pranchas. O
educador físico Christian Krause (que aparece na capa deste caderno),
da academia Porto do Corpo, na Capital, diz que um dos grandes
benefícios é o ganho de consciência corporal:
— Os resultados vão de maior força e equilíbrio à propriocepção, que é
a percepção do próprio corpo, incluindo a consciência da postura, do
movimento, das partes do corpo e das mudanças no equilíbrio.
Também é possível gastar energia — e muita energia — em uma das
aulas, que duram de 45 a 60 minutos. O valor médio da mensalidade gira
em torno de R$ 180, com aulas duas vezes por semana.
Dependendo do nível
de treinamento e intensidade, são queimadas de 400 a 800 calorias. A
advogada Luciana Minuzzi, 34 anos, diz que, desde que começou a fazer as
aulas, há um ano, conseguiu "secar" oito quilos, além de se livrar de
uma lombalgia (dor na região lombar):
— O melhor foi que substituí gordura por músculos. Sinto uma enorme diferença no meu corpo, em todos os sentidos — diz ela.
Ávido praticante de esportes, o autônomo Luciano Di Concilio, 37
anos, diz que o treinamento lhe deu maior potência para surfar e nadar,
por exemplo.
— A musculatura melhora como um todo. Além de ser bem menos monótono — avalia.
Uma opção que se encaixa em todos os perfis e idades
A personal trainer Márcia Refinski, da academia MR Fitness, em Porto
Alegre, garante que qualquer pessoa, em qualquer idade e perfil, está
apta para se beneficiar deste tipo de treinamento:
— O programa apenas precisa ser ajustado para cada condição física.
E, é claro, é preciso de regularidade: no mínimo duas vezes por semana,
fazendo parte da rotina de exercícios. Defendo que ele não substitui a
musculação, e sim complementa.
Um dos instrutores da academia Cia. Athletica de Porto Alegre,
Gabriel Azambuja, afirma que a região central do corpo (chamada de core,
composta por 29 músculos que sustentam o complexo
quadril-pélvico-lombar) é a mais trabalhada:
— Tudo se baseia no fortalecimento desta estrutura, que é o centro de
produção de força e da geração de estabilidade, além da manutenção do
alinhamento postural — afirma o professor.
A fisioterapeuta Cláudia Joffre, do Vitta Exercício e Clínica de Saúde, lembra de outro benefício:
— Para a correção de vícios posturais, é excelente. Como exige um
trabalho de concentração maior, ativa mais áreas do sistema nervoso
central. Além de tudo, é bom para a mente.
Conheça os principais movimentos do treinamento funcional.
O que é treinamento funcional
O nome treinamento funcional é autoexplicativo: vem traduzido do
inglês (Functional Movement System — Sistema de Movimentos Funcionais). É
uma proposta criada pelo fisioterapeuta americano Gray Cook e pelo
educador físico Lee Burton há mais de uma década. A proposta básica é
fazer com que os movimentos feitos pelo corpo sejam corretos por meio de
exercícios que usam o desequilíbrio com objetos como a bola medicinal, o
bosu (meia bola) e elásticos, para recrutar um número maior de fibras
musculares na execução do mesmo exercício, que é feito em um lugar
plano. O principal aparelho, porém, é o peso do próprio corpo.
Principais benefícios
Os exercícios do treinamento funcional focam em cadeias musculares,
são bem variados e envolvem força, equilíbrio, agilidade, consciência
corporal, entre outros fatores. Praticantes afirmam que ganham maior
massa muscular, melhor performance e disposição nas atividades diárias. O
corpo passa a se movimentar melhor e com mais equilíbrio. Além disso, é
excelente para prevenir lesões — por isso, caiu no gosto de treinadores
de atletas de elite das mais diversas modalidades.
Quem pode praticar
Qualquer pessoa, independentemente de idade ou gênero. O que
diferencia o treino de uma pessoa para outra são os exercícios e o grau
de dificuldade destes para atingir o objetivo. Os exercícios são
definidos de acordo com as necessidades e capacidades do aluno.
Como obter melhores resultados
O ideal para o condicionamento físico completo, segundo os
especialistas, é aliar o treino de musculação com o funcional, mesclando
as propostas com exercícios aeróbicos, como natação e corrida. Se o
objetivo for emagrecer, é preciso de um treino intenso, o que não é
possível nas primeiras aulas. Os ganhos de equilíbrio e coordenação
começam a ser notados a partir da quarta aula. Já o ganho de massa
muscular e maior definição dos músculos, a partir da oitava aula.
Você sabe o que é o core?
O conjunto de 29 músculos que se estendem da porção logo abaixo do
peito até a base da cintura é a "região de ouro" do treinamento
funcional. Os músculos que se encontram nesta área específica são
responsáveis pela estabilização da coluna vertebral e, do ponto de vista
fisiológico, é o mais importante do organismo. O core (termo em inglês
que significa "centro" ou "miolo") é dividido em dois grupos: do
primeiro, fazem parte os músculos mais profundos, cuja função é manter a
estabilidade da coluna lombar. O segundo é composto dos músculos
globais, que ficam mais na superfície e são responsáveis pela
flexibilidade da região — além de darem a aparência de "barriga de
tanquinho" tão desejada.
O treinamento do core é preconizado por todos os treinadores de
atletas de alto rendimento, como os jogadores de futebol, lutadores e
maratonistas. Isto porque ele tem tudo a ver com performance: quanto
mais forte a região, maior a eficiência dos movimentos e menor a
quantidade de lesões.
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