ENTENDA COMO O NOBEL DE ECONOMIA AJUDOU A MELHORAR O SISTEMA DE TRANSPLANTES DE RINS NOS EUA

Alocação de recursos 16/10/2012

Método propõe transplantes cruzados entre dois ou mais pares de doador-receptor.
Médico e economista comentam vantagens e desvantagens do intercâmbio de órgãos.

A teoria de combinação de marcado, que rendeu aos norte-americanos Alvin Roth e Lloyd Shapley o Prêmio Nobel de Economia 2012, ajudou a reduzir a fila de espera por um transplante de rim na região de New England, nos Estados Unidos. A premiação, anunciada na segunda-feira, dá corpo a uma discussão interna no meio médico sobre as vantagens e desvantagens do sistema de intercâmbio de órgãos.

O professor de Economia da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Giácomo Balbinotto Neto, que também desenvolve estudos sobre transplantes de rins no Estado, em parceria com alunos, explica que a teoria de combinação criada por Shapley e aplicada por Roth na área da saúde gera uma lógica de mercado sem que haja preço, como é o caso dos transplantes.

O objetivo é proporcionar o melhor "casamento" entre os pares quando o bem não tem valor monetário, mas é escasso — esclarece.

Em economia, essa relação se dá entre trabalhadores e vagas, aplicação também proposta por Roth, que utilizou o sistema na alocação de médicos residentes em hospitais dos Estados Unidos.

O método que deu origem ao Programa de Transplante de Rins em New England consiste no intercâmbio de órgãos entre dois ou mais pares de doador-receptor, gerando uma cadeia, onde um doa um rim para o outro que doa para o primeiro. A combinação é calculada por meio de um programa computadorizado que aplica o algoritmo desenvolvido por Roth, levando em conta critérios médicos e matemáticos.

Especialista em transplante de rins, o médico Valter Garcia, da Santa Casa de Porto Alegre, declara que ainda não se apropriou profundamente da contribuição de Roth para o sistema de transplantes, mas comenta preliminarmente que a doação cruzada é discutida desde a década de 1980 e utilizada desde os anos 1990 na Coreia e em países europeus.

É claro que pode beneficiar pacientes, mas há questões éticas e filosóficas sensíveis que precisam ser levadas em conta — observa.

Como exemplos, o médico cita a possibilidade de um dos pares ter sucesso na cirurgia e outro não, e o fato de todas as cirurgias terem de ser feitas ao mesmo tempo, para evitar a desistência de algum dos envolvidos. Segundo Garcia, já houve discussões internas no Conselho Federal de Medicina sobre a adoção do sistema no Brasil e a decisão foi negativa. 

Ao anunciar o prêmio, o Comitê Nobel anunciou que o reconhecimento coroa "os esforços para encontrar soluções práticas para problemas do mundo real". Lloyd Shapley, tem 89 anos, e é da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Alvin Roth, 60 anos, é professor de Harvard. 

FONTE:http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/bem-estar/noticia/2012/10/entenda-como-o-nobel-de-economia-ajudou-a-melhorar-o-sistema-de-transplantes-de-rins-nos-eua-3919439.html

 

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