25/09/2012
Tireoidite química autoimune
A pesquisadora Maria Angela Zaccarelli Marino, da Faculdade de
Medicina do ABC, em Santo André (SP), descobriu um novo tipo de doença
no Brasil.
Ela descreveu a tireoidite química autoimune em um artigo que será publicado no Journal of Clinical Immunology, uma das revistas científicas mais conceituadas sobre imunologia em todo o mundo.
O trabalho, que durou 15 anos, incluiu a análise de mais de 6 mil
pessoas, e foi iniciado quando se constatou o aparecimento de uma doença
desconhecida na região entre Santo André, Mauá e São Paulo, onde estão
instaladas indústrias do setor petroquímico.
Poluição petroquímica afeta a tireoide
Entre os voluntários que moram nas proximidades do parque industrial
petroquímico, a tireoidite crônica autoimune passou de 2,5% da população
em 1992 para 57,6% em 2001 - não foi registrado aumento significativo
para quem morava distante do complexo petroquímico.
A região que concentra as indústrias petroquímicas tinha cinco vezes
mais casos de tireoidite crônica autoimune na comparação com a área
residencial estudada.
Os resultados levaram a pesquisadora a sugerir o novo tipo de doença:
a tireoidite química autoimune, ligada a fatores ambientais,
principalmente à poluição por agentes químicos.
"A poluição pode ser o fator desencadeante para formação de
anticorpos antitireoideanos, que são substâncias que agridem a glândula
tireoide ocasionando a tireoidite crônica autoimune. Os poluentes
funcionariam como gatilho para desencadear o problema", explica a Dra.
Maria Angela.
Medicamento vitalício
Segundo a pesquisadora, a tireoidite crônica autoimune está
relacionada com outras doenças autoimunes, como a Esclerose Múltipla, Artrite Reumatoide, Diabetes tipo 1, Hepatite crônica autoimune, Vitiligo e Lúpus eritematoso sistêmico.
"Em crianças, o aumento de casos de tireoidite crônica autoimune foi
acima de 40% no período estudado. São dados preocupantes, visto que a
doença é a maior causa de hipotireoidismo primário, que se não for
tratado adequadamente pode levar a danos irreversíveis".
Pessoas acometidas pela tireoidite crônica autoimune precisam tomar
medicamento diariamente, para repor os hormônios que não são mais
produzidos pela tireoide afetada pela doença.
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