26/10/2012
Benjamin (D), de 3 anos, ajudou o irmão Faustino a volta para casa.
Médicos diagnosticaram que menino sofria de leucemia e que o melhor caminho para salvá-lo seria o transplante de medula óssea.
Um menino de três anos doou células de sua medula óssea ao irmão de
cinco anos e salvou sua vida, de acordo com seus pais e com médicos
argentinos.
Com ajuda dos especialistas, os pais das crianças lhes explicaram como
seria a intervenção médica e que um irmão ajudaria o outro a voltar para
casa, após dias de hospital. A mãe das crianças, Mariana Torriani, de
32 anos, explicou:
— Eu disse a eles toda a verdade desde o início. A Benjamín, de três
anos, eu disse que ele ajudaria o irmão, Faustino, de cinco anos, a sair
do hospital e a voltar pra casa para brincar com ele.
Ela contou que "em momento algum" Benjamín chorou ou demonstrou medo de ser internado.
— Eu expliquei a Benjamin que seria como doar sangue ao irmão, e ele entendeu a situação.
As crianças foram atendidas no hospital público e pediátrico Sor María
Ludovica da cidade de La Plata, na província de Buenos Aires.
— Eu quis revelar o que aconteceu com meus únicos filhos para que as
pessoas não tenham medo de ser doadoras. Não tenham medo de salvar
vidas.
Mariana, o marido, Martín, e os filhos moram na cidade de Laprida, em uma área de fazendas, na província de Buenos Aires.
— Depositei toda a confiança nos médicos. Eles me explicaram que hoje
os riscos são mínimos para o doador e que o tratamento também avançou
muito para os que necessitam do transplante. Mas Faustino ainda precisa
de cuidados, que também estavam previstos antes da operação.
Além dos especialistas, as crianças contaram com apoio de psicólogos do hospital.
Um ano
Tudo começou quando há um ano, em 27 de outubro, os médicos
diagnosticaram que Faustino sofria de leucemia e que o melhor caminho
para seu caso seria o transplante de medula óssea.
— Foi muito forte saber o diagnóstico. A única opção era lutar, enfrentar o problema.
Ele realizou tratamento de quimioterapia durante alguns meses e os
médicos sugeriram a alternativa do transplante de medula óssea, como
contou a chefe do serviço de hematologia do hospital, Alcira Fynn:
— Os irmãos são normalmente os mais compatíveis para ajudar um ao
outro. Filhos dos mesmos pais, eles possuem a mesma, digamos, matriz. E
foi o que aconteceu.
Segundo ela, foi retirado "sangue do osso" do doador que, no caso de Benjamin, passou quarenta e oito horas internado.
— Os tecidos (das células) são renováveis. A doação hoje é mais simples
e frequente do que se imagina. Existem riscos? Sim, mas para o doador
ligados à anestesia apenas.
Faustino foi operado em junho e voltou para casa dez dias após a cirurgia, de acordo com a médica.
— No ano que vem ele já poderá voltar para a escola.
Fynn afirmou ainda que dos 210 casos de transplantes realizados no
hospital, cem foram com a doação de um familiar direto da pessoa em
tratamento.,
Mariana contou que Benjamin retornou às aulas no jardim de infância poucos dias após ter sido internado para ajudar o irmão:
— Agora é ter cuidado e paciência para a conclusão do tratamento e para que Faustino volte à vida normal.
Como transplantado, o menino não pode ser exposto a bactérias para que não sofra nenhuma infecção.
— Nós achamos que o pior já passou e que de agora em diante tudo será
cada vez melhor. Os dois são muito unidos e depois da experiência
ficarão ainda mais unidos.
De acordo com dados oficiais, somente na província de Buenos Aires
contam-se 15,1 mil doadores no registro nacional de doadores de
células-tronco.
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