NOVA ALIADA DE PESSOAS COM PARALISIA CEREBRAL

05 de dezembro de 2012

Tecnologia permite o uso de computador com o movimento de olhos e rosto.

O som da gargalhada solta quando está na companhia dos colegas contrasta com o silêncio de Fernanda da Silva Xavier, 18 anos, em frente à tela do notebook acoplado a uma cadeira de rodas. É sentada na mais nova aliada contra a paralisia cerebral que a moradora do bairro Medianeira, em Porto Alegre, dedica toda a atenção para demonstrar a destreza com que executa as habilidades adquiridas.

Atecnologia criada pelo professor e pesquisador Gilson Lima, 52 anos, e a empresa Ortobras – com apoio da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento – permite que Fernanda use o computador somente com movimentos dos olhos e do rosto, sem a necessidade das mãos. A câmera do equipamento de informática capta e reconhece a face dela, possibilitando os comandos em softwares e a internet.

Projetada para ser usado por pessoas com lesões cerebrais graves e sem os movimentos dos braços, a tecnologia foi demonstrada por Fernanda na tarde de ontem para a classe especial do Colégio Estadual Cônego Paulo de Nadal, na zona sul da Capital.

Jovem usa cadeira de rodas especial para acessar site

Orgulhosa com o desempenho da filha, Itelma Janice da Silva Xavier, 40 anos, vê a conquista como uma recompensa pelas dificuldades enfrentadas por Fernanda para conseguir atendimento de saúde e de educação.

Alfabetizada, a jovem não consegue pronunciar palavras com clareza. Depois de uma gravidez sem percalços e de ter saído do hospital com o diagnóstico de um bebê saudável, Itelma descobriu, com o passar dos meses, que algo inesperado havia ocorrido no parto. Só teve a confirmação da paralisia cerebral quando Fernanda completou um ano e oito meses. Desde então, não vê limites para ajudar no desenvolvimento da primogênita.

– Nunca deixei ela parada em casa. Sei que é um passo e, enquanto estiver neste mundo, vou continuar lutando para que ela adquira mais espaço na sociedade – diz a mãe.

Fernanda aproveita a cadeira de rodas equipada com computador e webcam para ouvir músicas e ver os programadas preferidos no site You Tube. É só citar o nome do site que ela abre um sorriso característico de quem obteve uma grande conquista.

– Ela ganhou autonomia, agora tem mais possibilidades de se relacionar com os outros – comemora o professor Gilson Lima, que estuda a relação entre o cérebro e a máquina.

O equipamento foi doada a Fernanda. A intenção da fabricante é comercializar o kit, que deve ser adaptado para cada pessoa.

 
Saiba mais

- O kit de inclusão digital para lesões cerebrais severas é composto por uma cadeira de rodas adaptada, um computador com webcam e bateria para funcionamento por até 18 horas do equipamento de informática

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Com uma espécie de scanner, a câmera identifica os movimentos do rosto da pessoa e os repassa como comandos para interagir com o computador

- No exemplo de Fernanda, os movimentos da face movem a seta, e o piscar dos olhos aciona o clique com o qual ela pode utilizar programas de computador, como se fosse um mouse

- Em outros casos, a boca ou apenas a cabeça podem acionar os cliques

- O equipamento, que pode ser adaptado em uma cadeira de rodas já existente, custa R$ 3 mil. Como o valor das cadeiras é variável, o custo do kit completo é de R$ 4 mil a R$ 11 mil.

FONTE:http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a3972439.xml&template=3898.dwt&edition=20937&section=1003

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