Uma fuga fatal 15/12/2012
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), serão registrados,
até o final deste ano, mais de 4.200 novos casos de câncer de próstata
no Estado.
Doença pode ser prevenida com exame simples, mas que gaúchos ainda resistem em fazer.
Por medo, receio ou vergonha, eles fogem do assunto, embora tenham o
conhecimento de que se trata de uma doença perigosa. Porém, os números
estão aí para provar que os homens não devem, em hipótese alguma, serem
negligentes com a própria saúde. Segundo o Instituto Nacional do Câncer
(Inca), serão registrados, até o final deste ano, mais de 4.200 novos
casos de câncer de próstata no Estado, com uma assombrosa taxa de 79,27
para cada 100 mil habitantes. Na Capital, o índice é ainda pior: 640
novos casos, com uma taxa de 94,33 para cada 100 mil habitantes. Entre
todos os tipos de câncer, é o que mais mata no Rio Grande do Sul.
No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de cânceres. Sua taxa de incidência é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento.
No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de cânceres. Sua taxa de incidência é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento.
Dados do Inca mostram que aproximadamente 62% dos casos de câncer da
próstata diagnosticados no mundo acometem homens com 65 anos ou mais.
Com o crescimento da expectativa de vida mundial, é esperado que o
número de casos novos aumente cerca de 60% até o ano de 2015. Como a
doença é silenciosa, visitar um urologista o quanto antes é fundamental.
— Também é importante ficar atento para identificar sinais, como jato
urinário fraco e intermitente (que não é contínuo), ou quem tenha casos
na família — afirma Ernani Luis Rhoden, professor de urologia da
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e
médico da CliniOnco.
Especialistas consultados pelo Vida são unânimes em afirmar: o
principal motivo para isso é o diagnóstico tardio, provocado, na
esmagadora maioria dos casos, à resistência dos gaúchos em realizar os
dois testes básicos para a detecção da doença: o exame de sangue
(dosagem de PSA) e, sobretudo, o exame clínico da próstata, que é feito
através do toque retal pelo médico urologista.
— O exame de toque gera na cabeça dos homens fantasias negativas e
receios, mas, na verdade, eles tem muito medo da dor. Tanto é que os que
fazem pela primeira vez, no ano seguinte perdem o medo. Existe um
segundo sentimento, que é muito forte: expressar, exteriorizar uma
fraqueza se a doença for descoberta. O homem tem pavor disso, porque o
câncer é muito relacionado com morte, decadência física, perda da
independência, dependência dos outros — afirma Miguel Srougi, professor
de urologia da Faculdade de Medicina da USP e pós-graduado pela Harvard
Medical School, em Boston, autor de uma dezena de livros sobre o tema.
Rhoden compartilha da opinião de Srougi:
— Existe ainda muito preconceito da população masculina para realizar
o exame clínico, que é o toque retal. É preciso mudar esse paradigma,
principalmente por se tratar de um câncer de alta prevalência e que, por
outro lado, é passível de tratamento curativo — reflete.
Uma doença multifatorial
Ainda não se sabe com precisão quais as causas do câncer de próstata,
embora alguns fatores de risco tenham sido identificados, como
genética, raça negra (especialmente os norte-americanos) e dietas
desequilibradas (ricas em gordura animal e carentes de frutas, cereais e
vegetais).
Cânceres esporádicos (85%) ocorrem em indivíduos com história
familiar negativa. O câncer de próstata familiar é definido como a
ocorrência dessa condição em um homem com um ou mais familiares afetados
pela doença. Uma pequena população de homens (cerca de 9%) tem câncer
de próstata hereditário, definido por três ou mais familiares afetados. A
ocorrência pode afetar até três gerações sucessivas ou, no mínimo, dois
familiares com doença diagnosticada antes dos 55 anos. Se um parente de
primeiro grau tem a doença, o risco é, no mínimo, duas vezes maior. Já
se dois ou mais familiares de primeiro grau são afetados, o risco
aumenta cinco a 11 vezes.
O desenvolvimento de câncer de próstata clínico também tem sido
associado com a reduzida exposição à radiação solar, haja vista a
importância desta sobre os níveis de vitamina D. Exposição a
determinados tipos de vírus e processos inflamatórios também têm sido
investigados como fatores que influenciam o surgimento da doença.
Como é feito o tratamento?
O tratamento depende do tamanho e da classificação do tumor, assim
como da idade do paciente e pode incluir prostatectomia radical (remoção
cirúrgica da próstata), radioterapia, hormonoterapia e uso de
medicamentos. Para os pacientes idosos com tumor de evolução lenta o
acompanhamento clínico menos invasivo é uma opção que deve ser
considerada.
Segundo Ernani Luis Rhoden, professor de urologia da Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e o urologista
Márcio Augusto Averbeck, em artigo publicado em 2009 na Revista da
Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), "a tomada de decisões
no manejo dessa doença é complexa e deve ser individualizada, levando-se
em consideração aspectos como expectativa de vida, resultados
terapêuticos a médio e longo prazo e as consequências das principais
alternativas terapêuticas atualmente disponíveis, contemplando aspectos
como a função sexual, continência urinária e os outros efeitos
colaterais".
Números
- Em 2010, morreram 12.778 pessoas devido à doença no Brasil.
- No Rio Grande do Sul, de 2009 a 2011, morreram 389 homens de câncer de próstata.
- De janeiro a outubro deste ano, a doença vitimou 107 gaúchos.
- A projeção é que sejam notificados mais de 4.200 novos casos de câncer de próstata no Estado até o final deste ano, com uma assombrosa taxa de 79,27 para cada 100 mil habitantes.
- Na Capital, a incidência da doença é ainda pior: 640 novos casos devem ser diagnosticados até o final de dezembro, com uma taxa de 94,33 para cada 100 mil habitantes.
Fonte: Morbidade Hospitalar do Sistema Único de Saúde (Datasus) e Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Pesquisa revela que 42% nunca fizeram exame
Um estudo realizado pelo Ibope, a pedido da farmacêutica Janssen,
constatou que 42% dos homens acima de 40 anos nunca realizaram exame de
próstata. Foram entrevistados 643 homens com essa idade em fevereiro
deste ano. No Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, em 17 de
novembro, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) — com o apoio da
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) — disponibilizou um site com um material esclarecedor sobre a doença.
A campanha tem o objetivo de desmistificar o câncer de próstata e
orientar os homens de que o diagnóstico precoce aliado a um tratamento
adequado proporciona uma cura de 90% dos casos.
— O câncer de próstata não causa qualquer sintoma em seu início, na
fase em que o índice de cura é de 90%. Porém, quando está em estágio
avançado, o câncer pode interromper o canal da uretra, causando dor ao
urinar, levantando a suspeita de que há algo errado — explica o
presidente da SBU, Aguinaldo Nardi.
Nardi afirma que para o diagnóstico do câncer é preciso cruzar exames
como o toque retal, biópsia e a dosagem sanguínea do PSA (Antígeno
Prostático Específico). Segundo o especialista, apenas o PSA não aponta a
doença, pois cerca de 20% dos casos de câncer de próstata não altera
seu índice, e sua alteração também pode ter outras causas que não o
câncer.
Por dentro da pesquisa:
- 65% das mulheres se preocupam muito com o marido
- 54% dos homens se preocupam em ter câncer de próstata
- 50% dos homens já procuraram informações sobre a doença
- 48% deles já buscaram saber se precisa fazer exame
- 62% das mulheres que buscaram informação queriam saber quais são os sintomas
- 70% das mulheres já pediram ao parceiro para fazer o exame
- 67% dos maridos aceitaram a recomendação
- 28% alegam que não fizeram o exame porque são saudáveis
- 53% das mulheres dizem que eles não fazem o exame por medo, receio ou vergonha
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