SEMANA DO ACIDENTE VASCULAR ESTIMULA A PREVENÇÃO DE DOENÇAS COMO AVC

O infarto do cérebro   18/08/2013  

Especialistas explicam o que é, os sintomas e como evitar os três inimigos das artérias.


Os dados são assustadores: no Brasil, o acidente vascular cerebral (AVC) é a causa mais frequente de óbito entre adultos. Nos 30 dias seguintes à ocorrência, o índice de mortalidade é de 10%. Ao longo do primeiro ano, sobe para 40%. Os sobreviventes geralmente têm de suportar sequelas incapacitantes que impedem o retorno ao trabalho e prejudicam sua qualidade de vida.

Para alertar sobre esta e outras doenças relacionadas à circulação sanguínea, como varizes, trombose arterial e aneurisma, a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular — Regional Rio Grande do Sul (SBACV/RS) promove, entre 15 e 21 de agosto, a Semana Estadual da Saúde Vascular. A campanha tem apoio do Grupo RBS.

Mortalidade elevada e consequências sociais
Para explicar o AVC, causado pela obstrução de um vaso sanguíneo que irriga o cérebro, Luiz Francisco Costa, cirurgião vascular do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, faz uma comparação com outra urgência médica, o infarto. O paciente enfarta quando as artérias coronárias são entupidas por placas de gordura, impedindo o fluxo de sangue no coração. O AVC do tipo isquêmico, que correspondente a cerca de 80% a 85% do total de casos, é como se fosse um infarto do cérebro. As carótidas, artérias do pescoço que levam sangue ao órgão, também podem ser fechadas, causando esse "infarto".

Como medida preventiva, é fundamental o controle dos fatores de risco: hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, alterações de colesterol, sedentarismo e obesidade.

O importante, no AVC, é chegar antes, conscientizar. A pessoa precisa saber que existe isso. As consequências sociais e pessoais são terríveis. O AVC é uma doença evitável, e o ponto fundamental é o tratamento da pressão alta — orienta Costa.

Caminhar é o melhor remédio
Vice-presidente da SBACVRS, Renan Onzi esclarece que o sistema de circulação sanguínea é um só, contemplando todo o organismo. Quem tem problema em uma área do corpo, portanto, pode ter em outras.

O paciente que sofre de doença arterial obstrutiva periférica (trombose nas artérias das pernas), por exemplo, precisa investigar também as artérias carótidas e as coronárias. O cirurgião vascular salienta a importância de uma medida simples e eficaz para a manutenção da saúde vascular: as caminhadas.

Uma das recomendações da campanha sobre consciência vascular é que as pessoas se exercitem por pelo menos 40 minutos, três vezes por semana, explica Onzi:

 É algo muito simples. Caminhar aumenta a circulação. Se você tem uma trombose no vaso principal que leva sangue para a perna, o fato de caminhar e não fumar pode desenvolver a circulação colateral ao redor dessa trombose, evitando a necessidade de tratamento cirúrgico. Caminhar é um dos melhores tratamentos para prevenir e até mesmo tratar a trombose arterial.

O AVC EM NÚMEROS
O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade adquirida em todo o mundo.

Cerca de 85% dos casos ocorrem em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, e um terço deles atinge a parcela economicamente ativa da população.

No Brasil, o AVC é a causa mais frequente de morte entre adultos.

Nos primeiros 30 dias após o AVC, o índice de mortalidade é de 10%, e sobe para 40% ao longo do primeiro ano.

A imensa maioria dos sobreviventes necessita de reabilitação para as sequelas neurológicas. Aproximadamente 70%não retornam ao trabalho, e 30% necessitam e auxílio para caminhar.

Fonte:
Ministério da Saúde


TRÊS INIMIGOS DAS ARTÉRIAS
Acidente vascular cerebral
AVC é o termo médico para definir o que é popularmente conhecido como derrame. O AVC do tipo isquêmico, que corresponde entre 80% a 85% dos casos, ocorre quando há obstrução de um vaso sanguíneo que irriga o cérebro. Entre as causas, pode estar o aparecimento gradual de material viscoso e gorduroso nas paredes dos vasos ou o deslocamento de um coágulo de sangue formado em algum lugar do corpo — ele se solta e flutua até os vasos cerebrais, onde provoca a obstrução da circulação.

Fatores de risco: hipertensão, tabagismo, alterações do colesterol, diabetes.
Como prevenir:
o controle dos fatores de risco, principalmente da pressão alta, é fundamental.
Sintomas: o AVC já é a manifestação principal do problema. Pode provocar paralisia total ou parcial, alterações de sensibilidade no corpo e perda da fala. Em alguns casos, há perda de equilíbrio e queda.
Tratamento: se o paciente fica com uma sequela grande que compromete os movimentos, pode ser submetido a sessões de fisioterapia e tomar medicamentos. Pacientes com sequelas menores podem passar por um procedimento cirúrgico para evitar novo AVC. A atenção aos fatores de risco deve ser permanente.
Trombose arterial


É um estreitamento dos vasos de circulação causado por placas de gordura (ateromas). Pode haver entupimento, provocando uma isquemia (falta de sangue) na área a ser irrigada. É mais comum após os 40 anos, mas pode ocorrer antes.
Fatores de risco: tabagismo, diabetes, hipertensão arterial, alterações do colesterol, hereditariedade, sedentarismo. Até os 50 anos, os homens são os mais atingidos. Após os 60, parece não haver diferença de ocorrência entre os sexos.

Como prevenir: não fumar, controlar o diabetes e a pressão arterial, tratar distúrbios do colesterol (triglicerídeos) e praticar atividade física regular.
Sintomas: o sintoma mais frequente de obstrução nas artérias da perna é a claudicação intermitente, caracterizada por dor, formigamento e desconforto muscular. Piora ao caminhar e é amenizado com o repouso. Como a dor obriga a parar, a condição é conhecida, popularmente, como "doença das vitrines" — a pessoa para em frente a uma loja e observa os artigos até sentir uma melhora. É necessário procurar um cirurgião vascular, que identificará a área mal irrigada. Em até 50% dos casos, a trombose arterial nas pernas é indício de doença em outras regiões, como nas artérias do pescoço (carótidas) ou do coração.
Tratamento: a partir do exame clínico, o médico opta por medicamentos ou cirurgia (colocação de ponte de safena na perna ou tratamento endovascular, com a dilatação da artéria por meio de um cateter, com ou sem a colocação de um stent, o que reativa a irrigação).

Varizes
São veias superficiais anormais, dilatadas, em formato cilíndrico ou tortuoso, resultantes de alteração nas paredes e válvulas arteriais. São mais comuns entre mulheres (60%) e brancos. Nos casos mais graves, além do prejuízo estético, pode ocorrer flebite (inflamação da veia), eczema (mancha marrom na face interna da perna), edema (inchaço) e formação de úlceras (feridas).

Fatores de risco: hereditariedade, gestações sucessivas, idade (pode ocorrer em qualquer fase da vida, mas o risco aumenta com o passar dos anos), obesidade, imobilidade (muito tempo de pé ou sentado) nas atividades de rotina e sedentarismo. Uso de salto alto, depilação, subir escadas e fazer ginástica não têm relação com o aparecimento de varizes.

Como prevenir: a prevenção das varizes é difícil, mas se pode impedir que piorem com rapidez. Algumas medidas: evitar o sobrepeso, manter uma dieta rica em fibras, não ficar muito tempo em pé ou sentado, não usar cintos muito apertados, caminhar com frequência, não fumar, usar meias elásticas e, quando possível, não tomar hormônios anticoncepcionais.

Sintomas: cansaço, queimação e sensação de peso nas pernas, inchaço (principalmente ao redor do tornozelo). O desconforto piora ao fim do dia, no calor, durante a gravidez ou depois de longos períodos em pé. Sente-se alívio quando as pernas são erguidas ou após o sono, quando o inchaço cede. O diagnóstico é feito por meio de exame clínico e ecografia do sistema venoso (ecodoppler), mostrando a insuficiência das válvulas e os segmentos comprometidos.
Tratamento: a partir do resultado do exame, o médico decide entre cirurgia ambulatorial, convencional (método mais difundido) ou termoablação (método alternativo). Microvarizes podem ser esclerosadas (secadas) em consultório.

Fontes: cirurgiões vasculares Luiz Francisco Costa, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, e Renan Onzi, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular


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