16 de agosto de 2013
Chamar alguém de “esclerosado” normalmente tem uma conotação pejorativa,
similar aos termos “gagá”, “caduco”, dentre outros comumente atribuídos
ao indivíduo que perdeu capacidades mentais.
Existe muita desinformação
a respeito da Esclerose Múltipla e, talvez por isso, ela seja muito
estigmatizada. Mas com um bom acompanhamento médico e com o carinho da
família, os portadores podem ter qualidade de vida por um bom tempo.
A doença é causada pela destruição da bainha de mielina, composta das
fibras responsáveis pela transmissão de impulsos elétricos no nosso
corpo, que tornam possível o andar, o equilíbrio, a nitidez da visão,
dentre outras características. Nos locais em que ocorre esse dano,
formam-se placas e tecidos endurecidos, daí a denominação esclerose, e a
palavra múltipla está ligada ao aparecimento dessas placas em distintas
áreas do cérebro e da medula espinhal.
Segundo dados do Centro de Investigação em Esclerose Múltipla de
Minas Gerais (Ciem), a prevalência da doença em Belo Horizonte é de 18
casos por 100 mil habitantes. Ainda de acordo com o Ciem, essa doença é
tipicamente diagnosticada entre os 20 e 50 anos de idade, embora também
possa ser desenvolvida na infância e na velhice. Além disso, ela é mais
frequente em mulheres, e mais comum em caucasianos (pessoas com
descendência europeia).
Um episódio característico é o chamado surto, que é a atividade
inflamatória da doença – o processo em que a bainha de mielina é lesada,
como explica o professor do Departamento de Oftalmologia e
Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Marco Aurélio
Lana. Ele também descreve esse acontecimento como “o aparecimento de um
sintoma ou de uma manifestação nova, ou a reincidência de um sintoma que
já havia acontecido. Pode ser fraqueza num braço, numa perna,
dificuldade de andar; podem ser problemas de equilíbrio, vertigem,
tonturas; podem ser alterações na movimentação ocular ou alterações de
sensibilidade”, exemplifica.
Apesar de muito comum em pacientes com Esclerose Múltipla, essa crise
não se apresenta em todos os portadores. Marco Aurélio destaca que 85%
dos casos ocorrem na forma de surtos e remissões, ou seja, as crises
aparecem por um período e acabam depois de um tempo. Os outros 15% se
manifestam da forma chamada progressiva primária, sem surtos. Mas em
ambos os casos, a doença evolui.
Ainda não há uma cura definitiva para a doença. O tratamento visa
justamente evitar a ocorrência dos surtos, mas ainda não impede a piora
contínua da esclerose. Apesar disso, a expectativa é que, num futuro
próximo, os avanços da ciência melhorem o prognóstico da doença. “Nós
somos bastante otimistas em relação ao tratamento da Esclerose Múltipla.
Tem havido um contínuo progresso, de forma que os medicamentos são cada
vez mais potentes, mais eficazes e menos tóxicos. De modo que o
paciente que tem o diagnóstico recente da Esclerose Múltipla deve ter
otimismo em relação ao seu futuro”, conclui o neuro-oftalmologista.
Tema da semana
Na série “Doenças degenerativas”, especialistas esclarecem algumas
dúvidas a respeito da esclerose múltipla e de outras doenças
consideradas graves, e também desmistificam informações difundidas
erroneamente sobre elas.
Confira a programação:
Doença de Parkinson – segunda-feira (19/08/2013)
Esclerose Múltipla – terça-feira (20/08/2013)
Distrofia Muscular - quarta-feira (21/08/2013)
Doença de Huntington – quinta-feira (22/08/2013)
Glaucoma – sexta-feira (23/08/2013)
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social
da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar
dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às
5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 fm. Ele
ainda é veiculado em 30 emissoras de rádio em Minas Gerais. Também é
possível conferir as edições pelo site do Saúde com Ciência.
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