Pé diabético 22/08/2013
O distúrbio é a principal causa de amputações não traumáticas no mundo.
A neuropatia diabética é um dos distúrbios mais complexos e, ao mesmo
tempo, mais comuns associados ao diabetes: atinge a cerca de 50% dos
pacientes. Sabe-se que os níveis elevados de glicose no organismo dos
pacientes diabéticos ocasionam o aumento do "estresse oxidativo", o que
causa danos aos nervos periféricos, atingindo principalmente os pés. Os
sintomas, quando surgem, variam de dores intensas a diminuição da
sensibilidade dos membros. As causas ainda não foram completamente
elucidadas pela ciência, segundo a endocrinologista e coordenadora do
programa de pé diabético da Federação Internacional de Diabetes, para as
Américas do Sul e Central, Hermelinda Pedrosa.
Uma das principais características dos sintomas é seu surgimento ou
piora à noite, em horário de repouso. Isso causa um grande impacto na
qualidade de vida dos pacientes. Muitos chegam a acordar no meio da
noite com dores nas pernas, outros têm dificuldades para dormir, por
conta de sensações, como queimação, formigamento, dores descritas como
facada ou pontada, ou choque na perna e nos pés.
— Há casos em que a pessoa sente dores com o toque do cobertor ou
lençol, ou mesmo da roupa, que caracteriza a alodínia, muitas vezes não
compreendida como uma forma de dor neuropática —conta a
endocrinologista.
A perda da sensibilidade, por sua vez, traz outros riscos: uma ferida
no pé — ocasionada por um objeto estranho dentro do sapato, ou mesmo
por um corte de unha mal feito — pode passar despercebida e, com o
passar do tempo, evoluir para uma ulceração de difícil cicatrização. Nos
casos em que não há tratamento em tempo hábil, existe o risco da
amputação do membro.
— A neuropatia diabética é a maior causa de amputações não
traumáticas, aquelas que não são causadas por acidentes, compreendendo
entre 40 a 70% em todo o mundo — afirma Hermelinda.
O diagnóstico da neuropatia diabética é feito por meio do exame dos
pés do paciente, no consultório, além de testes neurológicos básicos que
visam detectar a resposta a estímulos dolorosos e não dolorosos
(temperatura, dor, vibração e proteção plantar, além de reflexos).
— Os exames são simples, de baixo custo e podem ser feitos por
qualquer profissional adequadamente treinado. Mas, infelizmente esta não
é uma prática adotada pela maioria dos médicos.
Dados de uma pesquisa
da Sociedade Brasileira de Diabetes, realizada pela internet em 2005,
apontam que 65% dos mais de 300 pacientes-internautas participantes
nunca tiveram seus pés examinados — relata a especialista.
Segundo Hermelinda, a falta de prevenção e do tratamento para os
pacientes com neuropatia diabética causa um grande impacto psicossocial,
seja na qualidade de vida dos pacientes e seus familiares, seja no alto
custo para o sistema de saúde, sobretudo com gastos relacionados à
amputação.
A prevenção passa primeiramente pelo controle constante da glicemia
dos diabéticos, principalmente para aqueles com diabetes tipo1, assim
como das outras complicações ligadas à doença como a hipertensão
arterial, dislipidemia e a obesidade. Ao mesmo tempo, as equipes médicas
devem estar permanentemente atentas à condição dos pés dos pacientes.
— A neuropatia diabética não tem cura, mas podemos controlar a doença
impedindo sua progressão e aliviando os sintomas com o uso de
medicamentos disponíveis no mercado. O diagnóstico precoce é fundamental
para impedir que o paciente tenha complicações mais graves, como a
formação de úlceras de difícil tratamento, impedindo assim que haja
necessidade de amputação do membro — completa a endocrinologista
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