GORDURA INFLUENCIA DECISÕES TOMADAS POR CÉLULAS CEREBRAIS

28/12/2012 

Cientistas no Instituto Karolinska, na Suécia, descobriram que a gordura influencia as decisões tomadas pelas células cerebrais para produção e sobrevivência, avança o site Isaúde.

A equipa identificou duas moléculas que têm um papel importante na sobrevivência e na produção de células nervosas do cérebro, incluindo as produtoras de dopamina.

A descoberta pode ser significativa, a longo prazo, para o tratamento de diversas doenças, tais como Parkinson.

Estudos anteriores mostraram que os receptores conhecidos como "receptores X do fígado" ou LXR, são necessários para a produção de diferentes tipos de células nervosas, ou neurónios, no mesencéfalo ventral em desenvolvimento. Um destes tipos, as produtoras de dopamina, desempenham um papel importante em várias doenças.

O que não era conhecido, no entanto, era quais moléculas estimulam LXR no mesencéfalo, de tal modo que a produção de novas células nervosas possa ser iniciada. Os cientistas usaram espectrometria de massa e experiências sistemáticas no peixe paulistinha e ratos para identificar duas moléculas que se ligam a LXR e o activam.

Estas duas moléculas são denominadas ácido eólico e 24,25-CE, e representam o ácido biliar e um derivado do colesterol, respectivamente. A primeira molécula, o ácido eólico, influencia a produção e a sobrevivência de neurónios no que é conhecido como núcleo vermelho, importante para a entrada de sinais vindos de outras partes do cérebro. A outra molécula, 24,25-CE, influencia a geração de novas células nervosas produtoras de dopamina, que são importantes no controlo de movimento.

Uma conclusão importante do estudo é que 24,25-CE pode ser usada para transformar células-tronco em neurónios produtores de dopamina, o tipo de célula que morre na doença de Parkinson.

Esta descoberta abre a possibilidade de utilização de derivados de colesterol na medicina regenerativa futura, uma vez que novas células produtoras de dopamina criadas em laboratório poderiam ser utilizadas para transplante em pacientes com doença de Parkinson.

"Estamos familiarizados com a ideia do colesterol como um combustível para as células, e sabemos que é prejudicial para os humanos consumir muito colesterol. O que nós mostramos agora é que o colesterol tem várias funções, e que ele está envolvido em decisões extremamente importantes para os neurónios. Derivados do colesterol controlam a produção de novos neurónios no cérebro em desenvolvimento. Quando essa decisão foi tomada, o colesterol ajuda na construção destas novas células e na sua sobrevivência. Assim colesterol é extremamente importante para o corpo, e em particular, para o desenvolvimento e função do cérebro", conclui o líder da pesquisa Ernest Arenas.


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