26 de Fevereiro de 2013
Um grupo de investigadores identificou os problemas neurológicos
associados à Distrofia Muscular Miotónica que podem justificar anomalias
comportamentais, um estudo que deve ser continuado para chegar a
propostas de terapias, revelou esta terça-feira o cientista que liderou o
trabalho.
Mário Gomes-Pereira, investigador do Inserm (instituto nacional de saúde
e de investigação médica), em Paris, explicou à agência Lusa que os
resultados "vêm mostrar que há, de facto, anomalias importantes
moleculares no cérebro e vão guiar [os cientistas] sobre determinadas
vias que parecem estar desreguladas".
Esta doença neuromuscular hereditária é a distrofia muscular mais
frequente, que passa de pai para filhos, de uma forma cada vez mais
grave, e durante muito tempo foi descrita como meramente muscular. No
entanto, desde há 10 ou 20 anos "temos percebido que tem uma forte
componente neurológica", apontou Mário Gomes-Pereira.
"É importante agora investir no futuro, com mais investigação, para
saber que etapas podem ser manipuladas de um ponto de vista terapêutico
para trazer melhorias aos doentes", acrescentou o coordenador da
investigação já publicada na revista Brain.
A investigação consistiu no estudo do cérebro de ratinhos
transgénicos, desenvolvidos em laboratório, para descobrir quais os
processos que não se passam da forma correta no sistema nervoso central e
que podem servir de base às anomalias de comportamento, ao estado
depressivo e aos problemas de aprendizagem registados pelos doentes.
"Os dados apontam para uma disfunção da sinapse nervosa, isto é, da
comunicação entre as células no sistema nervoso central, no cérebro, o
que poderá ter um grande impacto e serve muito provavelmente de base
para as anomalias neurológicas destes doentes", referiu o investigador.
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