ESPERANÇA PARA TRANSPLANTADAS

16 de fevereiro de 2013   TRANSPLANTE

Mulher dá à luz uma menina por fertilização in vitro 13 anos após receber um novo coração.


Uma gravidez com sucesso ocorrida na Argentina traz esperança para mulheres transplantadas e com baixa fertilidade. Treze anos depois de passar por um transplante de coração, e após dois anos tentando engravidar sem sucesso por via natural, Juliana Finondo, 39 anos, teve em 15 de janeiro sua filha Emilia, por fertilização in vitro.

Não há antecedentes de uma paciente transplantada que tenha ficado grávida por fertilização in vitro – comemora Gustavo Leguizamón, chefe da Unidade de Gravidez de Alto Risco do Centro de Educação Médica e Pesquisas Clínicas (Cemic), em Buenos Aires, onde foi rea­lizado o tratamento.

A dificuldade ocorreu porque a capacidade de engravidar foi seriamente impactada pelos medicamentos que Juliana deve tomar pelo resto da vida.

Essas pacientes podem ter a reserva de óvulos afetada e sua fertilidade, diminuída. É um fato novo que transplantada cardíaca possa encarar um tratamento in vitro – diz Sergio Papier, diretor médico do Centro de Estudos em Ginecologia e Reprodução.

Os imunossupressores, um coquetel de até 10 medicamentos usados para evitar a rejeição do novo órgão, impedem o desenvolvimento de novas células de rápido crescimento, entre elas as necessárias para uma gravidez.

Nunca tive medo, sou muito otimista, confiei – disse Juliana, uma design gráfica da província de Entre Ríos e radicada na capital argentina.

Foi a maternidade que a fez se submeter ao transplante em 1999, quando os médicos disseram que ela não poderia encarar uma gravidez se não fizesse o procedimento. Suas chances de engravidar eram de apenas 25%.

Houve um pouco de sorte. Na primeira tentativa aconteceu a gravidez, e Emilia nasceu sem complicações – disse Sergio Perrone, cardiologista de Juliana.

 
 Gravidez de risco

 
Apesar de bem-sucedido, o tratamento supôs riscos para a paciente e para o feto.

Os efeitos dos imunossupressores no feto não são conhecidos – reconhece o cardiologista Sergio Perrone.

Por este motivo, a equipe montou um plano especial de medicação que, por um lado, evitava a rejeição do coração, e, por outro, permitia a gravidez.

Tiramos as drogas que interferem sobre o desenvolvimento celular, mas uma mudança brusca implicava riscos para a vida de Juliana. Assim, foi necessário ajustar os medicamentos meses antes da concepção e incluir remédios para estimular a produção de óvulos, algo por si só arriscado – explicou Alyssa Perrone.

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