VAZAMENTO EM MÚSCULOS PROVOCA O ENFRAQUECIMENTO DOS IDOSOS

02/08/2011 | 16h59


Há uma razão por que os exercícios ficam mais difíceis com a idade. Estudo publicado na edição deste mês do periódico científico “Cell Metabolism” associou a fraqueza do envelhecimento com um vazamento dos canais de cálcio nas células dos músculos. Mas há também uma boa notícia: uma droga já na fase 2 de testes clínicos para o tratamento de insuficiência cardíaca pode também tampar esses vazamentos.

Estudos prévios da equipe de pesquisadores liderada por Andrew Marks, da Universidade de Columbia, mostrou que os mesmos vazamentos estão por trás da fraqueza e fadiga que acompanham a insuficiência cardíaca e a distrofia muscular de Duchenne.

"É interessante, as pessoas normais essencialmente adquirem uma forma de distrofia muscular com a idade", diz Marks. "A base para o enfraquecimento dos músculos é a mesma".

Exercícios extremos, como os realizados por maratonistas, causam os mesmos tipos de vazamento, acrescentou o pesquisador, mas, neste caso, os músculos danificados voltam ao normal após alguns dias de descanso.

Os vazamentos acontecem em um canal de liberação de cálcio chamado receptor de rianodina 1 (RyR1) necessário para que os músculos se contraiam. Sob condições de estresse, esses canais são quimicamente modificados e perdem uma subunidade estabilizadora chamada calstabina 1.

"A calstabina 1 é como a mola em uma porta que a impede de ser aberta pelo vento", explica Marks.

O cálcio nas células musculares em geral é mantido em contenção. Quando ele vaza das células, o cálcio é tóxico em si, transformando-se em uma enzima que consome os músculos. Uma vez que o vazamento começa, cria-se um ciclo vicioso, com o cálcio aumentando os níveis de oxigênio reativo, que por sua vez oxidam o RyR1 e pioram o vazamento.

Os pesquisadores fizeram a descoberta ao estudarem os músculos esqueléticos de camundongos jovens e velhos. Eles também demonstraram que camundongos com seis meses de idade com uma mutação que fez seus canais RyR1 vazarem tiveram os mesmos problemas musculares e fraquezas dos apresentados por animais mais velhos.

Mas quando os camundongos velhos foram tratados com uma droga batizada S107, o vazamento de cálcio em seus músculos desacelerou, e os animais tiveram um aumento de cerca de 50% no tempo que conseguiam passar correndo em uma roda. Agora em testes clínicos para pacientes com insuficiência cardíaca, o remédio funciona ao restaurar a conexão entre a castalbina e o RyR1.

Apesar dos consideráveis esforços para entender e reverter a perda de músculos relacionada ao envelhecimento, ainda não há tratamentos estabelecidos. O novo estudo sugere que pode haver esperança com a abordagem do problema por um ângulo diferente.

"A maioria das pesquisas se focou em criar mais massa muscular", conta Marks. "O que temos de diferente aqui é que estamos focados não na massa, mas na função muscular. Mais músculos não ajudam se eles não estão funcionais".

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