VACINA PODE EVITAR O USO DAS DROGAS COM REAÇÕES VIOLENTAS NO ORGANISMO








 





Vacina pode evitar o uso das drogas com reações violentas no organismo.

Para diversos cientistas, a solução pode estar na mesma abordagem que praticamente erradicou a poliomielite e o sarampo do mundo todo.

A morte prematura da cantora inglesa Amy Winehouse e a nova internação em uma clínica de reabilitação da atriz Vera Fischer reacenderam o debate sobre os malefícios da dependência química. De acordo com um relatório publicado recentemente pela Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 280 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos consomem drogas ilícitas, apesar das evidências sobre o perigo que essas substâncias representam à saúde.

Para diversos cientistas, a solução pode estar na mesma abordagem que praticamente erradicou a poliomielite e o sarampo do mundo todo: a vacina.

O princípio da imunização contra o vício é aparentemente simples — fazer com que o organismo entre em contato com pequenas dosagens de uma substância invasora e produza anticorpos para combatê-la. A ideia é inibir o efeito cascata provocado pelas drogas: quanto mais se usa, mais se quer.

A vacina seria capaz de quebrar o ciclo, impedindo que a substância chegasse até o cérebro, onde é processada. Sem usufruir das sensações induzidas pelas drogas, o usuário deixaria de usá-las.

O problema é que chegar à fórmula da vacina é difícil, porque, diferentemente de vírus e bactérias, cujas proteínas são grandes e fáceis de reconhecer, as moléculas das drogas são muito pequenas e passam despercebidas pelo organismo em sua viagem até o cérebro.

Laboratórios dos Estados Unidos e da Inglaterra, contudo, não param — e os resultados positivos começam a aparecer. O trabalho mais recente foi produzido pelo Instituto de Pesquisa Scripps, na Califórnia. Neste mês, os cientistas anunciaram a criação de uma vacina que ataca a heroína, droga que, somente nos EUA, causa perdas anuais calculadas em US$ 22 bilhões.

De acordo com os pesquisadores, a estratégia foi bem-sucedida no combate à heroína e a outros componentes da droga, que, ao chegarem ao cérebro, produzem os efeitos eufóricos. O principal autor do estudo, Kim Jandra, afirmou que, em 25 anos dedicados à pesquisa de vacinas contra o vício, nunca viu uma resposta imune tão forte. Os estudos foram realizados em ratos, mas a expectativa dos cientistas é que efeitos semelhantes sejam observados em humanos.

Jandra afirma que há 40 anos os cientistas tentam encontrar uma vacina viável contra a heroína, mas sem sucesso, porque, injetada no organismo, ela se converte rapidamente em diversas substâncias, os metabólitos, cada um deles produzindo efeitos psicóticos diferentes.

A equipe do pesquisador, então, procurou desenvolver uma nova abordagem, chamada imunofarmacoterapia, pela qual foi possível não apenas identificar as substâncias ainda na corrente sanguínea como bloquear sua chegada ao cérebro.

Antes das pesquisas clínicas, precisamos fazer mais estudos em animais, principalmente para checar se há recaídas — afirma Jandra.

Ainda assim, ele está bastante animado com os resultados.

Essa abordagem é absolutamente viável. Já conseguimos desenvolver vacinas semelhantes para cocaína, nicotina, matafetamina e distúrbios alimentares. Então, sim, acredito plenamente que outros tipos de dependência podem ser tratados com imunização — afirma.

Jandra, ao lado de Neil Stowe, também do Instituto Scripps, também participaram de um grupo de pesquisadores que conseguiram criar uma vacina contra a cocaína que, em ratos, também se mostrou promissora.

Os resultados foram dramáticos na proteção dos efeitos da cocaína. Acredito que essa abordagem será bastante promissora em humanos — conta Ronald G. Crystal, professor de genética da Faculdade de Medicina de Weill Cornell, que fez parte da equipe.

Da mesma forma da vacina contra a heroína, a imunização que tem a cocaína como alvo conseguiu evitar que as moléculas da droga chegassem ao cérebro depois de consumidas. Segundo Crystal, os efeitos da vacina duraram 13 semanas, o maior intervalo de tempo já obtido em pesquisas do tipo. Com isso, não seriam necessários tratamentos caros, com diversas infusões.

A meta, segundo os cientistas, é conseguir fazer testes em humanos. Atualmente, não há vacinas antidrogas aprovadas em nenhum lugar do mundo.

FONTE:http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/bem-estar/19,0,3448694,Vacina-pode-evitar-o-uso-das-drogas-com-reacoes-violentas-no-organismo.html


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