O seu acompanhamento médico regular é  essencial: só assim poderá estabelecer com o seu médico um plano  individual e personalizado de consultas e possíveis exames a realizar.
Em  função da presença ou ausência dos diferentes factores de risco, é  necessário fazer exames de rotina para "despiste" dos vários tipos de  cancro: só assim poderá haver detecção precoce do cancro, ou seja, em  fases inicias do seu desenvolvimento aumentando, desta forma, a  probabilidade de sucesso do tratamento.
Alguns tipos de cancro  podem ser detectados antes de começarem a causar problemas. Fazer exames  regulares para "despiste" do cancro, ou de alguma condição que possa  levar a cancro, em pessoas que não apresentam qualquer sinal ou sintoma,  chama-se "rastreio".
Os "rastreios" podem ajudar o seu médico a  encontrar e tratar, precocemente, alguns tipos de cancro. Geralmente, o  tratamento para o cancro é mais eficaz quando a doença é detectada cedo,  ou seja, ainda em fase precoce.
Há alguns tipos de cancro nos  quais os "exames de rastreio" estão indicados: cancro da mama, cancro do  colo do útero, cancro do cólon e do recto. Para estes tipos de cancro,  existem "programas organizados de rastreio", levados a cabo pela Liga Portuguesa Contra o Cancro.
Os exames considerados de "rastreio", nos diferentes tipos de cancro, são:
Cancro da mama
a mamografia é a melhor  forma para detectar o tumor, numa fase ou estadio inicial. A mamografia  é uma radiografia especial da mama. É recomendável que as mulheres, dos  45 aos 69 anos, façam uma mamografia anual, ou de 2 em 2 anos; se tiver  risco aumentado para cancro da mama, deve falar com o seu médico, para  saber qual a frequência com que deverá fazer a mamografia. Algumas  organizações recomendam o início do rastreio a partir dos 40 anos.
Cancro do colo do útero
o teste de Papanicolau, ou  esfregaço do colo do útero ou do cérvix, é usado para observar as  células do colo do útero; depois, estas células são observadas, para  procurar a possível presença de características pré-malignas ou  malignas. O Pap teste deverá ser repetido, pelo menos, uma vez de 3 em 3 anos.
Cancro do cólon e recto
para detectar a  possível presença de pólipos (massas), tumores ou outras alterações no  cólon e no recto, a partir dos 50 anos deverá fazer o rastreio; se tiver  risco aumentado para ter cancro do cólon e recto, fale com o seu  médico, para saber qual a frequência e idade com que deverá fazer os  exames de "rastreio".
1. Sangue oculto nas fezes: por vezes, o tumor ou os pólipos sangram; esta análise permite detectar pequenas quantidades de sangue nas fezes.
2. Sigmoidoscopia: recorrendo a um tubo flexível iluminado e com uma câmara na extremidade, chamado sigmoidoscópio, o seu médico irá observar as paredes interiores do recto e a parte baixa do cólon; este exame permite fazer biópsias. Muitas vezes, os pólipos podem ser removidos através deste tubo.
3. Colonoscopia:  usando um tubo longo, flexível e iluminado, chamado colonoscópio, cuja  luz é transmitida até à ponta distal do aparelho e onde existe  uma câmara, que capta a imagem e envia para um monitor, o seu médico  pode observar internamente o recto e todo o cólon (direito e esquerdo).  Este exame permite fazer biópsias e, regra geral, os pólipos podem ser  removidos através deste tubo.
4. Clister opaco de duplo-contraste:  este exame radiológico é efectuado por injecção de uma solução de  bário, através do recto; em seguida, é bombeado ar para dentro do recto  (o bário e o ar melhoram as imagens do cólon e do recto.
5. Toque rectal: regra  geral, o exame rectal é parte integrante de um exame físico de rotina. O  seu médico, depois de calçar umas luvas, insere um dedo lubrificado no  recto: este exame permite detectar se há dor, sangue ou alterações no  ânus (parte distal do recto); no entanto, tem a limitação de só permitir  examinar a parte inferior do recto.
Poderá ter ouvido falar de outros  exames, utilizados para excluir a possibilidade de ter cancro noutras  partes do corpo. Continua a não estar definido se o “rastreio de rotina”  com estes testes é, realmente, eficaz, e se permite salvar vidas.
O  seu médico, antes de sugerir um exame de "rastreio", considera diversos  factores, relacionados com o próprio exame e com o tumor que possa vir a  detectar. É, ainda, dada especial atenção ao risco pessoal para  desenvolver certos tipos de tumores.
Exemplo de factores a considerar:
- idade,
 - história clínica,
 - saúde e bem estar geral,
 - história familiar,
 - e estilo de vida.
 
O seu médico deverá, ainda, ter em conta  a precisão do exame e seus possíveis efeitos nocivos, bem como o risco  dos exames clínicos de seguimento ou da cirurgia que possa ter que  fazer, para verificar se o resultado alterado de um determinado exame  significa, ou não, a presença de cancro.
Deve falar com o seu médico sobre os  possíveis benefícios e riscos de fazer o "rastreio" de qualquer tipo de  cancro. A decisão de fazer o rastreio, bem como outras decisões  médicas, é pessoal.
| Perguntas que pode fazer ao seu médico sobre... o "despiste" | |
1   |  Quais os exames que serão recomendados na minha situação? | 
| 2 | Os exames vão doer ou irei sentir-me "mal"? Existem riscos? | 
| 3 | Quanto custam os exames médicos? Será que o meu seguro médico vai comparticipar os exames de rastreio? | 
| 4 | Quanto tempo depois de fazer os exames terei os resultados? | 
| 5 | Se os resultados não estiverem normais, como é que o meu médico vai saber se eu tenho cancro? | 
Pode, ainda, ser necessário fazer uma biópsia: a biópsia é, na  realidade, o único processo através do qual se podem tirar conclusões,  quanto à existência ou não de cancro.
Como é feito o diagnóstico do cancro?
Como em tudo na vida, é essencial que estejamos atentos ao nosso  corpo, a toda e qualquer alteração que surja sem que, para tal, haja  motivo aparente.
Se tivermos uma atitude proactiva na detecção de  qualquer sinal ou sintoma até aqui “desconhecido” e, imediatamente,  falarmos com o nosso médico estaremos, com certeza, a ajudar na detecção  precoce de qualquer possível problema, mesmo que não seja cancro.
Como  poderá imaginar, é fundamental que o diagnóstico de qualquer tipo de  cancro seja feito o mais precocemente possível: aumenta a hipótese de  cura e pode evitar que o cancro se espalhe – metastize – para outras  partes do corpo. Desta forma, estamos a favorecer o prognóstico da  situação, a recuperação e a reabilitação.
Quando realiza exames  de rotina ou mesmo de “rastreio”, se o resultado sugerir a possibilidade  de ter um tumor, o seu médico terá que verificar e confirmar se é  devido a um cancro ou a qualquer outro motivo. 
Para poder fazer o  “quadro” completo da situação, provavelmente o seu médico irá falar  consigo, fazer algumas perguntas relacionadas com a sua história clínica  pessoal e familiar (para poder equacionar a possível presença de  determinados factores de risco), bem como fazer um exame físico. Poderá,  ainda, pedir-lhe que faça análises, exames imagiológicos (como raio-X,  ecografia, mamografia) ou qualquer outro exame que seja necessário para  esclarecer o diagnóstico.
Deverá levar para a consulta e mostrar  ao seu médico qualquer exame que tenha realizado previamente, mesmo que  lhe pareça irrelevante e não relacionado com a actual situação.
Depois  de avaliar estes exames, o seu médico, de acordo com a situação global,  poderá decidir não fazer quaisquer exames adicionais, nem mesmo  tratamento.
Análises clínicas ou exames laboratoriais
As análises ao sangue, urina e outros fluidos, podem ajudar o seu  médico a fazer o diagnóstico de qualquer situação anormal: permitem  demonstrar como é que um determinado órgão está a desempenhar a sua  função.
No nosso organismo, há determinadas substâncias que, se  nas análises, estiverem aumentadas, podem ser sinal de cancro e são  usadas como marcadores tumorais.
Ainda assim, não podemos ser alarmistas: regra geral, ter resultados laboratoriais anómalos não significa que temos cancro.
Para  fazer o diagnóstico de cancro, não são suficientes os resultados das  análises clínicas. Vão ser necessários outros exames e uma biópsia, para  confirmar se é um cancro, e qual o seu tipo.
Exames imagiológicos
Os exames que recorrem à imagem de determinadas áreas do corpo  são muito úteis, pois ajudam o seu médico a detectar a presença de  inúmeras situações anómalas, incluindo a possível presença de um tumor.
As imagens podem ser obtidas de diversas formas:
Radiografia (raios-X): forma mais frequente de ver os órgãos e os ossos.
TAC (tomografia computorizada):  através de uma máquina de raios-X, ligada a um computador, são obtidas  uma série de imagens detalhadas dos órgãos; para melhor visualização das  imagens, pode ser injectado um contraste (corante). A ligação ao  computador permite uma visualização mais detalhada dos órgãos internos  do nosso corpo.
Estudo com radioisótopos:  neste exame, é injectada uma pequena quantidade de substância  radioactiva, que entra na corrente sanguínea e vai depositar-se nas  áreas de crescimento ósseo anómalo, ou nos órgãos. Através de um scanner, a radioactividade é detectada e medida; o scanner  vai criar a imagem desses ossos e órgãos, num ecrã de computador ou num  filme. O nosso organismo elimina rapidamente a substância radioactiva.
Ecografia (ultra-sons):  meio de diagnóstico que utiliza ondas sonoras de alta frequência, os  ultra-sons, para produzir imagens dos órgãos internos do nosso corpo.
RM (ressonância magnética): através  de um íman forte, ligado a um computador, são criadas imagens  detalhadas de determinadas zonas do corpo. Essas imagens podem, depois,  ser vistas num monitor e/ou impressas em filme.
Estudo por PET (tomografia por emissão de positrões):  neste exame, é injectada uma pequena quantidade de material  radioactivo, cuja "fixação" em determinadas zonas é acompanhada e  visualizável. Depois, uma máquina vai “criar” imagens, que revelam a  actividade química no organismo e os pontos onde houve "fixação" - regra  geral, são zonas onde há elevada actividade celular (ex: células  tumorais).
Biópsia
Quase sempre é necessária uma biópsia, para fazer o diagnóstico de cancro.
Uma  biópsia consiste na colheita de uma amostra de tecido que, depois, é  examinada ao microscópio por um médico especializado - patologista - de  um laboratório.
A amostra pode ser colhida de várias maneiras:
Com agulha: é utilizada uma agulha fina, para recolher tecido ou líquido.
Com endoscópio: é utilizado um endoscópio (tubo fino e iluminado), para observar determinadas zonas do nosso organismo; através deste tubo, o médico pode colher tecidos ou células.
Com cirurgia: a cirurgia pode ser excisional ou incisional.
Biópsia excisional: o cirurgião remove todo o tumor e, por vezes, remove algum tecido normal que circunda o tumor ("margens").
Biópsia incisional: o cirurgião remove apenas uma parte do tumor, para observação e análise.
| Perguntas que pode fazer ao seu médico sobre... a biópsia | |
1   |  Que tipo de biópsia irei fazer? Porquê? | 
| 2 | Onde vou fazer a biópsia? Tenho que ir ao Hospital? | 
| 3 | Quanto tempo vai demorar a biópsia? Estarei acordado? Vai doer? Serei anestesiado? Qual será o tipo de anestesia? | 
| 4 | Há riscos associados a este exame? Quais são as probabilidades de haver infecção ou perda de sangue, depois deste procedimento? | 
| 5 | Quando irei saber os resultados? | 
| 6 | Se eu tiver um cancro, quem irá falar comigo acerca dos próximos passos a seguir? Quando? | 
Ouvir e procurar uma segunda opinião
Depois de diagnosticado um cancro, é normal pensarmos que "isto  não está a acontecer"! É normal negar e não acreditar, tal como é normal  pensar que pode haver outra perspectiva de ver e avaliar a mesma  situação clínica.
Antes de decidir aceitar a proposta de  diagnóstico e/ou tratamento, pode ouvir uma segunda opinião. Hoje em  dia, algumas seguradoras exigem uma segunda opinião, para poderem  comparticipar as despesas, e outras podem cobrir os custos de uma  segunda opinião, se tal for solicitado.
Na maioria dos casos, um  breve atraso não compromete o diagnóstico, tratamento e prognóstico da  situação. Fale com o seu médico para saber quais os tempos razoáveis.
Nos  centros onde se faz oncologia, vários especialistas trabalham em  conjunto, formando uma equipa multidisciplinar, que pode ajudar de uma  forma integrada.





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