NOVO TESTE QUE PREVÊ COMPLICAÇÕES DA ESCLEROSE MÚLTIPLA APRESANTEDO NO SÁBADO.

02.06.2011 - 12:58 Por Lusa

A neurologista Maria José Sá apresenta no sábado, na Reunião do Grupo de Estudos de Esclerose Múltipla (GEEM), no Porto, um novo método que permite determinar as hipóteses destes doentes poderem contrair uma infecção grave no cérebro.


Trata-se do primeiro teste mundial para anticorpos que permite determinar as hipóteses de um doente com Esclerose Múltipla (EM) contrair leucoencefalopatia multifocal progressiva (PML), uma infeção rara no cérebro, em muitos casos fatal, e que pode surgir no decorrer do tratamento.

A organização do encontro refere que o novo método científico permite “identificar os doentes que apresentam menor risco de desenvolver PML, permitindo assim maximizar o benefício clínico e já disponível nos hospitais portugueses com consultas de Neurologia”.

Na sua Reunião de Primavera, o Grupo de Estudos de Esclerose Múltipla, da Sociedade Portuguesa de Neurologia, vai analisar também de que forma a vitamina D influencia o desenvolvimento da doença.

Segundo Joaquim Pinheiro, presidente do GEEM, o tema escolhido para o encontro – Esclerose Múltipla e Vitamina D - tem a ver com o facto da comunidade médica e científica ter observado que o desenvolvimento da doença é mais comum em países que ficam longe da linha do Equador, onde as pessoas têm menor exposição ao sol e, consequentemente, menor produção de vitamina D.

Sustenta que “será analisado o metabolismo da vitamina D e a relação deste nutriente com a imunologia e as doenças desmielinizantes”.

Actualmente não existe uma cura para a EM, mas apenas tratamentos disponíveis que podem atrasar o avanço e aliviar os sintomas relacionados.

Em declarações recentes à Lusa, Maria José Sá, neurologista do Hospital de S. João, comentou um estudo desenvolvido por investigadores da Universidade de Cambridge e de Edimburgo que encontraram uma maneira de estimular as células estaminais de forma a regenerar a mielina, substância que envolve as fibras nervosas e que é destruída pela Esclerose Múltipla.

Financiado pelas instituições americanas MS Society e a National MS Society e publicado num artigo de investigação na revista Nature Neuroscience, o trabalho poderá levar ao tratamento definitivo da doença que afecta milhões de pessoas em todo o mundo.

“De facto, a substituição das células que produzem mielina é uma hipótese plausível, mas os investigadores ingleses e canadianos também têm falado muito na prevenção da doença, nomeadamente através de suplementação de vitamina D em grávidas, com historial da doença na família, e numa vacina contra o vírus da mononucleose”, disse.

Para a neurologista, a doença para se declarar tem de ter “um terreno genético favorável e depois é preciso que haja factores ambientais que dêem relevância a esses genes”.

A EM, cuja incidência tem aumentado ligeiramente em todo o mundo, é mais frequente nas mulheres, numa relação de dois para um, e inicia-se em idades jovens, entre os 20/30 anos e, às vezes, até mais cedo.

Estima-se que em Portugal existam mais de cinco mil doentes, dos quais 3500 estão em tratamento, segundo dados do GEEM.

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