BENEFÍCIOS DE DROGAS ALUCINÓGENAS DIVIDEM OPINIÕES

Publicado em Divulgação científica
14 de fevereiro de 2014 

Programa de rádio destaca que substâncias presentes na maconha e LSD, apesar de estarem relacionadas a episódios de delírios e alucinações, podem favorecer capacidade criativa e tratamentos de doenças.


Com a recente legalização da cannabis, erva mais conhecida como maconha, no vizinho Uruguai e nos estados norte-americanos de Washington e Colorado, o debate sobre possíveis benefícios e malefícios do uso da planta segue em pauta. Afinal, os estudos atuais para descoberta de novas terapias médicas devem se sobrepor aos prejuízos cerebrais proporcionados pelo vício?

De acordo com o pesquisador e professor de farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, Fabrício Moreira, a maconha pode apresentar determinadas propriedades terapêuticas para combater a esclerose múltipla e alguns tipos de câncer. “Essas pesquisas são feitas em laboratórios e em modelos experimentais, mas de fato elas já são utilizadas para tratamento dessas doenças. Ou seja, em países pioneiros como o Canadá, já foram aprovados alguns medicamentos feitos à base de maconha”, confirma.

Apesar disso, o uso excessivo da erva está relacionado à perda de memória em curto prazo, percepção dos sentidos mais lenta e alucinações, devido ao composto THC – que atrapalha o funcionamento de estruturas receptoras nos neurônios –, o que pode influenciar nos objetivos medicinais. O professor comenta o modelo de trabalho que é desenvolvido no laboratório de neuropsicofarmacologia do ICB: “As pesquisas nas universidades são feitas para entender como a maconha produz efeitos analgésicos, ansiolíticos e antidepressivos no cérebro, a fim de buscarmos outras substâncias que tenham efeitos semelhantes, mas que não possuam o potencial de abuso da erva”.

Já a utilização do LSD, o popular ácido lisérgico ou doce, também está ligada a efeitos alucinógenos – um exemplo é a sinestesia, distúrbio neurológico que faz com que o estímulo de um sentido cause reações em outro – e já foi associada ao tratamento de problemas mentais. 

Segundo o psiquiatra e professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Frederico Garcia, é possível estabelecer uma ligação entre esses efeitos e o aumento da criatividade, mas ele alerta sobre os perigos do uso das drogas alucinógenas: “Elas permitem vivências novas e sensações que a gente não poderia imaginar que existem sem utilizá-las, mas eu acho que há outras formas de ser criativo e de ‘abrir a cabeça’. Pode ser um meio, mas é um meio bastante perigoso pra atingir um fim que você pode obter de outras maneiras”.

E sobre a questão da legalização, o pesquisador Fabrício Moreira ressalta que não existe sociedade sem a utilização de drogas. Para ele, a droga em si pode não ser um mal, já que o mais relevante é como a sociedade vai lidar com isso. “O que nós precisamos é de um comportamento responsável e, no caso da maconha, se você observar o exemplo do Uruguai, é uma nova tentativa de lidar com a droga do ponto de vista legal, que espera-se, claro, possa melhorar o padrão de uso e o que isso traz pra sociedade”.


Tema da semana


A série Maconha e outras drogas no Brasil ainda aborda a questão da dependência química e psicológica, desvenda mitos e verdades sobre as drogas alucinógenas e apresenta um panorama geral da situação no interior de Minas Gerais. Confira a programação:


Introdução às drogas alucinógenas – segunda-feira (17/02/14)


Benefícios e riscos do uso da maconha – terça-feira (18/02/14)


Dependência química e psicológica – quarta-feira (19/02/14)


Mitos e verdades – quinta-feira (20/02/14)


Situação no interior de MG – sexta-feira (21/02/14)


Sobre o programa de rádio


O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM. Ele ainda é veiculado em 37 emissoras de rádio de Minas Gerais e Paraná. Também é possível conferir as edições pelo site do Saúde com Ciência.




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