PNEUMONIA EM QUALQUER TEMPO

04 de janeiro de 2014 

MUITO COMUNS NO INVERNO, OS PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS TAMBÉM ACOMETEM CRIANÇAS E ADULTOS NOS DIAS MAIS QUENTES DO ANO.


Com a chegada do verão, muitos acreditam que estarão protegidos contra gripes, resfriados e pneumonia, enfermidades consideradas típicas do inverno. Porém, todo o cuidado é pouco, pois as doenças pneumocócicas ameaçam a saúde em qualquer época do ano. A doença é a principal causa de morte prevenível por vacinação em crianças, sendo responsável por cerca de 20% de 8,8 milhões de óbitos em todo o mundo.

O vírus influenza também preocupa. Responsável pela gripe, ele atinge anualmente entre 5% e 10% da população mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Embora seja considerada uma doença benigna, a gripe também pode apresentar complicações. Outro problema é que, por ter sintomas parecidos, pode comprometer o diagnóstico da pneumonia. A elevação da temperatura merece atenção redobrada, uma vez que, no verão, o uso de ar-condicionado e ventilador costuma aumentar. Esses equipamentos, quando não higienizados corretamente, são propagadores de agentes causadores de problemas respiratórios, como a Legionella pneumophila e as bactérias Haemophilus. O tempo seco deixa ainda a mucosa mais seca e vulnerável.

O clínico-geral Breno Figueiredo Gomes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica/Regional Minas Gerais e diretor técnico do Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte, explica que a gripe, a virose, o resfriado e a pneumonia são infecções das vias aéreas.

– A gripe e o resfriado são viroses (causadas por vírus). A gripe é causada pelo influenza e é mais forte que o resfriado (causado por centenas de outros vírus). A pneumonia é uma infecção das vias aéreas baixas (pulmões) e pode ser provocada por bactérias ou vírus – diferencia.

Gomes alerta que a pneumonia é uma doença perigosa, que, se não for tratada adequadamente, pode levar o paciente à morte:

– Ela aparece em qualquer idade e a cura geralmente é feita com o uso de antibióticos. Apenas o médico, depois de uma avaliação clínica detalhada e de exames, se necessários, pode precisar se o paciente está com pneumonia.
 

MAIORIA DOS CASOS É CAUSADA POR BACTÉRIAS


O limiar entre a gripe e a pneumonia pode ser tênue porque as gripes podem predispor a infecções bacterianas, que levam à infecção dos pulmões. Ou seja, um quadro gripal pode, sim, transformar-se em uma pneumonia. A contaminação ocorre com a exposição direta aos vírus e às bactérias de uma pessoa infectada geralmente por meio da saliva ou de secreções nasais. As mãos são os principais meios de transmissão das infecções.

– Por isso, devem ser lavadas ao longo do dia, várias vezes. E bem lavadas – alerta o médico Breno Figueiredo Gomes.

De acordo com Mauro Gomes, diretor da Comissão de Infecções da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, a maioria dos casos de pneumonia é causada por bactérias, mas também pode ser ocasionada por vírus, como aqueles que provocam a gripe.

– O vírus da gripe normalmente se manifesta em áreas localizadas na face e, algumas vezes, pode descer para o interior dos pulmões, especialmente em algumas situações em que há comprometimento da imunidade do paciente. Por isso, é fundamental a prevenção da gripe para reduzir o número de mortes por pneumonia – aconselha o médico.

Grupos dos extremos populacionais – pessoas com menos de cinco anos e mais de 60 – são os mais acometidos pela pneumonia. Segundo a OMS, a doença mata 1,5 milhão de crianças nessa faixa etária por ano no mundo. O Ministério da Saúde contabilizou 300 óbitos de meninos e meninas, de janeiro a dezembro de 2012, em decorrência de complicações da infecção respiratória.


ANTIBIÓTICOS


Segundo o médico Flávio Andrade, a pneumonia geralmente é tratada com medicamentos para combater os sintomas e antibióticos que contêm a infecção por bactéria. No caso de infecção por vírus influenza, a medicação é específica. O pneumologista salienta que a pneumonia pode ser contraída por inalação, aspiração, via hematogênica (pelo sangue), contiguidade a partir de focos infecciosos da parede torácica e reativação de focos, principalmente em pacientes imunossuprimidos.

– Um quadro gripal pode favorecer a infecção bacteriana por reduzir fatores locais e sistêmicos de defesa do organismo – esclarece o médico.

Andrade ressalta a importância de evitar a automedicação, que pode ofuscar a gravidade do quadro infeccioso:

– As pessoas nunca devem se automedicar, principalmente com antibióticos. A banalização dos sintomas pode ser muito perigosa. A evolução da pneumonia é diretamente relacionada ao início precoce do uso de antibióticos. Além disso, o atraso no tratamento pode ser fatal em alguns casos.

O Sistema Único de Saúde (SUS) vacina crianças menores de dois anos e idosos contra a pneumonia. No primeiro caso, a imunização é feita em três etapas. Adultos com mais de 60 anos podem se proteger contra a gripe anualmente.

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