23 Julho 2013
A Esclerose Múltipla é a segunda causa de déficit neurológico em jovens
no mundo, perdendo apenas para trauma. Se o paciente for diagnosticado
de forma precoce, pode ter mais qualidade de vida, melhor controle da
doença, potencialmente incapacitante, e alívio nos sintomas.
Pesquisa
realizada pelo Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer)
promete avanços na identificação das alterações cerebrais com o uso de
tecnologias de ponta, como PET/CT (entenda melhor no abaixo), e
agregando avaliação neuropsicológica para detectar se os doentes têm
comprometimento na área cognitiva.
O estudo conta com financiamento da empresa Novartis.
O coordenador, neurologista Jefferson Becker, explica que hoje os
diagnósticos são feitos a partir da consulta clínica, ressonância
magnética e com menos frequência punção lombar para análise do líquido
cefalorraquidiano. Pesquisas sugerem que a PET/CT permite detectar
lesões de inflamação no cérebro antes que apareçam na ressonância.
Os pacientes selecionados serão divididos em três grupos: um de
controle (sem a doença); outro com esclerose múltipla, mas sem
tratamento; e o terceiro, que faz uso de medicamentos. Todos farão
exames no início, no meio e no final do projeto, que terá duração de
dois anos. O segundo grupo começará a tomar fingolimode, fabricado pela
Novartis, que, além de ser via oral, teria ação anti-inflamatória e
contra a degeneração, diferentemente de substâncias tradicionais. O
terceiro, depois de seis meses, passará para o mesmo medicamento.
Participam do estudo profissionais de Neurologia, Neuropsicologia,
Radiologia, Medicina Nuclear, Engenharia, Biomedicina e Farmácia, além
de bolsistas de graduação e pós.
Alta tecnologia
Como o InsCer possui um cíclotron (acelerador de partículas), será possível utilizar na tomografia por emissão de pósitrons acoplada a uma tomografia computadorizada (PET/CT, na sigla em inglês) o Carbono-11 como marcador para rastrear anormalidades. O material radioativo perde, em 20 minutos, a atividade, por isso é importante ter o cíclotron (que transforma átomos estáveis em átomos radioativos) na mesma unidade da PET/CT. Como o Carbono é a base de qualquer tecido biológico, pode ser eficaz na detecção das lesões.
A doença
De causa desconhecida, a Esclerose Múltipla atinge na média pacientes
com 30 anos. Existe predisposição genética, mas ela não é decisiva. Quem
apresenta um quadro de inflamação (déficit neurológico agudo) pode
sentir, por exemplo, um lado do corpo dormente, fraqueza, dificuldade de
mexer o braço, alteração de controle da urina, visão dupla ou neurite
óptica (dor nos olhos e visão borrada). Quando a repercussão é mais
degenerativa, o paciente tem perda progressiva da força, essencialmente,
nos membros inferiores.
Aplicativo auxilia profissionais e estudantes
O Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla, coordenado pelo neurologista Jefferson Becker, lançou um aplicativo gratuito com as escalas mais utilizadas em esclerose múltipla e neuromielite óptica, visando a facilitar o diagnóstico de médicos e a atuação de estudantes. O aplicativo pode ser baixado em tablets e telefones celulares que tenham sistema operacional iOS (iPad e iPhone) e Android. O aplicativo calcula, por exemplo, a Escala Expandida do Estado de Incapacidade (na sigla em inglês EDSS ) dos pacientes de forma interativa. Para baixá-lo basta digitar BCTR IMS na Apple Store ou na Play Store.
Assessoria de Comunicação da PUCRS
Nenhum comentário:
Postar um comentário