Depois de curadas 27/09/2012
Hoje é possível criopreservar o gameta feminino, que é fertilizado artificialmente depois.
Criopreservação de tecido ovariano permite também manter as funções fisiológicos ovarianas.
A criopreservação de tecido ovariano é objeto de pesquisa do
Departamento de Ciências Morfológicas da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). A técnica pode beneficiar pacientes oncológicas,
que muitas vezes ficam impossibilitadas de ter filhos por conta dos
efeitos da quimioterapia.
O objetivo do estudo da UFRGS, coordenado pela professora Adriana
Bos-Mikich em parceria com o Centro de Pesquisa e Reprodução Humana Nilo
Frantz, é garantir não só a possibilidade de a mulher ter um filho
biológico, mas também de manter todas as funções ovarianas preservadas
após o tratamento.
— Hoje é possível criopreservar o gameta feminino, que é fertilizado
artificialmente, sendo os embriões resultantes transferidos ao útero da
mulher, que está menopausada — explica Adriana.
A infertilidade após o tratamento quimioterápico é causada porque os
medicamentos acabam afetando células saudáveis, ao mesmo tempo em que
atacam as cancerígenas. A intenção da pesquisadora é permitir que
adolescentes e mulheres jovens mantenham as funções fisiológicos da vida
reprodutiva, com os ciclos ovarianos normais de mentruação,
fertilidade, libido e efeitos na pele e no corpo da mulher de uma
maneira geral por um período prolongado de tempo.
Atualmente, o retransplante de tecido ovariano que teve maior período
de vida nas pacientes foi de sete anos e permitiu o nascimento de oito
bebês sadios e normais de três mulheres previamente tratadas para uma
condição oncológica.
— Nosso objetivo é aumentar esse período de viabilidade do tecido
para até 10 ou 20 anos. Diferentemente do homem, que renova seus
gametas, a mulher já nasce com a reserva ovariana completa, por isso, as
células perdidas durante a quimioterapia, por exemplo, não podem mais
ser renovadas, daí a importância da criopreservação — esclarece a
pesquisadora.
Testes são feitos em bovinos
O primeiro passo da pesquisa foi comparar tecidos criopreservados em
cápsulas de metal com tecidos ovarianos frescos. Na comparação
morfológica, não foi detectada perda de propriedades do tecido
criopreservado.
— O uso de receptáculos metálicos, em vez de plásticos, ainda não
tinha sido testado em outros centros de estudo que pesquisam a técnica,
esse é um dos diferenciais — comenta Adriana.
A pesquisa também se diferencia por ser realizada em grau clínico, ou
seja, de maneira que possa ser utilizada clinicamente tão logo tenha
segurança atestada e autorizada pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa).
O método ainda passará por mais um estágio. O tecido ovariano será
colocado em uma incubadora em uma solução de cultivo por dois dias. Se o
tecido permanecer vivo, será implantado posteriormente em uma vaca.
Antes do implante, o animal passará por uma quimioterapia, simulando os
efeitos do tratamento de câncer. Assim, a pesquisadora poderá verificar
se o ciclo ovular da fêmea voltou ao normal após o reimplante do tecido
que havia sido criopreservado.
Segundo Adriana, a vaca é o animal mais indicado para o teste porque
tem um ciclo muito parecido com o da mulher, o tamanho e a estrutura do
ovário são bem semelhantes ao humano e a vaca é mono-ovulatória.
Essa etapa será feita em parceria com a USP Pirassununga e deve ser realizada até o fim do ano.
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