ESCLEROSE MÚLTIPLA AFETA 2,5 MILHÕES DE PESSOAS NO MUNDO

Quarta-feira, 3 de julho de 2013

Mulheres sofrem mais porque são mais emocionais, diz Gracia.


Quem tem acompanhado o TDelas já sabe que as mulheres estão mais propensas do que os homens a desenvolver doenças autoimunes (aquelas em que o sistema imunológico combate o próprio organismo), como o lúpus e a doença celíaca, que já abordamos aqui. Não se sabe exatamente o porquê de o sexo feminino ter essa predisposição (muitos acreditam na influência dos hormônios, mas nada está comprovado ainda), mas essa é uma realidade que as mulheres têm que enfrentar.

Entre as doenças autoimunes, uma das menos conhecidas também faz muitas vítimas do sexo feminino. De acordo com uma pesquisa produzida recentemente pelo Instituto Ipsos Healthcare, 80% das brasileiras não sabem o que é a Esclerose Múltipla. O pior é que, assim como outras doenças autoimunes, esta também atinge mais o sexo feminino. Para cada homem acometido, há três mulheres com esse diagnóstico, segundo a médica neurologista do Hospital Santa Cruz, Ana Carolina Dalmônico.

Esta doença autoimune de caráter neurológico se caracteriza pela lesão e/ou destruição da bainha de mielina, uma membrana que reveste parte dos neurônios, podendo resultar em danos de outras regiões do corpo. Alguns dos pontos mais atingidos são os membros inferiores e a região dos olhos. A causa é desconhecida, mas existe comprovação de que há predisposição genética e que alguns fatores ambientais podem contribuir, como o tabagismo e a exposição a alguns vírus.
Ressonâncias ajudaram no diagnóstico no caso de Elisa.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a esclerose múltipla afeta cerca de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, estudos indicam a existência de 15 casos para 100 habitantes. E, por mais que esse nome, Esclerose Múltipla, dê a impressão de que se trata de uma doença de gente de mais idade, a maioria dos pacientes está na faixa etária entre os 20 e 40 anos. Este é o caso de Elisa Cássia de Souza Ribeiro, 34 anos, diagnosticada há três anos com Esclerose Múltipla.

“Durante muito tempo, achei que era estresse, pois tinha muita tontura e falta de equilíbrio, até descobrir que era Esclerose. Mas, de qualquer forma, o estresse e a ansiedade têm relação com os sintomas, piorando o quadro, tanto é que estou afastada do trabalho por dois meses por causa disso”, conta a contabilista. Desde 2011, ela faz tratamento com um medicamento injetável e está tentando mudar o ritmo de vida. A doença está controlada, mas isso não impediu que ela tivesse algumas crises, sofrendo com fraqueza nas pernas, incontinência urinária e tontura.

Todos os sintomas que Elisa já sentiu são bem típicos da Esclerose, mas eles variam de acordo com as lesões e as sequelas causadas pelos danos no sistema nervoso, de acordo com o médico neurologista do Hospital Vita, Cleverson de Macedo Gracia. “As principais sequelas se dão na coordenação motora, que é comandado pelo sistema nervoso. Desta forma, alguns dos sintomas mais comuns são paralisia nas pernas, dificuldade para urinar, perda de visão, perda de equilíbrio, dificuldade para engolir e falar”, afirma.

No início, quando foi diagnosticada com a doença, Elisa ficou com medo de que tudo isso acontecesse com ela. “Comecei a ler sobre a Esclerose e fiquei bastante assustada, mas aí entendi que com controle da doença, o sintomas são amenizados, não chegando a este ponto”, comenta. Segundo Gracia, existem três tipos de Esclerose Múltipla (dois com e um sem surto) e que as primeiras crises não deixam graves sequelas. Portanto, quanto mais cedo o diagnóstico for realizado, maiores são as possibilidades de controle.

Segundo o médico, o tipo mais comum é a Esclerose recorrente remissiva (começa com crises, mas depois o quadro fica estável). Os demais são a primária progressiva (não há crises, mas o quadro piora gradualmente) e a secundária progressiva (começa com crises, que param depois, mas o quadro piora gradualmente). O diagnóstico é feito por meio de análise da história clínica e exame físico neurológico do paciente, podendo haver necessidade de exames complementares, como a ressonância magnética. O tratamento é feito com medicamentos específicos para controle do sistema imunológico e das sequelas.

Para Gracia, as mulheres jovens são mais acometidas porque, além dessa característica genética, as doenças autoimunes estão bastante relacionadas a questões emocionais. “As mulheres são mais reativas, mais sensíveis, e é nessa idade que o sistema imunológico está mais forte trabalha em excesso quando há essa predisposição ao desenvolvimento de uma doença autoimune como a Esclerose Múltipla”, explica. Nem mesmo as celebridades escapam desta doença, como a atriz Cláudia Rodrigues (a eterna Marinete, de A Diarista), 41 anos, que voltou aos palcos recentemente, depois de conseguir controlar a Esclerose Múltipla, e também está no ar em Zorra Total.


 Cláudia Rodrigues está com a doença controlada.

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