CÁLCIO NA MEDIDA CERTA

04 de maio de 2013 


Fundamental para evitar a osteoporose, o mineral também pode provocar efeitos colaterais graves se consumido em excesso

Os americanos parecem acreditar que todos os problemas de saúde podem ser resolvidos com uma pílula. Certamente muitos podem, especialmente as doenças infecciosas, que sucumbem aos antibióticos, aos antifúngicos e, cada vez mais, aos antivirais.

Mas os dicionários médicos continuam repletos de doenças que atormentam as pessoas. A maioria desses problemas crônicos é relacionada ao estilo de vida, especialmente com o que comemos e bebemos e o quanto nos movimentamos ou não.

A osteoporose é uma dessas doenças cada vez mais prevalentes e dispendiosas. Apesar de existirem medicamentos para conter a perda de massa óssea e as fraturas debilitantes que muitas vezes ocorrem, eles são caros, difíceis de administrar e, por vezes, têm efeitos colaterais que podem ser piores do que a doença que combatem.

Isso torna a prevenção a melhor alternativa. Os esforços para prevenir doenças ósseas têm se concentrado em comprimidos de suplementação de cálcio – o mineral responsável pela formação de ossos na juventude, que deve ser preservado na vida adulta. Contudo, como ocorre com muitas pílulas antes consideradas inócuas, a segurança e a eficácia dos suplementos de cálcio está em discussão.

Em fevereiro, após analisar mais de 135 estudos, a Força-Tarefa para Serviços Preventivos dos Estados Unidos recomendou que mulheres na pós-menopausa se abstenham de tomar suplementos de cálcio e vitamina D. O grupo alega não haver evidências suficientes de que esses suplementos previnem fraturas em mulheres saudáveis.

Além disso, vários estudos têm relacionado os suplementos de cálcio a um aumento do risco de ataques cardíacos e morte por doença cardiovascular. Outros não chegaram a identificar nenhum efeito trazido pelos comprimidos.

O único fato indiscutível é que a mais segura e provavelmente mais eficaz fonte de cálcio para manter os ossos fortes é a alimentação. Porém, poucos adultos – e uma proporção cada vez menor de crianças e adolescentes – consomem a quantidade suficiente de alimentos lácteos para suprir a demanda por cálcio.

O consumo de leite, por exempolo, sofreu uma queda constante e radical nas últimas quatro décadas nos EUA, sendo em grande parte suplantado pelos refrigerantes açucarados que agora são criticados por contribuírem para a obesidade e diabetes tipo 2. Após os 20 anos de idade, quando a perda óssea começa a superar a formação óssea, homens e mulheres consomem, em média, menos de um copo de leite por dia. Vale o mesmo para os adolescentes, que deveriam estar intensificando a formação óssea a fim de ter uma reserva para a futura perda óssea.

SAIBA MAIS


Suplementos poderiam afetar o coração

A análise de 15 estudos feita por Mark Bolland, da Universidade de Auckland (Nova Zelândia), revelou que, quando ingeridos sem a vitamina D (que aumenta a absorção de cálcio), os suplementos intensificam o risco de ataque cardíaco em cerca de 30%.

No entanto, em dezembro passado, um relatório publicado na Osteoporosis International, uma equipe do Centro de Pesquisa do Câncer Fred Hutchinson (EUA) informou que, entre as 36.282 mulheres em período de pós-menopausa que participaram da Iniciativa da Saúde da Mulher, as que tomaram suplementos de mil miligramas de cálcio e 400 unidades internacionais de vitamina D reduziram o risco de fratura de quadril em 35%. Nenhuma apresentou aumento de risco de ataque cardíaco durante os sete anos de acompanhamento posterior.

Outro estudo, publicado em fevereiro na Jama Internal Medicine, constatou que, entre 388.229 homens e mulheres, inicialmente com idades entre 50 e 71 anos e acompanhados por uma média de 12 anos, o suplemento de cálcio aumentou o risco de morte cardiovascular em 20% dos homens – mas não entre as mulheres. O aumento do risco foi observado apenas entre os fumantes.

Soma-se a esses resultados confusos o fato de que nenhum estudo foi desenvolvido especificamente para avaliar os efeitos dos suplementos de cálcio sobre o risco de um ataque cardíaco ou um acidente vascular cerebral. Isso pode causar anomalias inesperadas em resultados de pesquisas.

Uma possível razão para a associação, segundo os pesquisadores da Jama, é que os suplementos são uma grande pílula de cálcio. Se a ingestão não se dá gradualmente, por meio de fontes alimentares, pode resultar em depósitos de cálcio nas artérias. Na verdade, essa é uma complicação conhecida entre os pacientes com doença renal avançada que tomam suplementos do mineral.

Os pesquisadores concordam que, dado o uso difundido de cálcio suplementar na alimentação, mais estudos são necessários para esclarecer possíveis riscos e benefícios.

Até que essas informações estejam disponíveis, os consumidores devem confiar prioritariamente nas fontes alimentares de cálcio e conservar uma dieta de exercícios de força, de hipertrofia muscular, ou ambos. Caminhadas, corridas, musculação e treinos em aparelhos de resistência física são inquestionavelmente eficientes e seguros.

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