24/09/2012
Doença é responsável pela morte de 12 mil mulheres ao ano.
Um estudo publicado no domingo no site da revista Nature reclassifica
o câncer de mama em quatro classes principais. Dentro da nova
classificação, os pesquisadores encontraram mutações genéticas que podem
aproximar o câncer de mama com outros tipos de câncer, como o de
ovário. O achado revela uma nova maneira de ver o câncer, que pode
passar a ser definido não apenas pelo órgão que ele afeta.
Essas descobertas deverão levar a novos tratamentos com drogas já
aprovadas para os casos de câncer em outras partes do corpo, além de
novos tratamentos mais precisos no combate a anomalias genéticas que
hoje não têm tratamento. O estudo é a primeira análise genética ampla do
câncer de mama, que mata 35 mil mulheres ao ano nos Estados Unidos e
quase 12 mil no Brasil.
— É a indicação do caminho para uma cura do câncer no futuro — disse
Matthew Ellis, da Universidade de Washington, um dos envolvidos na
pesquisa.
A pesquisa é parte de um amplo projeto federal americano, o Atlas do
Genoma do Câncer, destinado a criar mapas de mudanças genéticas em
cânceres comuns. O levantamento sobre o câncer de mama foi baseado numa
análise de tumores em 825 pacientes.
A investigação identificou pelo menos 40 alterações genéticas que
podem ser atacadas por medicamentos. Muitos já foram desenvolvidos para
outros tipos de câncer que têm as mesmas mutações.
— Nós agora temos uma boa perspectiva do que está errado no câncer de
mama — disse Joe Gray, especialista em genética na Universidade de
Ciência e Saúde do Oregon, que não participou do estudo.
A nova classificação divide o câncer de mama nas seguintes classes:
HER2 amplificado, Luminal A, Luminal B e basal. Essa divisão foi feita
com base em dados antes não disponíveis, que identificaram novos
caminhos de atuação do tumor, possibilitando aos pesquisadores novos
alvos para combater a doença.
A maior surpresa do estudo envolveu um tipo de câncer atualmente
conhecido como triplo negativo, mais frequente em mulheres mais jovens,
em negras e em mulheres com genes cancerígenos BRCA1 e BRCA2. Segundo os
pesquisadores, os distúrbios genéticos tornam esse tipo de câncer mais
similar ao do ovário do que outros cânceres de mama. Suas células também
se assemelham às células escamosas do câncer de pulmão.
O estudo dá uma razão biológica para se tentar os tratamentos de
rotina para câncer de ovário neste tipo de câncer de mama. E uma classe
comum de drogas usadas no câncer de mama, das antraciclinas, podem ser
descartadas, já que não ajudaram muito no câncer ovariano.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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