18/09/2013
A Esclerose Múltipla parece ser causada numa região do cérebro
diferente daquela que, ao longo de várias gerações, a comunidade
científica acreditava ser a responsável, dá conta um estudo publicado na
revista “PLOS ONE”, noticia o alert®
Até à data, a maioria da investigação sobre a esclerose múltipla centrou-se na substância branca do cérebro que contém as fibras nervosas. A razão deste foco teve por base o facto de os sintomas da doença, que incluem fraqueza muscular e perda de visão, ocorrerem quando há detioração da mielina, uma substância que cobre as células nervosas que contêm substância branca, e que atua como isolador. Quando a mielina é degradada, aparentemente pelo próprio sistema imunológico, as fibras nervosas ficam expostas e a transmissão dos impulsos nervosos fica interrompida ou é abrandada.
Porém, neste estudo, os investigadores da Escola de Medicina de Nova Jérsia, nos EUA, “atacaram” esta condição de uma forma distinta. Através da utilização da combinação de proteómica e espectrofotometria de massa de alta resolução, analisaram o fluido cefalorraquidiano de pacientes recentemente diagnosticados com Esclerose Múltipla, outros onde a doença já estava estabelecida e ainda em indivíduos sem sinais de doença neurológica.
O estudo apurou que as proteínas encontradas no líquido cefalorraquidiano dos pacientes recentemente diagnosticados com a doença sugeriram que não havia apenas danos na substância branca. A substância cinzenta, que contém axónios, dendritos e sinapses que transferem os sinais entre as células nervosas, também apresentava danos significativos.
Alguns investigadores já tinham de facto colocado a hipótese de a substância cinzenta poder estar envolvida no início da Esclerose Múltipla, contudo não havia tecnologia necessária para testá-la. Segunda a coautora do estudo, Patricia K. Coyle, esta nova abordagem permitiu ter, pela primeira vez, uma evidência física sólida. Foi verificado que nove proteínas associadas à substância cinzenta eram de longe mais abundantes nos pacientes que tinham apenas sofrido o primeiro ataque, comparativamente com aqueles nos quais a doença já se tinha instalado ou com os indivíduos do grupo de controlo.
Estes resultados indicam que a substância cinzenta parece ser um alvo inicial crítico da Esclerose Múltipla. “Temos estado a investigar a área errada”, admitiu a investigadora.
Segundo Patricia K. Coyle, estes resultados apontam para possibilidades bastante interessantes. Uma está relacionada com o facto de se poder testar o líquido cefalorraquidiano de um indivíduo que sofra um ataque possivelmente associado com a Esclerose Múltipla. Caso sejam encontradas as proteínas associadas ao início da doença, o paciente pode assim iniciar a terapia antes de a doença progredir.
Adicionalmente estes achados podem também conduzir a tratamentos mais eficazes para a Esclerose Múltipla e com menos efeitos adversos. Os investigadores explicam que habitualmente os doentes necessitam de tomar medicação que enfraquece o sistema imunitário.
Estes fármacos abrandam a
destruição da mielina no cérebro, mas também degradam a capacidade de o
sistema imunitário se manter saudável. Contudo, com esta nova
descoberta, os autores do estudo acreditam que podem ser desenvolvidos
tratamentos mais específicos contra a doença e que simultaneamente
preservem as funções do sistema imunitário.
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